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Médiuns não são adivinhos

setembro 9, 2017

Em artigo na Revista Espírita, janeiro de 1858, intitulado “Médiuns julgados”, Kardec ensina que os médiuns não são adivinhos, mas intérpretes das inteligências do outro mundo.  

Logo, o médium sozinho nada produz, pois precisa do concurso dos Espíritos.

Kardec aborda o tema por conta de um teste que acadêmicos fizeram com médiuns para que adivinhassem o que estava escrito numa carta ou lessem algo num livro fechado.  

O prêmio de 500 dólares ou 2.500 francos seria dado ao médium que acertasse as respostas.  

Médium não é adivinho, mas intermediário dos Espíritos. Os Espíritos, por sua vez, não são fantoches,  têm vontade própria e não se sujeitam a este ou aquele capricho, ao contrário, os Espíritos sérios afastam-se de quem age com interesse pecuniário ou por mera curiosidade, no intuito de colocá-los à prova. 

Já vi dezenas de vezes alguém pedir ao médium que lhe diga isto ou aquilo, revele esta ou aquela coisa.  

Pior: pude presenciar, sem qualquer cerimônia, médium devastando existências anteriores de quem o procurava e afirmava categórico: “vocês são inimigos do passado, eis a causa de tanta desavença. Você foi assassinada por ele em outra vida, eis porque não se dão bem nesta.” 

Gente sem um mínimo de preparo embarca nesta “furada” e “entra em parafuso”. Afasta-se das pessoas e não realiza o que deve ser realizado, ou seja, harmonização com os familiares.  

Simplesmente tolera, numa lamentável atitude de superioridade e um falso perdão para com o seu suposto assassino. 

Não, definitivamente não é este o objetivo da mediunidade. Adivinhar não é para médiuns, ao menos os médiuns que se educaram nos preceitos desenvolvidos por Allan Kardec. 

O orgulho, porém, fala alto e alguns médiuns deixam levar-se por ele. Querem a glória, bajulação, seguidores… Então, tornam-se adivinhos e respondem a todas as perguntas que lhes são propostas. Fogem à mínima gota de humildade e, vencidos pelo orgulho, sucumbem… 

Ignoram ser o orgulho, como acentua Kardec, a chaga que os Espíritos ignorantes da verdade exploram com mais habilidade.  

A mediunidade não é tarefa fácil, exige esforço contínuo por trabalhar as próprias mazelas e livrar-se do orgulho. 

Num mundo em que os 15 minutos de fama vem sendo o objetivo de muita gente, constatou-se que a mediunidade é campo fértil para uma exposição mais potente da figura. 

Adivinhações, revelações das mais esquisitas, busca pelos holofotes tornaram-se comuns… 

Quando o espetacular ganha espaço o simples perde o brilho… 

Entretanto, médiuns não são adivinhos, não detém qualquer poder especial. Podem, portanto, ter sua faculdade suspensa caso os Espíritos assim considerem conveniente. 

Conforme consta em O livro dos Médiuns, os bons Espíritos alegram-se com a simplicidade de coração, esta, por sua vez, irmã da humildade, o antídoto para o orgulho. 

Pensemos nisto. 

Wellington Balbo

 

Nota do Editor:
Imagem ilustrativa e em destaque disponível em <http://blog.canoro.com.br/teste-de-mediunidade-sinais-de-mediunidade/>. Acesso em: 09SET2017.

Wellington Balbo
Wellington Balbo

Professor universitário, Bacharel em Administração de Empresas e licenciado em Matemática, Escritor e Palestrante Espírita com seis livros publicados: Lições da História Humana; Reflexões sobre o mundo contemporâneo; Espiritismo atual e educador; Memórias do Holocausto (participação especial); Arena de Conflitos (em parceria com Orson Peter Carrara); Quem semeia ventos... (em parceria com Arlindo Rodrigues).

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