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Equilibra-te e vencerás

junho 6, 2024

“O Reino de Deus está no meio de vós”
(Lucas17:21)

Quando lemos essa emblemática afirmação de Jesus, pensamos imediatamente que o Reino de Deus está dentro de nós, não pensamos na palavra “meio” em seu sentido literal, ou seja, em um local equidistante dos seus extremos.

Mas Emmanuel, em Vinha de Luz (1), no capítulo intitulado Edificação do Reino, ensina o sentido literal dessa mensagem de Jesus, em Lucas, o que nos surpreende ao vermos como o Mestre abrangia dimensões inimagináveis.

Emmanuel nos esclarece sobre o valor de conquistarmos o equilíbrio no pensar e agir, que gera a harmonia, a paz interior, que por sua vez, nos conduz ao reino de Deus.

Veja, leitor, que tesouro:

Nem na alegria excessiva que ensurdece.

Nem na tristeza demasiada que deprime.

Nem na ternura incondicional que prejudica.

Nem na severidade indiscriminada que destrói.

Nem na cegueira afetiva que jamais corrige.

Nem no rigor que resseca.

Nem no absurdo afirmativo que é dogma.

Nem no absurdo negativo que é vaidade.

Nem nas obras sem fé que se reduzem a pedra e pó.

Nem na fé sem obras que é estagnação da alma.

Nem no movimento sem ideal de elevação que é cansaço vazio.

Nem no ideal de elevação em movimento que é ociosidade brilhante.

Nem cabeça excessivamente voltada para o firmamento com inteira despreocupação do valioso trabalho na Terra.

Nem pés definitivamente chumbados ao chão do Planeta com integral esquecimento dos apelos do Céu.

Nem exigência a todo instante.

Nem desculpa sem-fim.


Vejamos algumas reflexões sobre o trecho de Emmanuel.

Ninguém consegue a paz ao entregar-se aos extremos da alegria, pois fica alienado da realidade, ou tão pouco na profunda tristeza, que pode levá-lo ao suicídio. 

Pais que fazem todas as vontades do filho, fechando os olhos para a firmeza educativa, podem alimentar um futuro imaturo irresponsável, porém, se forem muito rígidos podem potencializar uma pessoa de baixa autoestima, sem sucesso na vida. A rigidez cruel do nazismo destruiu muitas vidas. 

Aquele que nega veementemente aquilo que visivelmente o prejudica, como por exemplo um vício, acaba tornando sua vida e dos seres amados um inferno, e até causando o seu próprio desencarne.

Já a pessoa que não arreda o pé de seu posicionamento, que a uma análise mais sensata é absurdo, como o dogma do materialismo, acaba criando uma ilusão perniciosa para si e para os que confiam em seu julgamento. 

Aliás, a diversidade de opiniões enriquece o todo, ficamos mais inteligentes ao descobrir outras perspectivas ao olhar o oposto e descobrir que existe alguma verdade que não iríamos ver com um olhar orgulhoso e que nos enriquece. Essa atitude cria a harmonia, o entendimento entre partes conflituosas e o consequente progresso. As guerras que ainda vemos no mundo são causadas por partes engessadas em seus pensamentos egóicos, destruindo vidas e gerando mais conflitos.

Quantos neste planeta usam a fé alheia para enriquecer, caracterizando os “sepulcros caiados”, distanciando-se do Reino de Deus. Ao passo que quantos sabem tudo sobre religiosidade, mas nada fazem para vencer seu egoísmo, orgulho ou vaidade, fossilizados na mesma maneira de ser por várias reencarnações.

Não podemos ser displicentes, alheios às demandas da vida de encarnados, como trabalhar, estudar, assumir as responsabilidades que nos cabem, mas também, não podemos entregarmo-nos à rigidez de nunca tirar férias, de guardar muito dinheiro, deixar a família passar necessidade ou sofrer com a nossa ausência no lar. Se as crianças pudessem, elas nos diriam que precisam mais de nossa presença do que do dinheiro excessivo que recebemos.

Porque exigir tanto dos outros, julgá-los, esquecendo-se que talvez o outro aguente imperfeições nossas piores, sem nos dizer. Ou porque viver eternamente magoado, revoltado com alguém, porque a pessoa causou isso e aquilo a nós, e, assim, criarmos uma série de justificativas para manter a escravidão à mágoa e à revolta.

Como Emmanuel diz neste mesmo capítulo: O Reino Divino não será concretizado na Terra, através de atitudes extremistas

Nunca estivemos tão extremistas como agora, então, estamos vivenciando o sofrimento gerado pelas perdas materiais e humanas, por doenças, pelos fenômenos naturais frutos de nossa imprudência, a todo instante por toda a parte na Terra para que aprendamos a sermos mais sensatos, mais sábios, mais equilibrados no pensar e agir. O equilíbrio nos ajuda a ter lógica e sentimentos mais nobres, com a compreensão de que precisamos do outro para sobreviver, que sozinhos somos vulneráveis. Afinal, somos todos irmãos, filhos do mesmo Pai.

E a conclusão deste ensaio é a de Emmanuel, na obra aqui analisada:

A edificação do Reino Divino é obra de aprimoramento, de ordem, de esforço e aplicação aos desígnios do Mestre, com bases no trabalho metódico e na harmonia necessária.

Não te prendas excessivamente às dificuldades do dia de ontem, nem te inquietes demasiado pelos prováveis obstáculos de amanhã. 

Vive e age bem no dia de hoje, equilibra-te e vencerás.

Maria Lúcia Garbini Gonçalves

Referências:
(1) XAVIER, Francisco Cândido, pelo espírito Emmanuel. Vinha de Luz. Cap.177

Maria Lúcia Garbini Gonçalves
Maria Lúcia Garbini Gonçalves

Tradutora, mora em Porto Alegre/RS, estudante da Doutrina Espírita, trabalha no Grupo Espírita Francisco Xavier como médium.

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