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Elegia do Natal

julho 19, 2016

Antes d’Ele tudo eram sombras de ignorância, de astúcia e de perversidade.

O ser humano encontrava-se reduzido à condição de hilota, estorcegando em sofrimentos inimagináveis.

O predomínio da força trabalhava em favor da hediondez e do crime, enquanto os valores éticos permaneciam desconhecidos, e quando identificados, alguns, eram totalmente desrespeitados.

Nunca faltaram, porém, no planeta terrestre, as presenças dos Espíritos nobres que desceram às escuras paisagens para acender a luz do discernimento e oferecer as diretrizes da justiça.

Orgulhosos, aqueles que foram seus contemporâneos, fizeram-se surdos e cegos às suas mensagens., permanecendo iludidos pela prepotência, preferindo esmagar os povos que encontravam pela frente, sem qualquer sentimento de humanidade ou de compaixão…

Os carros da guerra espalhavam o horror, enquanto a fome e a hediondez campeavam à solta, esmagando vidas que não dispunham de oportunidade de desenvolver-se.

A juventude louçã e as arbitrárias condições em que alguns indivíduos se encontravam, deles faziam títeres e condutores insanos das massas quase asselvajadas.

É certo que floresceram também a filosofia, as artes, o espiritualismo e as musas desceram várias vezes do Olimpo de cada povo, cantando a beleza, a sabedoria, a bondade, e vez que outra, o amor…

Generalizada a opressão, a sociedade podia ser dividida em apenas três grupos: vencidos, vencedores e não conquistados…

As condições de primarismo então vigentes, tornavam a existência humana de breve curso, durante o qual se deveria fruir de todos os prazeres imagináveis, custassem todo e qualquer sacrifício exigido.

Honra e dignidade valiam o preço da vergonha.

Havia, sim, exceções, que constituíam oásis morais de esperança, no imenso deserto dos sentimentos.

As gerações sucediam-se enganadas e enganadoras, como contínuas camadas de areia sopradas pelos ventos ardentes dos tempos de desespero.

Foi nesse cenário moral torpe, embora a magia encantadora da Natureza, que Jesus nasceu.

A Sua chegada à Terra, precedida pelos cânticos sinfônicos dos seres angélicos e dos mensageiros da paz, criou uma psicosfera até então desconhecida, iniciando-se um período especial para a sociedade.

Espontâneo como as aragens perfumadas do amanhecer, Ele chegou suavemente e se instalou nos corações.

Nobre como uma labareda crepitante, Ele deu início ao incêndio que faria arder as construções do mal.

Gentil como o sorriso das flores, derramou claridades diamantinas, vencendo a escuridão vigente.

Bom como um favo de mel., adoçou as vidas que defrontou pelos caminhos, que passaram a cultivar a bondade e o amor em Sua Memória.

Terno como a esperança, enriqueceu de alegria todos aqueles que se Lhe acercaram.

O Seu Natal é o poema de alegria que vem dos Céus na direção da Terra atormentada, tornando-se um hino de perene beleza, que se sobrepõe à algazarra da zombaria e à balbúrdia do sofrimento…

Ninguém, que jamais se Lhe equipare, na forma como veio e na maneira como permaneceu no meio da estúrdia e perturbada multidão.

A música dos seres celestes na Sua noite, assinalou com insuperável sonoridade o planeta.

É verdade que, depois d’Ele, ainda permaneceram idênticas paisagens morais no mundo…

A diferença, porém, consiste no conhecimento que Ele propiciou para que todos aqueles que desejem vida, tenham-na em abundância.

Alargou as fronteiras da vida para além da morte e fez-se ponte para vencer o aparente abismo existente, facultando a conquista da plenitude.

O Natal de Jesus, é, desse modo, o momento culminante dos esponsais do ser humano com a Consciência Cósmica.

A partir dessa ocasião sublime, a criatura humana passou a dispor dos equipamentos e recursos específicos para a aquisição da felicidade, em qualquer situação em que se encontre.

Já não lhe devem importar em demasia as coisas, a aparência, os apetrechos que ficam ao lado da disjunção cadavérica, mas os tesouros inapreciados, que são os sentimentos edificantes, os pensamentos ditosos, as ações amorosas.

Neste Natal, canta uma elegia de amor a Jesus, celebrando-Lhe o aniversário com a tua transformação moral para melhor, mantendo a tua aliança com Ele e levando-O em forma de bondade e de misericórdia a todos aqueles que cambaleiam nas sombras da dor, da revolta e do esquecimento social…

Comemora, pois, o teu Natal, de forma diferente, recordando-te da singela manjedoura que se transformou com Ele em um palácio sideral.

Joanna de Ângelis
Página psicografada pelo médium Divaldo P. Franco,
na sessão mediúnica da noite de 15 de setembro de 2008, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia.

Francisco Rebouças
Francisco Rebouças

Pós-Graduado em Administração de Recursos Humanos, Professor, Escritor, Articulista de diversos veículos de divulgação espírita no Brasil, Expositor Espírita, criador do programa: "O Espiritismo Ensina".

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