
A Chacina de Orlando – EUA – Um comentário
Uma vez mais somos duramente surpreendidos com mais uma chacina perpetrada por um ser humano aos seus iguais.
Desconhecemos, embora pré-julguemos, os reais motivos que levaram aquele irmão nosso a tão insano ato, mas, tendo em vista a conjuntura social planetária e as primeiras informações que foram divulgadas, não estaríamos errados se concluíssemos que se trata de intolerância.
Se as Leis Humanas já preconizam a igualdade de direitos, as Leis Naturais – ou Lei Divina – muito antes já o fazem, como se pode confirmar pelos ensinos dos Espíritos Superiores nas respostas dadas a Allan Kardec, o emérito codificador da Doutrina Espírita:
Da necessidade que o homem tem de viver em sociedade, nascem-lhe obrigações especiais?
“Sim, e a primeira de todas é a de respeitar os direitos de seus semelhantes. Aquele que respeitar esses direitos procedera sempre com justiça. No vosso mundo, porque a maioria dos homens não pratica a lei de justiça, cada um usa de represálias. Essa a causa da perturbação e da confusão em que vivem as sociedades humanas. A vida social outorga direitos e impõe deveres recíprocos.”(1)
Assim como desejamos ter nossos direitos respeitados e preservados, o mínimo senso de justiça nos indica que deveríamos proceder da mesma forma com nossos semelhantes, conforme nos esclarecem os Benfeitores Espirituais:
Tem o homem direito de pôr embaraços à liberdade de consciência?
“Falece-lhe tanto esse direito, quanto com referencia a liberdade de pensar, por isso que só a Deus cabe o de julgar a consciência.
Assim como os homens, pelas suas leis, regulam as relações de homem para homem, Deus, pelas Leis da Natureza, regula as relações entre Ele e o homem.” (2)
A imposição de nosso modo de pensar resulta em entraves à consciência alheia, e demonstra todo nosso atraso moral:
Que é o que resulta dos embaraços que se oponham à liberdade de consciência?
“Constranger os homens a procederem em desacordo com o seu modo de pensar, fazê-los hipócritas. A liberdade de consciência é um dos caracteres da verdadeira civilização e do progresso.” (3)
A imaturidade comportamental que demonstramos, seres humanos que somos, é fruto de nossa ignorância espiritual.
Poder-se-á alegar insanidade mental, extremismo religioso, orgulho ferido, ou qualquer outra afecção, mas tudo tem início no espírito imortal que somos, que teimosamente se prende a valores desenvolvidos a partir de nós mesmos, ou impostos por terceiros com nossa anuência. Tomamos a verdade real pela nossa verdade pessoal.
Nesse conjunto de culturas e costumes somam-se os espíritos desencarnados que pululam em torno dos encarnados, em simbiose decorrente da afinidade dos valores morais, somando forças e conduzindo os encarnados incautos aos desatinos mais nefandos.
Mais dia, menos dia, haveremos de nos cansar de sofrer e fazer sofrer. Impelidos pela Lei de Progresso, que é Lei Natural, haveremos de ouvir, no íntimo de nossas almas, a orientação sublime deixada por Nosso Senhor Jesus Cristo, quando diz “faça ao teu próximo o que gostaria que este te fizesse”.
Ouvindo o Senhor Jesus, e estudando Sua mensagem, haveremos de compreender que só o amor ao semelhante poderá nos fazer entender e aceitar as diferenças entre os Seres Humanos. Aí então haverá paz, a tão sonhada e buscada paz.
No Evangelho do Senhor Jesus encontramos, também, a lógica das revelações espirituais progressivas, decorrentes da nossa ignorância e dificuldade de aprendizado, acabando por encontrar a Terceira Revelação, a Doutrina Espírita, que representa o Consolador prometido por Ele, Jesus (4).
Por sua vez, O Consolador prometido tem, dentre suas funções, uma primordial:
- De que maneira pode o Espiritismo contribuir para o progresso?
“Destruindo o materialismo, que e uma das chagas da sociedade, ele faz que os homens compreendam onde se encontram seus verdadeiros interesses. Deixando a vida futura de estar velada pela duvida, o homem percebera melhor que, por meio do presente, lhe é dado preparar o seu futuro. Abolindo os prejuízos de seitas, castas e cores, ensina aos homens a grande solidariedade que os ha de unir como irmãos.”
Aquele nosso irmão, como todas as suas vítimas, é digno, e necessitado, de todas as nossas preces, sejam quais forem seus motivos particulares, não só porque é um espírito adoentado, mas porque colherá o resultado do que plantou, e por isso muito deverá sofrer.
Mas assim também é conosco, porque a Lei é para todos, e como o sofrimento, quando nos atinge, nos leva também a solicitar socorro e preces, convém que façamos a ele, o que gostaríamos que se nos fizessem.
Pensemos nisso.
Antônio Carlos Navarro
Referências:
(1) O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, item 877;
(2) O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, item 836;
(3) O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, item 837;
(4) João 14:26;
Nota do Autor:
Todos os grifos são nossos.
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