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A prece das três árvores

julho 5, 2015

marcio_costa_150x150No livro Cartas e Crônicas, psicografado por Chico Xavier, o Irmão X nos conta a lenda de três árvores de um bosque da Ásia Menor que fizeram uma prece ao Senhor, pedindo destinos gloriosos e diferentes.

A primeira pediu que fosse empregada no trono do mais alto soberano da Terra. Após ouvi-la, a segunda pediu que fosse utilizada na construção do carro que transportaria todos os tesouros desse poderoso rei. A terceira, por sua vez, pediu que se transformasse em uma torre, colocada nos domínios deste rei, que indicasse o caminho do Céu.

Após as preces serem formuladas, um Mensageiro Angélico desceu à mata e disse para as árvores que as solicitações foram recebidas e seriam atendidas pelo Senhor.

Muito tempo depois, lenhadores adentraram pela floresta e cortaram as três árvores, reduzindo-as a troncos. Sob o olhar triste das demais plantas vizinhas, elas foram arrastadas sem nenhuma compaixão daqueles homens. E, mesmo com seus galhos decepados, mantiveram a crença na promessa do Senhor e se deixaram conduzir com paciência e humildade.

No entanto, decorrida longa viagem, uma aflitiva surpresa tomou conta delas!

A primeira caiu sob o poder de um criador de animais, que não tardou a lhe transformar em um grande cocho para servir o alimento. A segunda foi parar nas mãos de um praiano que construía barcos por encomenda. E a terceira foi colocada a uma cela de malfeitores para ser usada em um momento oportuno.

Mesmo separadas e sofrendo os males dos seus destinos, continuaram confiantes na Divina promessa.

Anos mais tarde, quando as demais plantas já tinham perdido a fé no valor da oração, elas receberam a notícia de que as três árvores haviam obtido a concessão de suas preces.

A primeira delas foi forrada com singelos panos, recebendo Jesus das mãos de Maria de Nazaré, tornando-se o berço do Dirigente Mais Alto do Mundo. A segunda, trabalhando com pescadores, tornou-se uma barca valente e forte e serviu a Jesus como veículo para transmitir sobre as águas os mais belos ensinamentos. E a terceira, foi rapidamente convertida em uma cruz em Jerusalém e seguira com Ele para o monte. Naquele lugar, ereta e valorosa, guardara-Lhe o coração torturado, mas repleto de amor no extremo sacrifício, indicando o caminho do Reino Celestial.

                                                                                         *     *     *

Uma pequena estória e tantos ensinamentos.

A prece é um ato de adoração a Deus e pode ter a finalidade de louvar, agradecer ou pedir. Fazer uma prece sincera, com os lábios do coração, permite que nos aproximemos do Divino Criador e entremos em contato com Ele. No exemplo desta lenda, as três árvores oraram de forma sincera a Deus. Para isso, pensaram, aproximaram-se e se colocaram em comunicação com o Criador.

Tendo em vista a forma como foram entoadas e a coerência dos pedidos diante dos desígnios da Providência Divina, as orações foram bem aceitas por Deus. E Este não tardou em enviar um Mensageiro Angélico para avisar às árvores de que elas seriam atendidas. O mesmo também pode acontecer conosco. Algumas de nossas preces às vezes parecem ser lançadas em um vazio sem resposta. Outras vezes, contudo, enchem-nos de júbilo e alegria como se pudéssemos ter a certeza de que serão atendidas. Esta sensação pode ser uma inspiração de nossos Espíritos Protetores ou de bons espíritos que, enviados por Deus, aproximam-se de nós para nos assistir, quando nossas orações são dignificantes.

A prece não precisa ser realizada com a voz em tom alto ou baixo; não necessita ter palavras muito elaboradas ou complexas; não carece de frases condicionadas repetidas indefinidamente; ela só precisa usar a voz do coração. E isto certamente foi feito pelas árvores.

Tempos depois, ao contrário do que se esperava, as árvores aparentaram seguir um destino diferente daquele prometido pelo Senhor. Em vez do suposto atendimento dos seus pedidos, tomaram rumos diferentes que os levaram ao sofrimento. Isto nos remonta a reflexão de que muitas das vezes não conseguimos entender os desígnios da Providência Divina. Como espíritos ainda imperfeitos, somos “crianças” diante da sublime espiritualidade e não percebemos as necessidades dos ensinamentos que nos são postos a prova todos os dias. Em verdade, eles nada mais são do que degraus que nos ajudarão a entender e receber mais adiante as bênçãos das quais seremos merecedores.

Neste sentido, bons cristãos entendem que a misericórdia Divina não falha. A paciência e a humildade são fundamentais para que possamos continuar a progredir. No momento adequado de nossa caminhada evolutiva, Deus nos concederá o atendimento daqueles pedidos que estiverem coerentes com os Seus desígnios.

Sempre que possível, elevemos nossos pensamentos em prece a Deus. Principalmente para agradecer e louvar. Agradecer por cada momento em que aqui estamos neste planeta-escola. Tantos espíritos desejam encarnar para ter a oportunidade de elevação na prática da caridade e nós já estamos aqui com nossos respectivos talentos para exercê-la.

Se nossas preces tomarem o caminho do pedir, que peçamos pelos necessitados, pelos que caem no lodo moral, pelos que erram e praticam o mal. Nossa intenção no bem atrairá amigos de luz que nos beneficiarão com suas vibrações harmoniosas. Não importa o quanto devemos e precisamos orar. A extensão do tempo e de cada frase não é relevante. O importante é que nossos planos mentais sintetizem um único pensamento que se resuma no bem, na caridade e no amor.

Márcio Martins da Silva Costa.

Referências:
Livro dos Espíritos, Cap. II – Da lei de adoração – A prece. Perguntas de número 658 a 666.

Nota do editor:
Imagem em destaque disponível em <http://www.aleteia.org/pt/estilo-de-vida/artigo/para-crescer-na-fe-as-tres-arvores-5787503600599040>. Acesso em: 03JUL2015.

Márcio Costa
Márcio Costa

Membro do Conselho Editorial da Agenda Espírita Brasil, atua na divulgação da Doutrina Espírita escrevendo textos e realizando palestras.

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