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Jésus Golçalves

maio 15, 2024

Quando falamos de Jésus Gonçalves, logo nos vem à mente a hanseníase que dilacerou o seu corpo físico impossibilitando uma vida considerada normal. Não lembramos, porém, que o remédio embora amargo aos nossos olhos, pode trazer em gotas homeopáticas um benefício de reparação moral.

Geralmente, somos práticos e não aceitamos as chamadas anormalidades físicas de toda ordem, porque não vislumbramos em nosso passado as existências mal vividas.

Mas Deus permite esse regresso, a fim de que se cumpra a possibilidade de uma renovação interior. Esse roteiro é traçado muito antes do retorno ao corpo físico, porque ninguém retoma sem a preparação criteriosa.

O Mundo Espiritual é um plano organizacional da vida eterna, onde especialistas siderais estabelecem aos espíritos claudicantes o que melhor convém.

Compreendemos hoje que a Terra é um planeta de provas e expiações, sob a lei de causas e efeitos, que explicam com muito saber, o porquê da vida.

Basicamente, a causa está sempre ligada ao passado, enquanto o efeito está ligado ao presente. Assim, dependemos da boa conduta para que possamos cumprir e justificar a jornada com segurança e aprovação.

Sendo assim, não retornamos ao mundo material, jogados à própria sorte. Estamos todos ligados por laços sutis do amor divino, amparados por uma enorme colaboração de companheiros reencarnados e desencarnados, que graças ao amor incondicional nos auxiliam na jornada terrena.

No Capítulo V d’O Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec trata do tema Bem-Aventurados os Aflitos, para que possamos compreender o porquê das causa atuais das nossas aflições.

Nele podemos compreender melhor a luta íntima do nosso Jésus Gonçalves, e parte da sua programação, com vistas à superação.

Se num passado distante ele usou mal o seu livre arbítrio, interessante notar que a divindade não lhe retirou os seus principais atributos: a inteligência prática e o comando firme para solucionar os problemas aparentes do dia a dia.

Todos nós temos conhecimento da sua passagem pela Terra como Alarico I, Alarico II e o Cardeal de Richelieu, onde ele fez uso da força e da opressão.

Mas Deus, que é amor, após o seu desencarne na França como Cardeal de Richelieu, no século XVII, manteve-o na espiritualidade em tratamento, a fim de que ele próprio avaliasse suas chagas morais, retornando-o somente 350 anos depois no Brasil.

Aqui chegando foi um homem comum no serviço pessoal, conforme sua escolha individual, muito embora a vontade psíquica povoasse de quando em quando o seu mundo mental, com revoltas e contundências.

Mas a divina providência concedeu-lhe as ferramentas necessárias para o alívio, despertando nele o interesse pelo vasto mundo das artes, a fim de torná-lo mais suscetível às pessoas, mais conformado com a dor e mais sensível aos gostos criativos, para que a alma trabalhasse numa sintonia de fraternidade, conquistando a simpatia de quantos estavam intrinsicamente ligados a ele.

Jésus Gonçalves nasceu no dia 12 de julho de 1902, em Borebi, desencarnando em 16 de fevereiro de 1947, em Pirapitinga, ambas, cidades interioranas de São Paulo.

Passou por hospitais, teve uma vida simples, clamou a Deus por sua misericórdia, de ateu tornou-se espírita convicto, fundou a Sociedade Espírita Santo Agostinho, trabalhou ardentemente no bem, tocou numa banda de jazz, desenvolveu entre os doentes, atividades restauradoras através das artes, consolou os doentes em suas aflições, aceitou sua dor sem reclamar, contribuiu em sua jornada artística como radialista, jornalista, ator, autor teatral e exímio poeta.

Em março de 1947, já desencarnado, compareceu diante do Chico Xavier em sua residência, relatando o mundo espiritual e sua vida.

Interessante, porém, é que eles nunca se encontraram pessoalmente, apenas trocavam correspondências em razão das dificuldades e da distância. Mas mesmo assim Jésus Gonçalves sempre dizia em suas cartas que assim que pudesse iria visitá-lo em sua casa. E este dia chegou!

Chico não sabia do seu desencarne. Emocionado, recebeu o amigo e com ele este poema que transcrevemos:

 

     “Há séculos, num carro de esplendores,

     Minha vida era a angústia de outras vidas,

     Estraçalhava multidões vencidas,

     Coroado de púrpura e de flores.

     Depois… a morte, os longos amargores…

     Depois ainda… a volta a novas lidas,

     O berço pobre, o manto de feridas,

     A solidão e os prantos redentores.

     Volve do rei antigo um réu que espanta,

     E o Senhor concede uma lepra santa

     Para cobrir-me em chagas benfazejas!

     Mas, hoje, livre, enfim de toda algema

     Posso saudar a dor justa e suprema:

     – Emissária da luz, bendita sejas! …”

 

Gilberto Lepenisck

Gilberto Lepenisck
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