O pagamento

Antônio Carlos Navarro
22/08/2017
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“Vieram os trabalhadores contratados por volta das cinco horas da tarde, e cada um recebeu um denário. Quando vieram os que tinham sido contratados primeiro, esperavam receber mais. Mas cada um deles também recebeu um denário.” 
(Jesus, Mateus 20:9-10)

A citação acima faz parte da Parábola dos Trabalhadores da última hora, também conhecida como a dos Trabalhadores da Vinha, e no trecho anotado, o pagamento referente ao trabalho executado chama a atenção pela igualdade monetária que desconsidera o tempo trabalhado individualmente.

O que a princípio parece uma injustiça, se analisada em termos espirituais, torna-se de fácil compreensão.

Na referida parábola o Senhor utiliza-se da rotina de uma vinha para nos remeter o entendimento ao trabalho no bem a que estamos sendo chamados ao longo de nossa trajetória evolutiva.

Em todas as épocas da humanidade temos recebido esclarecimentos e orientações a respeito da realidade espiritual e das leis divinas que regem nossas vidas, e da consequente necessidade de nos envolvermos no trabalho de implantação do bem na Terra.

As horas que a parábola aponta como sendo as de convite para a vinha representam os chamados perpetrados pelos Emissários Divinos, que de tempos em tempos tem ocorrido (1).

Como, então, compreender a questão do pagamento igual para todos sem ferirmos o princípio da justiça?

A Doutrina Espírita nos esclarece que a Lei de Deus é a única necessária para a nossa felicidade (2), e que essa lei está escrita na consciência de cada um de nós (3).

A Doutrina também nos ensina que a percepção da cota de felicidade que é possível de ser experimentada na Terra, tem relação direta com a tranquilidade de consciência (4).

Como Deus expressa o amor por Sua Lei, o trabalho no bem é cumprimento dela, e assim nos comportando eliminamos, proporcionalmente, os pesos conscienciais gerados através dos erros cometidos, e que intranquilizam nosso mundo mental.

Desta forma, o atendimento ao chamado para o trabalho de reforma íntima, e a consequente dedicação à causa do amor através do socorro ao próximo, produz felicidade na direta proporção do bem praticado.

Esse é o pagamento igualitário da parábola, o acesso à felicidade proporcionada pela consciência tranquila, por isso, tanto quem começou a trabalhar na primeira hora, quanto quem começou por último tem o mesmo direito de se sentir feliz, daí a parábola terminar dizendo que os primeiros serão últimos, e os últimos serão primeiros.

O que torna justo o pagamento igualitário, é que quem começou primeiro vem tirando proveito da felicidade há mais tempo do que aquele que começou agora, e aquele que ainda não se direcionou ao trabalho no bem está adiando sua felicidade para o futuro.

Percebamos, desde sempre estamos sendo chamados para sermos felizes através da prática do bem ao próximo e o respeito à nossa natureza espiritual, mas nossas escolhas, escoradas no orgulho e no egoísmo, e também nos interesses materiais e imediatos, nos mantém em um círculo vicioso tal que sempre estamos buscando a felicidade justamente onde ela não está.

Pensemos nisso.

Antônio Carlos Navarro

Referências:
(1) O Livro dos Espíritos, item 622;
(2) O Livro dos Espíritos, item 614;
(3) O Livro dos Espíritos, item 621;
(4) O Livro dos Espíritos, item 922.

Nota do Editor:
Imagem ilustrativa e em destaque disponível em <http://santamariadebaionadiocesistuy-vigo.blogspot.com.br/2012/12/ora-de-la-tarde-fin-de-las-labores.html#.WZxw1yiGPIU>. 
Acesso em: 22AGO2017.

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