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O Centro Espírita

setembro 6, 2014

marcos-paterra2Muitos Centros Espíritas surgiram do desenvolvimento de grupos familiares, desligando-se mais tarde da residência em que formara transformando como dizia Vitor Hugo no: “point d’opotique” do movimento doutrinário, ou seja, o seu ponto visual de convergência. Nesses locais é feito um trabalho de amor ao próximo, com sinceridade e intenções elevadas, e que conta com a proteção dos espíritos benevolentes e a própria defesa de suas boas intenções.

O Centro Espírita não surge arbitrariamente, nem por determinação de alguma instituição superior do movimento doutrinário. Ele é sempre o produto espontâneo de uma comunidade espírita que se formou num bairro, numa vila ou numa cidade. Essa comunidade é sempre, extremamente heterogênea, formada por espíritas e simpatizantes da Doutrina, membros de correntes espiritualistas diversas e de religiosos indecisos ou insatisfeitos com as seitas que se filiaram ou que pertencem por tradição familiar.

No desempenho da sua função, o Centro Espírita é, sobretudo, um centro de serviços ao próximo, no plano propriamente humano e no plano espiritual. O ensino evangélico puro, as preces, os passes e o trabalho de doutrinação representam um esforço permanente de esclarecimento e orientação de espíritos sofredores, de suas vítimas humanas que, geralmente, são comparsas necessitados da mesma assistência.

“Depois da primeira hora, aquela do despertamento para realidades do existir, será indispensável vivermos a cooperação enobrecedora, evitando esbarrar com impedimentos do fanatismo ou da contemplação extasiada.” (1)

Dirigentes, auxiliares e frequentadores de um Centro Espírita bem organizado sabem que a obra de Kardec é de cunho científico, filosófico e religioso de estrutura dinâmica, não estática, mas cujo desenvolvimento exige estudos e pesquisas do maior rigor metodológico, realizadas com humanidade, bom-senso, respeito à Doutrina e condições culturais superiores. Opiniões pessoais, palpites de pessoas pretensiosas, livros mediúnicos ou não de conteúdo mistificador, cheios de absurdos ridículos – seja o autor quem for – não têm nenhum valor para um verdadeiro Centro Espírita.

“[…] Não podemos compreender a doutrina Espírita sem estudo continuado e perseverante, como jamais entenderemos espiritistas sem tarefas determinadas no grande movimento de renovação de almas.” […] “A evangelização de crianças e jovens contará com a participação de servidores adestrados na arte de ensinar e transmitir, que buscarão atualizar-se permanentemente, reconhecidos de que a obra de orientação humana exigirá devotamento e circunspecção” (2)

As sessões espíritas de doutrinação e desobsessão provaram sua eficácia desde Kardec até os nossos dias, enquanto as opiniões contrárias não se firmam senão em opiniões pessoais, palpites deduzidos de falsos raciocínios, por falta de real conhecimento desse grave problema.

Os Centros Espíritas bem organizados e bem orientados não se deixam levar por palpites, pois possuem suficiente experiência nesse campo altamente melindroso de suas atividades doutrinárias. Da mesma maneira, os que pretendem que as sessões dos Centros sejam dedicadas apenas às manifestações de Espíritos Superiores, revelam egoísmo e falta de compreensão doutrinária.

Os serviços assistenciais à pobreza, prestados pelos Centros Espíritas, constituem a contribuição espírita para o desenvolvimento de nova mentalidade social em nosso mundo egoísta. Não basta semear ideias fraternais entre os homens, é necessário concretizá-las em atos pessoais e sinceros. O Centro Espírita funciona como um transformador de ideias fraternas em correntes de energias ativas nesse plano.

A autoridade cultural e moral dos dirigentes integrada aos tarefeiros e espíritos protetores propagando as orientações da doutrina, transforma o Centro Espírita em um local privilegiado o qual seus frequentadores encontram além de um local agradável, orientações para suas dúvidas. O Centro que se esquece disso cai fatalmente em situações negativas, adotando práticas antiespíritas e enveredando pelo caminho divergente a Kardec e ao Espírito de Verdade. As consequências são altamente prejudiciais para todo o movimento espírita.

Muitos dirigentes despreparados quando veem os Centros Espíritas o qual dirigem perderem frequentadores e tarefeiros, acreditam estar passando por “ataques das trevas”, porém, não se trata de nenhum problema sobrenatural, mas simplesmente de falta de vigilância, principalmente, contra o orgulho e a vaidade, que levam muitas pessoas a querer parecer mais que outras.

Temos no Brasil o maior, mais ativo movimento espírita do planeta. A expansão do Espiritismo em nossa terra é incessante e prossegue em ritmo acelerado. Mas ocorre infelizmente, em nosso País, é um imenso esforço de igrejificar o Espiritismo, de emparelhá-lo com as religiões, formando, por toda parte, pouquíssimos Centros espíritas e muitos núcleos místicos e, portanto fanáticos, desligados da realidade imediata.

“Se os espíritas soubessem o que é o Centro Espírita, qual é realmente a sua função e a sua significação, o Espiritismo seria hoje o mais importante movimento cultural e espiritual da Terra” (3)

Marcos Paterra

Referências:

1) Guillon Ribeiro – Parte de psicografia do médium Júlio Cezar Grandi, em reunião pública da Casa Espírita Cristã em 19/08/1969 e publicada na revista “REFORMADOR” de DEZ/1976.
2) Guillon Ribeiro – Parte de psicografia do médium Júlio Cezar Grandi, em reunião pública da Casa Espírita Cristã em 19/08/1969 e publicada na revista “REFORMADOR” de DEZ/1976.
3) Trecho retirado da obra “O Centro Espírita” – J. Herculano Pires

Marcos Paterra
Marcos Paterra

Psicopedagogo, articulista, palestrante e membro da Associação Médico Espírita da Paraíba.

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