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O Barco de Caronte

julho 11, 2017

Caronte, segundo a Mitologia Grega (1), seria o barqueiro responsável pela travessia das almas provenientes do Reino dos Vivos para o Reino dos Mortos, atravessando o Rio Estige, deixando-os no Hades, o Reino dos Mortos.

Segundo Thomas Bulfinch (2) o Reino dos Mortos era constituído por diversas regiões e cada uma delas acomodava determinado tipo de alma, segundo o tipo de vida e de morte que havia tido.

Interessante notar como o pensamento mitológico, de milênios atrás, intuía a existência de diferentes regiões espirituais antes destas serem descritas, minuciosamente, na Codificação Espírita pelos Benfeitores Espirituais.

Caronte e a viagem que ele conduzia representam o período de transição, de adaptação ao novo estado da alma, na sequência de sua imortalidade e a própria existência do mito revela a crença na vida após a morte, como também a crença nas diferentes condições após a vida física, sempre experimentada como consequência das escolhas feitas na vida.

A Doutrina Espírita, representando o Consolador prometido por Nosso Senhor Jesus Cristo (3), esclarece-nos, racionalmente, sobre a transição para o Mundo Espiritual:

“A alma tem consciência de si mesma imediatamente depois de deixar o corpo?
Imediatamente não é bem o termo. A alma passa algum tempo em estado de perturbação.” (4)

Também nos explica que a transição não é igual para todos:

“A perturbação que se segue à separação da alma e do corpo é do mesmo grau e da mesma duração para todos os Espíritos?
Não; depende da elevação de cada um. Aquele que já está purificado, se reconhece quase imediatamente, pois que se libertou da matéria antes que cessasse a vida do corpo, enquanto que o homem carnal, aquele cuja consciência ainda não está pura, guarda por muito mais tempo a impressão da matéria.” (5)

O conhecimento da realidade espiritual que a Doutrina Espírita descreve, facilita muito a adaptação à nova condição de desencarnado, diminuindo o período de transição e sua intensidade, visto que, possibilita o entendimento quanto a melhor utilização dos bens materiais em sua vida física, sem maiores vínculos espirituais com eles.

Porém, mais que o conhecimento da realidade espiritual, o que, realmente, faz a diferença na transição para a espiritualidade é a prática do bem, a vivência do bem no cotidiano, diuturnamente, conforme declaram os Benfeitores Espirituais:

“ O conhecimento do Espiritismo exerce alguma influência sobre a duração, mais ou menos longa, da perturbação?
Influência muito grande, por isso que o Espírito já, antecipadamente, compreendia a sua situação. Mas, a prática do bem e a consciência pura são o que maior influência exercem.” (6)

Bem, mais dia, menos dia, todos teremos que embarcar novamente no “Barco de Caronte”, para desembarcar no Reino dos Mortos. Sim, novamente, porque já realizamos essa viagem muitas e muitas vezes, não somos inexperientes nisso, embora não tenhamos lembranças. Cabe, portanto, o devido preparo, desde já, para não sermos pegos de surpresa, novamente.

Pensemos nisso.

Antônio Carlos Navarro

Referências Bibliográficas:
(1) https://pt.wikipedia.org/wiki/Caronte;
(2) O Livro de Ouro da Mitologia, cap. XXXII;
(3) João 14:26;
(4) O Livro dos Espíritos, item 163;
(5) O Livro dos Espíritos, item 164;
(6) O Livro dos Espíritos, item 165;

Nota do Editor:
Imagem em destaque disponível em <https://mitologiaefantasia.wordpress.com/2016/07/22/caronte-o-barqueiro-do-mundo-subterraneo/>. Acesso em 11JUL2017.

Antônio Carlos Navarro
Antônio Carlos Navarro

Estudioso e palestrante espírita. Trabalhador do Centro Espírita Francisco Cândido Xavier em São José do Rio Preto - SP

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