A dor é o chamamento ao cultivo do amor

Jorge Hessen
11/12/2017
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“A dor é o aguilhão que o impele para frente, na senda do progresso”. [1]

Entendemos que a dor seja o medicamento que solicitamos na fronteira da experiência terrestre. Sim! Espíritos doentes e endividados que somos, imploramos, antes do berço, as dores e as provações capazes de propiciar-nos o regozijo da cura e a benção do resgate. Portanto, as dificuldades são benfeitoras do coração. Aceitemo-las no caminho, com o equilíbrio da resignação que tudo abrange para tudo auxiliar e expurgar, na marcha de nossa via crucis.

A dor, seja física ou espiritual, é sofrida por quem a provoca e que jamais bate em porta errada. Não há razão, em hipótese alguma, para atribuir a terceiros a culpa de nossas dores, pois que elas resultam das atitudes, dos procedimentos, das ações praticadas contra as leis divinas. Para aliviá-la existe a necessidade de assumirmos a responsabilidade de uma mudança comportamental, que sempre pode libertar-nos da dor, quando bem realizada segundo padrões ético-morais cristãos.

“As provações da vida fazem adiantar quem as sofre, quando bem suportadas; elas apagam as faltas e purificam o espírito faltoso”. [2] Quando a dor chega, ninguém permanece indiferente, não importando suas causas. Por vezes, chega através da doença física, minando a saúde antes inabalável. De outras, é a dor da separação do ente amado que desencarna.

De toda forma, não importando por quais caminhos a dor nos visite, sempre é presença contundente, alterando-nos as paisagens emocionais. Ela sempre traz consigo seu caráter pedagógico, em um convite ao cultivo das virtudes que ainda não nos dispusemos a acionar. “As provas rudes são quase sempre indício de um fim de sofrimento e de um aperfeiçoamento do Espírito, quando aceitas com o pensamento em Deus”. [3]

Há três categorias de dor: a dor-evolução, a dor-expiação e a dor-auxílio. A dor-evolução atua de fora para dentro, aprimorando o ser, e sem ela não haveria progresso. A dor-expiação vem de dentro para fora, marcando a criatura no caminho dos séculos, detendo-a em complicados labirintos de aflição, para regenerá-la, perante a Justiça. Quanto à dor-auxílio, pela intercessão de amigos devotados à nossa felicidade e à nossa vitória, recebemos a bênção de prolongadas e dolorosas enfermidades no envoltório físico, seja para evitar-nos a queda no abismo da criminalidade, seja, mais frequentemente, para o serviço preparatório da desencarnação, a fim de que não sejamos colhidos por surpresas arrasadoras, na transição da morte. [4]

“O enfarte, a trombose, a hemiplegia, o câncer, penosamente, suportado, a senilidade prematura e outras calamidades da vida orgânica constituem, por vezes, dores-auxílio, para que a alma se recupere de certos enganos em que haja incorrido na existência do corpo denso, habilitando-se, através de longas reflexões e benéficas disciplinas, para o ingresso respeitá­vel na Vida Espiritual”. [5]

A oração habitual, o comportamento retificador, o descortino mental e o bem que se pode patrocinar ao próximo, retratam as atitudes inteligentes daqueles que almejam o bom aproveitamento da dor no processo de evolução.

Jorge Hessen

Referências Bibliográficas:
[1] KARDEC, ALLAN. A Gênese, Cap. III, item cinco, RJ: Ed. FEB 2001;
[2] KARDEC, ALLAN. “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, cap. V, item 10, RJ: Ed. FEB 2001;
[3] Idem cap. XIV, item 09, RJ: Ed. FEB 2001;
[4] XAVIER, FRANCISCO CÂNDIDO. Ação e Reação, ditado pelo Espírito André Luiz, cap. 19, RJ: Ed. FEB 1959;
[5] Idem.

Nota do Editor:
(1) Foto em destaque: Drª Ana Claudia de Lima Quintana Arantes disponibilizada em palestra “A morte é um dia que vale a pena viver: Ana Claudia Quintana Arantes at TEDxFMUSP” no youtube.
(2) Sobre a Drª Ana Claudia de Lima Quintana Arantes: Médica, formada pela USP com residência em Geriatria e Gerontologia no Hospital das Clínicas da FMUSP. … Trabalho em meu consultório particular em São Paulo, no atendimento de pacientes na Geriatria, Cuidados Paliativos e suporte ao luto.

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