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Na enfermaria pediátrica

janeiro 27, 2017

Já era madrugada de uma noite fria na enfermaria pediátrica. O silêncio da meia luz era angustiante, mas de vez em quando era quebrado pelos passos discretos das enfermeiras que cruzavam os corredores lotados, levando medicações para os leitos. Do corredor também se ouviam os monitores cardíacos da UTI com seus bips insistentes, onde muitos bebês eram acompanhados pelo sono acordado de suas fatigadas mães. Algumas delas dormiam sentadas em cadeiras frias, debruçando a cabeça e os braços nos leitos onde seus filhos encenavam breves momentos de repouso.

Em certa hora, dois enfermeiros trouxeram para uma área ainda vazia do corredor outra maca com uma criança acompanhada dos pais. A jovem parecia estar em sedação pós-operatória e não devia contar mais de cinco anos. A mãe chorava tocando os cabelos da menina, ao tempo em que o pai, sério, mantinha a mão ao ombro da cônjuge. Em seguida, um dos enfermeiros trouxe uma daquelas cadeiras frias e entregou à mãe, enquanto que o pai foi convidado a acompanhar a equipe para a sala de espera. Só um poderia ficar com a criança.

Mas na perspectiva do plano espiritual, o cenário apresentava outros fatos marcantes.

Nas telas mentais do pai havia um notório desconforto pela situação em que estava. Não podia crer que a sua filha saudável precisasse daquela cirurgia iminente. Sentia-se frágil por nada poder fazer e sensibilizado pela dor de ver a pequena ao leito. Mas diante do diagnóstico dos médicos que indicava uma breve recuperação, já voltava a maior parte de seus pensamentos para as responsabilidades do trabalho no dia seguinte.

Por outro lado, a mãe somente pensava na filha, como se a acolhesse em seus braços em suas imagens mentais. Em seu íntimo, entoava vibrações de amor intenso pela menina que se encontrava em sono profundo. Lembrava-se de sua alegria e não se continha em vê-la recuperada o mais rápido possível.

Muito confiante na Providência Divina, enxugava o choro dos olhos com uma mão, enquanto acarinhava a filha com a outra. Sem dar conta de suas ações, suas preces maternais sinceras, emanadas do fundo da alma, geravam uma luz clara e intensa que se radiava como um bálsamo sobre o corpo físico da menina.

Ainda no corredor, mas ao longe, uma entidade sombria havia se encostado à parede e observava atenta a criança no leito. Parecia querer obsediá-la de alguma forma. Queria acompanhar de perto os desdobramentos dos fatos. Contudo, não conseguia se aproximar dela.

No entorno da jovem, conectadas àquelas emanações sinceras de amor, três entidades de sublime luz acolhiam a mãe e administravam passes magnéticos na criança. Suas presenças criavam um círculo magnético em torno leito como se formassem um grande muro de proteção.

Diante daquele cenário, percebendo que nada poderia fazer diante daquele círculo de luz, aquela entidade entenebrecida voltou os olhos para baixo, deu as costas e foi embora pelos corredores.

Com um sono suave e bem acolhida, a menina iniciou o seu processo de recuperação.

*     *     *

Encerrados no limite de nossas percepções físicas, não temos ainda a noção exata do poder de alcance de nossas preces. (1)

Quando as ações de nossa usina mental entram em conexão com as agregações celulares de nosso corpo físico, estas se articulam e geram em uma espécie de túnica eletromagnética a qual emitem radiações específicas, conforme a grandeza maior ou menor de nossos pensamentos. Em outras palavras, algumas pessoas podem emitir uma sublime luz a qual reflete a beleza de seus quadros mentais. Outras parecem levar no seu entorno uma densa e entenebrecida atmosfera resultante de sua insistência nas paixões materiais, tais como a inveja e o orgulho. (2)

Uma prece sincera e ardente, sustentada nas bases do amor e da caridade, estampa em nossa túnica um convite à sublime espiritualidade para se aproximar de quem ora. (1) Nesta sintonia de amor e luz, não há como não se sentir acolhido; não há como não sentir a capacidade de acolher alguém, mesmo de longe; e não há como não se sentir mais próximo a Deus.

Márcio Martins da Silva Costa

Referências:
(1) Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, questões 659, 660 e 662.
(2) Luiz, André (Espírito). Evolução em Dois Mundos, pela psicografia de Francisco Cândido Xavier, Cap 17.

Nota do editor:
Imagem ilustrativa e em destaque disponível em <http://www.destaknewsbrasil.com.br/2013/07/pronto-socorro-do-joao-xxiii-em-bh-tem.html>. Acesso em: 27JAN2017.

Márcio Costa
Márcio Costa

Membro do Conselho Editorial da Agenda Espírita Brasil e colaborador do Centro Espírita Seara de Luz, em São José dos Campos - SP, atua na divulgação da Doutrina Espírita escrevendo textos e realizando palestras.

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