Simplicidade ao apresentar o orador espírita

Wellington Balbo
15/09/2017
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Nessas andanças por muitos centros espíritas que tive oportunidade de conhecer, por conta da tarefa na oratória, encontrei-me com muita gente.

Tais encontros, aliás, constituem uma das alegrias deste trabalho.

Então, conversa, bate papo e interação com amigos espíritas, das mais diversas casas, renderam-me histórias bem interessantes sobre os mais variados temas, como, por exemplo, as apresentações que são realizadas dos oradores espíritas ao público ou ainda na divulgação de eventos em cartazes e outras formas de publicidade.

Certa vez um amigo, que aqui chamaremos de Cássio, da cidade de Valinhos, (nome fictício) confessou-me que esteve em determinado centro espírita para proferir palestra, e quando o chamaram para as devidas apresentações, assim disseram:

Eis aqui o colega Getúlio da cidade de Goiania.

Ele corrigiu a pessoa. Meu nome é Cassio e sou de Valinhos.

Então, aquele que o apresentava, disse:

Eis aqui o colega Godofredo da cidade de Penápolis.

Ele corrigiu de novo.

Meu nome é Cássio e sou de Valinhos. O apresentador, cansado das correções, informou ao público:

Eis aqui esse indivíduo, que não me recordo o nome e a cidade de onde vem, para falar sobre Jesus nesta noite.

Cássio, o amigo em questão, relatou-me o episódio e demos muitas gargalhadas.

Mas, se analisarmos, de forma racional, a atitude do apresentador demonstra falta de consideração e carinho para com o orador. Uma negligência total.

Este descaso na apresentação de Cássio é, pois, um dos extremos na tarefa de apresentar um orador espírita.

Há o outro extremo, e este digo que acontece com muito mais frequência. E neste extremo apenas como exemplo cito a conversa que tive com o amigo Gervásio (nome fictício), orador espírita que, certa vez, disse-me ter ficado constrangido, tamanha a pompa e circunstância com que envolveram seu nome. Ao ser apresentado, pouco antes de sua palestra, assim falaram do amigo Gervásio:

– Dr. Gervásio, médico com 4 pós graduações, pesquisador emérito, membro de 22 academias científicas, dono de notável vocabulário, presidente da Associação X, membro diretor do Hospital Y, com mais de 20 livros publicados e 50.000 exemplares vendidos.

Gervásio, constrangido, respirou fundo após as apresentações. Envergonhado, logo iniciou sua fala e até se esqueceu de saudar o público.

Este fato que me foi narrado por Gervásio é muito comum no meio espírita. Seja na divulgação de eventos em cartazes, e-mails e etc., seja na apresentação do orador ao público, quando há grandes exageros, com enorme foco em seu currículo e pouco enfoque no tema a ser tratado.

Em realidade, pouco interessa ao público os títulos e ocupações do orador. Penso, aliás, que o mais complicado disso tudo é que gera um distanciamento das pessoas, colocando o orador num patamar inalcançável.

Tudo bem você informar ao público a profissão do orador, pois isto se faz até interessante para abordagem de determinados temas, mas sem afetações.

Definitivamente não é de bom alvitre os exageros. Ideal é a simplicidade. E simplicidade vem com o equilíbrio: nem lá, nem cá.

Simplicidade esta que me foi contada por Messias (nome fictício), outro amigo orador espírita. Disse-me que a apresentação mais bacana que haviam feito dele foi a seguinte:

– Eis aqui Messias, orador da cidade tal, trabalha em tal casa e é um servidor do Cristo.

Pronto, resolvido.

Nome, cidade de onde vem e casa em que trabalha. Tudo muito simples e tranquilo, de modo a aproximar as pessoas do orador, colocando-o como “gente da gente”, pois em verdade é isto mesmo que ocorre.

Messias foi lá e, como servidor do Cristo, deu o seu recado.

Sem afetações, bajulações ou apresentação de largo currículo.

Ao público, o mais importante seria a mensagem transmitida por Messias e não seus títulos e ocupações nos palcos do mundo.

Simplicidade, pois, para que fiquemos mais próximos uns dos outros.

Vale pensar neste tema.

Wellington Balbo

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