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Ruminações filosóficas

abril 22, 2018

“ Filho meu, ouve a instrução de teu pai, e não desprezes o ensino de tua mãe. Porque eles serão uma grinalda de graça para a tua cabeça, e colares para o teu pescoço. Filho meu, se os maus te quiserem seduzir, não consintas. ” (1)

O codificador da Doutrina Espírita, Allan Kardec, no livro Obras Póstumas, afirmaria com a total consciência de um educador “Será pela Educação, mais ainda do que pela instrução, que se transformará a Humanidade.” (2)

Educar é enriquecer a alma com virtudes e saberes. Instruir é sistematizar conceitos que enriquecem o quociente de inteligência.

Quando falamos em Educação estamos nos referindo ao “aperfeiçoamento moral” e não ao quociente de inteligência.

O conceito de inteligência, ou QI, foi se ampliando ao longo do desenvolvimento da capacidade de abstração e percepção do homem acerca de si mesmo, do outro e do mundo. Hoje é possível diagnosticar uma pessoa inteligente pela capacidade múltipla que ela apresenta para resolver sua vida prática e racional. Porém, ao final do século 20, surgiria um novo conceito de inteligência: o Quociente Emocional, ou QE, desenvolvido pelo escritor e Professor Daniel Goleman, que afirmaria que não basta o indivíduo ter uma boa média de QI se ele não souber desenvolver o quociente emocional, pois acredita-se que as emoções regem nossas escolhas e direcionam o rumo da nossa vida, produzindo satisfações, alegrias e motivações ou desgostos, tristeza e desânimo. O quociente emocional seria nossa capacidade de reconhecer e avaliar nossos próprios sentimentos e os dos outros, assim como a capacidade de lidar com eles.

No início do Século 21 surgiria a teoria do quociente espiritual, ou QS, defendida pela física, psicóloga e professora da Harvard Danah Zohar, nos Estados Unidos. A renomada educadora acredita que as pessoas com esse consciente têm a capacidade de analisar a situação em que estão inseridas e fazer escolhas se desejam ou não continuar no cenário em que se encontram. Essas pessoas, com QS, utilizariam, de forma mais consciente, os seus potenciais e se conectariam com forças superiores que lhe inspirariam os melhores caminhos. Segundo essa linha de pensamento, Danah Zahar e alguns cientistas descobriram que temos um “ponto de Deus” no cérebro, uma área nos lobos temporais que nos faz buscar um significado e valores para nossas vidas. É uma área ligada à experiência espiritual. Tudo que influencia a inteligência passa pelo cérebro e seus prolongamentos neurais.

Vivendo num período de transição social e moral, assistimos ao nascer de uma nova geração, mais audaciosa, dinâmica, inquieta e carente de limites.

Qual tem sido a Educação oferecida a essa nova geração?

Percebe-se um afrouxamento nas relações familiares, ou seja, constituídas de pai e mãe ou outra figura responsável, donde consequentemente temos uma geração sem limites e sem valores éticos e morais consistentes. Desenvolver-lhes as múltiplas inteligências é dever dos Pais.

Pai e mãe, na concepção de Allan Kardec, são missionários da família, vide a questão 208 de O Livro dos Espíritos, quando o educador lionês interroga os espíritos sobre a influência e responsabilidade dos pais:

Questão 208. Nenhuma influência exercem os Espíritos dos pais sobre o filho depois do nascimento deste?
Ao contrário: bem grande influência exercem. Conforme já dissemos, os Espíritos têm que contribuir para o progresso uns dos outros. Pois bem, os Espíritos dos pais têm por missão desenvolver os de seus filhos pela educação. Constitui-lhes isso uma tarefa. Tornar-se-ão culpados, se vierem a falir no seu desempenho.

Pais e mães têm funções e deveres específicos no desenvolvimento das virtudes e no aperfeiçoamento moral dos espíritos reencarnantes.

Diria Platão, filósofo e matemático do período clássico da Grécia Antiga, “Não deverão gerar filhos quem não quer dar-se ao trabalho de criá-los e educá-los. Haja vista tantos filhos abandonados, emocionalmente e espiritualmente.

Caminhamos a passos largos para uma sociedade cada vez mais egoísta, exclusivista e iludida. Somos seduzidos pelo ter e consentimo-nos a ilusão das efemeridades.

A atualidade dos Provérbios é assustadora:

“Até quando, ó estúpidos, amareis a estupidez? E até quando se deleitarão no escárnio os escarnecedores, e odiarão os insensatos o conhecimento?” (4)

Educar para a Imortalidade é oferecer condições de redenção à nova geração que chega, sequiosa de rumo consciente.

Continuemos atentos ao pensamento de Allan Kardec:

“Porém uma mudança tão radical como a que se elabora não pode realizar-se sem comoção; há a luta inevitável entre as ideias. De tal conflito nascerão, forçosamente, perturbações temporárias, até que o terreno haja sido desobstruído e o equilíbrio restabelecido.” (5)

Eduquemos para a vida lúcida em tempos de confusão e caos!

Jane Maiolo

Referências Bibliográficas:
(1) Provérbios 1,8.9.10;
(2) KARDEC, ALLAN. Obras Póstumas. Tradução Salvador Gentile, Araras. SP. 29ª edição. Credo Espírita. Preâmbulo;
(3) KARDEC, ALLAN. O Livro dos Espíritos, Rio de Janeiro: Ed. FEB , 2007- questão 208;
(4) Provérbios 1,22;
(5) KARDEC, ALLAN. A Gênese. 19ª Edição. SP. LAKE- CAP. XVIII. Item 7.

Jane Maiolo
Jane Maiolo

Professora de Ensino Fundamental, formada em Letras e pós-graduada em Psicopedagogia. Dirigente da USE Intermunicipal de Jales. Colaboradora da Sociedade Espírita Allan Kardec de Jales. Pesquisadora do Evangelho de Jesus. Colaboradora da Agenda Espírita Brasil. Apresentadora do Programa Sementes do Evangelho da Rede Amigo Espírita.

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