ciência

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Refletindo sobre alguns fatos e questões contemporâneos

outubro 5, 2015

jorge-hessenNa esteira da História, não há a menor dúvida de que o Século XX engendrou os pilotis de sustentação da pesquisa científica, ainda que ao jugo de uma radical estrutura eclesiástica, que se viu obrigada a se adequar aos tempos modernos, pois a Ciência deveria cumprir-se nos santuários da Natureza, para produzir um Mundo melhor e ampliar a compreensão do próprio ser humano.

Porém, essa mesma ciência subjugou o cientista de maneira a deixá-lo à mercê de sua própria impotência. Além do que, os ilustres “cérebros” do mundo – desde 1945, foram proscritos dos países pobres para os ricos em face de problemas de ordem econômica.

As Ciências alcançaram notável desenvolvimento, verdadeiramente espantosos, assim que houve a associação entre a investigação científica e o desenvolvimento tecnológico.

A Genética foi sendo pesquisada até que se chegou à unidade básica, o DNA, que esclarece como é transmitida ou modificada a hereditariedade. No desenvolvimento prático dessa grande descoberta, os biólogos decifram o genoma humano, patrimônio genético de cada indivíduo. Surge, então, a Engenharia Genética, possibilitando a clonagem. Daí, pergunta-se: até que ponto podemos manipular a vida, ou mesmo criá-la?

A medicina, inegavelmente, foi extremamente beneficiada pelas ciências físico-químico-biológicas: os transplantes de órgãos; a penicilina; a vacina contra a poliomielite. No entanto, o que dizer da Aids, do Câncer, e de tantas outras doenças ainda incuráveis? A Física comparece com as descobertas revolucionárias de Albert Einstein, com a teoria da relatividade, que estimulou o desenvolvimento de complexas teorias matemáticas, e de Max Planck, com a mecânica quântica, que, entre 1924 e 1927 dá um golpe mortal na Física Newtoniana. A manipulação dessas energias acabou por produzir o lixo atômico. Por outro lado, quais os danos possíveis ao meio ambiente e, consequentemente à Humanidade?

O conceito de antimatéria passa a ser manipulado pelos especialistas desde 1928. Nesse rumo, a simples terminologia implicava uma recusa deliberada a deixar que o progresso do cálculo teórico fosse desviado por qualquer ideia preconcebida da realidade. A matéria foi destrinçada até as doze subdivisões do átomo, tendo o neutrino como uma das mais impressionantes subpartículas dos elementos que se agitam na intimidade do átomo. A conceituação do verbete “matéria” torna-se desafiadora, quando se define o neutrino como “algo” que não tem massa, não tem campo elétrico, não tem campo de magnetismo, mas é matéria!!! Sobre isso, perguntaram a Einstein: “O que é matéria?” Ele, então, respondeu: “Matéria é energia condensada; energia é matéria desagregada; e o homem é um conjunto de elétrons regido pela consciência”.

Poderiam os físicos conviver com a permanente contradição? Niels Bohr arrosta o desafio e expressa que não havia como traduzir a totalidade da matéria numa descrição monoide, até mesmo, em face de um grave complicador chamado “linguagem humana”.

No debate sobre o tema não se podia ignorar o conflito gerado entre Ciência e Religião, até porque, o próprio Vaticano se viu forçado a se comunicar via satélite; pastores evangélicos se assenhorearam de poderosos veículos de comunicação (televisão, jornal, revista, INTERNET, etc.) e várias outras seitas e doutrinas estruturadas se locupletam à saciedade com as conquistas técnico-científicas.

Hobsbawm (1) atesta que o Século XX desfechou em bases de problemas desafiadores, por ausência de perspectiva de sistema ou estrutura internacional. O século XX se consubstanciara de guerras mundiais, quentes ou frias, feitas por grandes potências e seus aliados, em cenários de destruição em massa, cada vez mais apocalípticos.

O século XX acabou numa desordem global cuja natureza não estava clara e sem um mecanismo óbvio para acabar com ela, ou mantê-la sob controle.

Foi um período de guerras religiosas, embora seus líderes militantes bebessem nas ideologias do socialismo e nacionalismo, cujos equivalentes divinos eram abstrações de políticos venerados como divindades.

Outra questão levantada por Hobsbawm é sobre dois cruciais problemas a saber: demografia e ecologia. Sobre esses problemas, uma coisa é certa: quaisquer empreendimentos devem ser reduzidos ao “sustentável”, uma vez que, desconsiderando essa realidade, pode remeter a um desequilíbrio incontornável entre a humanidade. Os recursos “renováveis” que se consome e o impacto sobre o meio ambiente não podem ser relegados a questões de somenos importância, principalmente, levando-se em consideração a utilização da água potável, que, segundo alguns teóricos, pode ser o referencial mais explícito de confronto bélico planetário.

Hoje, investem-se vultosos recursos financeiros em projetos de investigação das causas prováveis das angústias humanas. Em função disso, surgem vários laboratórios que pesquisam sobre inúmeras patologias.

Não desconhecemos, nessa conjuntura, a rejeição que sofrem os excluídos sociais, posto que a ganância pelo dinheiro atinge patamares surrealistas. Estarrece-nos a voracidade na busca do sexo, onde são remetidos os atormentados nos pântanos da indigência moral. Atualmente, as pessoas hesitam em sair nas ruas, face aos assaltos e sequestros relâmpagos que têm ocorrido a todo momento. São momentos de inquietudes e desarranjo emocional, onde só no Brasil existem entre 15 a 30 milhões de pessoas com transtornos mentais, com neuroses e índices acentuados de demência; com epilepsia e psicoses várias.

Nessas angústias, a depressão tem preocupado os especialistas, que estimam que, em cada grupo de 100 pessoas, 15 têm a probabilidade de desenvolvê-la.

Ainda amargamos os contrastes de uma suprema tecnologia no campo da informática, das viagens espaciais, dos supersônicos, dos raios laser, ao tempo que ainda temos que conviver com todos os tipos de drogas inventados (cocaína, heroína, ecstasy, a crack).

Como vimos, o desenvolvimento científico e tecnológico não somente traz benefícios à Humanidade, mas, também, produz efeitos negativos para o Mundo, podendo chegar, inclusive, à destruição do Planeta: da bomba atômica, aos mísseis de ogiva nuclear; das armas químicas e biológicas, às bombas de fragmentação. Assim como modifica a Natureza, promove a angústia existencial.

Nesse panorama a mensagem do Cristo é o grande edifício da redenção social, que haverá de penetrar em todas as consciências humanas, como um dia penetrou nas consciências de Vicente de Paulo, da irmã Dulce, de Chico de Assis, da Teresa de Calcutá, de Chico Xavier e de Mahatma Gandhi.

Urge, portanto, que a Humanidade, na falta de um sentido para a vida, experimente o Evangelho nos múltiplos setores da sociedade, até porque, o Espiritismo preceitua que temos uma fatalidade biológica, porém, a forma de nos comportarmos dentro dos limites de nascimento e desencarnação é da nossa livre escolha e podemos alcançar a sublimação com o ato de querer, movidos pela fé raciocinada.

Jorge Hessen

Referência Bibliográfica:
1. Hobsbawm, Eric John. “A Era dos Extremos”: O Breve Século XX: 1914-1991. São Paulo: Companhia das Letras, 1995

Nota do Editor:
Imagem em destaque disponível em <http://blog.comshalom.org/carmadelio/wp-content/uploads/sites/2/2015/02/ciencia.jpg>. Acesso em 05OUT2015.

Jorge Hessen
Jorge Hessen

Servidor Publico Federal, residente em Brasília, palestrante,
escritor, articulista em diversos jornais e sites, com textos publicados na Revista Reformador da FEB, O Espírita de Brasília, O Imortal, Revista Internacional do Espiritismo, entre outros e além de Conselheiro da Revista Eletrônica O Consolador.

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