Considerações Espíritas sobre o Carnaval

Como todos os anos, os festejos do Carnaval começam a se intensificar logo após o Réveillon. Centenas de pessoas aguardam ansiosas por este momento, onde fantasias, blocos, música e dança tomarão conta de vários lugares. Ingredientes cheios de cores, efeitos e diversão irão se misturar no turbilhão de Momo, o “Rei do Carnaval”, gerando quadros fascinantes que contagiam toda a coletividade. Envoltos em sensações de alegria e prazer, muitos cruzam os quatro dias em contínua vigília, buscando não perder cada minuto da folia que se espalha pelas ruas.

Instalada a festa, sua divulgação toma proporções grandiosas. Jornais, televisões e rádios se voltam principalmente para este espetáculo como se fossem um convite aqueles que ainda não se renderam à fascinação dos eventos. E aqueles que não participam nos quatro dias, acabam ganhando uma segunda oportunidade no prolongamento da diversão no final de semana seguinte.

O Espiritismo não é contra o Carnaval, mas também não incentiva. Apenas orienta e alerta.

Enquanto no plano carnal somente vislumbramos a beleza e o encantamento dos eventos carnavalescos, multidões de espíritos atraídos pela sintonia voltada aos excessos, às paixões, à sexualidade e a outras mazelas, vagueiam em nossa volta, inspirando, negativamente, os desavisados.

Se, no Natal as luzes da cidade e os sentimentos de solidariedade envolvem todos em uma psicosfera de harmonia e paz, já no Carnaval, a psicosfera assume valores inversos. Desordenada pelos excessos e prazeres que envolvem as ligações mentais da coletividade física, fios invisíveis conectam pensamentos afins com planos espirituais obscurecidos pelos mesmos valores materiais.

Intuídos por influências degradantes, muitos se colocam em situações onde irão contrair, em apenas alguns dias, débitos que poderão levar encarnações para serem resgatados:

– Malfeitores providenciam furtos em meio à multidão; jovens são abandonadas nas fileiras das maternidades sem apoio daqueles que geraram o filho; abortos são cometidos; muitos descobrem as drogas; vinganças são levadas a efeito, aproveitando-se da euforia geral; homicídios são cometidos nos momentos de insanidade… E a lista é grande.

No entanto, em meio às escuras vibrações, pontos de luz e de apoio à espiritualidade necessitada, surgem em vários lugares. Jovens e adultos das mais variadas religiões aproveitam o momento para se confraternizarem em seus centros, templos ou igrejas. Instituições religiosas mantêm-se abertas e com atividades voltadas ao público. Importantes conexões mentais como estas recebem o amparo da sublime espiritualidade, contribuindo para manter o equilíbrio da psicosfera reinante.

Se hoje o Carnaval assume uma presença marcante nos movimentos sociais, amanhã poderá não ter o mesmo destaque. Expressões de origem cultural fazem parte do nosso estágio evolutivo moral e devem ocupar o lugar a que fazem jus no contexto da sociedade. Com o progresso intelecto-moral, valores observados em uma época passam a não ter importância em períodos seguintes. Se ontem e ainda hoje valorizamos festividades de cunho exclusivamente carnal, possivelmente não o faremos no futuro quando estivermos menos apegados à vida material.

Márcio Martins da Silva Costa

Referências:

EMMANUEL. Enfoque Espírita sobre o Carnaval (Encartado na Revista Internacional de Espiritismo, em janeiro de 2001 – pág. 565 e 566 – Editora “O Clarim”).
Momento Espírita, Redação da Equipe do. Carnaval: o outro lado da festa. Baseado nos capítulos 6 e 23 do livro “Nas Fronteiras da Loucura”, ed. Leal.
Sobrinho, Geraldo Campetti. Carnaval: Uma Festa Espiritual. Federação Espírita Brasileira, 2013.
Kardec, Allan. A Gênese. Federação Espírita Brasileira, 1939.

Imagem em destaque:
Disponível em < http://www.gettyimages.com/detail/photo/mardi-gras-background-royalty-free-image/120003119>. Acesso em: 13FEV2015;