Ela virá – você estará pronto?

Vania Mugnato de Vasconcelos
26/04/2017
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Não. Não perdi meus pais, meu marido, nem meu filho ou irmãs. Perdi outras pessoas que amava, mas não tão próximas quanto esses. Mesmo não tendo sido, ainda, visitada pela morte, não sou indiferente à dor que ela causa.

Deus ensina por muitos modos. Já sonhei que meu filho morria escapando de minhas mãos, levado por uma enxurrada. Acordei com dor no meu peito, dor física, não conseguia dormir direito, tive medo. Digo isso para afirmar que posso intuir o sofrimento que ela traz às vidas que ficam após sua ceifa.

Sei por observação, por empatia, pela lógica, que machuca. Sei que há pessoas que lidam melhor e outras de modo mais negativo com a mesma espécie de experiência chamada morte.

O Espiritismo, com seus esclarecimentos a respeito da imortalidade, da reencarnação e da perenidade do amor que faz com que jamais nos percamos uns dos outros, ensina a primeira forma de vivê-la.

Todos sabemos que a morte chegará e temos que aprender a viver o hoje como fosse o dia mais importante e o ponto de despedida – sempre assim. Todos sabemos que para morrer basta estar vivo.

Fato, todos temos planos. Planos que não envolvem a morte. Mas quantas pessoas consolamos ou por elas choramos ao verificar que sofrem? Quantas pessoas pensamos “deviam saber, sofreriam menos se tivessem se preparado”?

Tudo isso não nos impede de saber que os planos podem não acontecer. Choraremos e certamente sofreremos, imperfeitos que somos. Talvez questionemos a Deus nos Seus motivos de ter levado alguém que amamos tão cedo. Perguntaremos “porquê?” e “o que devemos aprender?”.

Porém, para evitar ampliar a dificuldade que nos é dar adeus, tentemos estar prontos todo dia. Procuremos não dormir “de mal”. Procuremos dizer “te amo” sempre. Procuremos andar de mãos dadas, falar que as pessoas são importantes, que as admiramos. Pois cada momento pode ser a última oportunidade.

E, sobretudo, procuremos não esquecer que não existe nenhum sentido em tudo que vivemos, se a morte vier apenas como o carrasco cruel que separa os que se amam. É melhor pensar na lógica de uma vida que educa para a eternidade, não premiando antes da hora aquele que ainda não se formou em todas as virtudes.

Deus é bom, portanto, não pode ter colocado a morte como um ponto final irremediável da vida. A dor, por mais que sintamos que não, passará mais rápida se estivermos preparados para conhecê-la. Se nos dermos chance, veremos e viveremos com os que amamos na vida carnal, mesmo sentindo a ausência de quem já partiu para a vida espiritual, pois sabemos que não demorará para o reencontro com estes.

A saudade é parceira do amor, companheira de cada dia. Através dela lembramos e seremos lembrados quando chegar a nossa vez de partir. A questão é como nos construiremos intimamente ao passar por essa experiência com a morte, única certeza da vida, e isso cada um deve decidir.

Por isso devemos sempre pensar na morte, não para desejá-la, mas para estarmos preparados no momento em que ela chegar.​

Vania Mugnato de Vasconcelos

 

Nota do editor:
Imagem ilustrativa e em destaque disponível em < http://www.crosswalk.com/special-coverage/best-of-the-year/marriage-divorce-ruining-children-crosswalk-s-top-10-family-articles-of-2015.html>. Acesso em 26ABR2017.

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