Precisamos caprichar na higiene da Alma

Francisco Rebouças
10/05/2017
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Assim como nos preocupamos com a higiene do corpo físico, é de fundamental importância que não negligenciemos nos cuidados com a higiene da Alma, investindo no desenvolvimento dos valores espirituais dos quais somos portadores e entre esses o perdão que para nós significa a água pura com a qual lavamos todas as nódoas que nos contaminam a nossa existência.

Preciso se faz que nos empenhemos na busca de limpar a nossa casa mental, para poder exibir uma veste sem vestígios de lama, evitando guardar em nosso mundo íntimo o tóxico venenoso do lixo produzido pelas emoções e sentimentos em desequilíbrio capazes de nos causar transtornos e sofrimentos.

Em nosso mundo íntimo, não permitamos de forma alguma abrigar mágoas, melindres, rancores e etc., diante da conduta alheia em relação a nós, porque isso é o mesmo que armazenar no reduto do próprio ser, os detritos pestilentos que em muito nos dificultarão a marcha de progresso evolutivo que é a nossa principal tarefa na vida.

“Na prática do perdão, como, em geral, na do bem, não há somente um efeito moral:
há também um efeito material. A morte, como sabemos, não nos livra dos nossos inimigos; os Espíritos vingativos perseguem, muitas vezes, com seu ódio, no além-túmulo, aqueles contra os quais guardam rancor; donde decorre a falsidade do provérbio que diz: “Morto o animal, morto o veneno”, quando aplicado ao homem. O Espírito mau espera que o outro, a quem ele quer mal, esteja preso ao seu corpo e, assim, menos livre, para mais facilmente o atormentar, ferir nos seus interesses, ou nas suas mais caras afeições. Nesse fato reside a causa da maioria dos casos de obsessão, sobretudo dos que apresentam certa gravidade, quais os de subjugação e possessão. O obsidiado e o possesso são, pois, quase sempre vítimas de uma vingança, cujo motivo se encontra em existência anterior, e à qual o que a sofre deu lugar pelo seu proceder.
Deus o permite, para os punir do mal que a seu turno praticaram, ou, se tal não ocorreu, por haverem faltado com a indulgência e a caridade, não perdoando. Importa, conseguintemente, do ponto de vista da tranquilidade futura, que cada um repare, quanto antes, os agravos que haja causado ao seu próximo, que perdoe aos seus inimigos, a fim de que, antes que a morte lhe chegue, esteja apagado qualquer motivo de dissensão, toda causa fundada de ulterior animosidade. Por essa forma, de um inimigo encarniçado neste mundo se pode fazer um amigo no outro; pelo menos, o que assim procede põe de seu lado o bom direito e Deus não consente que aquele que perdoou sofra qualquer vingança. Quando Jesus recomenda que nos reconciliemos o mais cedo possível com o nosso adversário, não é somente objetivando apaziguar as discórdias no curso da nossa atual existência; é, principalmente, para que elas se não perpetuem nas existências futuras. Não saireis de lá, da prisão, enquanto não houverdes pago até o último centavo, isto é, enquanto não houverdes satisfeito completamente a justiça de Deus.” (1)

Não nos deixemos contaminar pelos maus hábitos de odiar, maldizer, reclamar, censurar e etc., pois agir dessa forma é render culto ao desequilíbrio e fomentar a desesperança espalhando em volta dos nossos passos a desconfiança e a infelicidade pelas quais responderemos mais cedo ou mais tarde pelos efeitos de corrigenda contidos na Lei da Justiça Divina. Não devemos nos esquecer de que também temos necessidades do perdão alheio, a fim de que nossa caminhada evolutiva nos livre dos empecilhos de toda ordem que, de outro modo, encontraríamos abarrotada pelos nossos próprios erros.

Lembremos o reconforto que colhemos nas palavras de estímulo e na bênção de alívio que nos alimenta de paz o coração, quando as nossas faltas são recebidas por outrem com tolerância. Dessa forma, constitui ato inteligente o perdão, sem condições, a todos os golpes que, por ventura, nos forem desferidos, na certeza de que todo mal desaparecerá um dia da Terra, para que o bem possa permanecer por toda a eternidade.

“Em toda parte, encontrarás o próximo, buscando-te a capacidade de entender e de ajudar.
Auxilia aos outros com aquilo que possuas de melhor.
Os santos e os heróis ainda não residem na Terra.
Somos espíritos humanos, mistos de luz e sombra, amor e egoísmo, inteligência e ignorância.
Cada homem, na fase evolutiva em que nos encontramos, traz uma auréola incompleta de rei e uma espada de tirano.
Se chamas o fidalgo, encontrarás um servidor.
Se procuras o guerreiro, terás um inimigo feroz pela frente.
Por isso mesmo, reafirmou Jesus o antigo ensinamento da Lei: – ‘ama o próximo, como a ti mesmo’.
É que o espírito, quando ama verdadeiramente, encontra mil meios de auxiliar, a cada instante, e o próximo, na essência, é o degrau que nos aparece diante do coração, por abençoado caminho de acesso à Vida Celestial.” (2)

Urge que trabalhemos com afinco desde agora e para sempre no desenvolvimento das virtudes que permanecem adormecidas em nosso íntimo aprendendo a nos desfazer de tudo o que representa inutilidade para o nosso crescimento moral, buscando valorizar e fazer brilhar a nossa luz na compreensão e no amor, que são bens renovadores e duradouros no caminho para Deus, que nem a ferrugem, nem as traças, nem os ladrões poderão retirar de nós a posse definitiva.

Francisco Rebouças

Referências Bibliográficas:
(1) KARDEC, ALLAN. O Evangelho Segundo o Espiritismo – FEB. 112ª edição, Cap. X, item 6;
(2) XAVIER, FRANCISCO CÂNDIDO, pelo Espírito Emmanuel. Assim Vencerás, capítulo “O Próximo”.

Nota do Editor:
Imagem em destaque disponível em <https://pixabay.com/pt/menina-dan%C3%A7a-luz-paz-equil%C3%ADbrio-2193453/>. Acesso em 10MAI2017.

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