Juventude e independência

Rogério Miguez
27/05/2018
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A nossa caminhada evolutiva se tem feito acompanhar pelo uso de variadas drogas descobertas na farmácia da natureza. Algumas nos ajudaram e ainda auxiliam muito no tratamento de doenças e problemas orgânicos, apoiando a medicina oficial. A mãe Terra é pródiga em oferecer benesses aos seus moradores.

No entanto, entre tantas dádivas ofertadas, também há plantas, ervas, raízes e etc, que podem trazer efeitos perturbadores. Algumas, no início do uso, são apenas estimulantes que ajudam na defesa de alguma dificuldade natural.

Certamente, a utilização na antiguidade de drogas variadas formou uma legião de espíritos, quando novamente reencarnados, tendentes ao uso de outras drogas contemporâneas, muitas sintéticas. Este é, seguramente, um dos motivos pelos quais os jovens procuram por substâncias estimulantes, pois, além de influenciados pela própria fase de busca por novidades, muitos já trazem matrizes perispirituais predispondo-os à drogadição.

Bem se conhece a inclinação contestadora da juventude, natural e esperada. Os espíritos ao voltarem à Terra sempre trazem ideias novas hauridas na erraticidade quando elaboraram novos planos e metas visando à evolução e à transformação do planeta. Fazem-se acompanhar desta forma do desejo por mudanças na ordem social encontrada nas comunidades às quais se agregam novamente.

Entretanto, nesta ânsia por concretizar mudanças enxergam na conquista da emancipação um dos primeiros caminhos certos para promovê-las.

A autonomia se adquire de muitos modos: pela força, pela insistência na prática de certas condutas não comumente aceitas, podemos obter soberania econômica, enfim, são muitas as vertentes, contudo, uma seguramente não recomendada é a busca de uma acreditada independência pelo uso de substâncias nocivas legais ou ilegais.

É muito comum o adolescente julgar estar libertando-se da família ao fazer uso do fumo ou dos alcoólicos, por exemplo, pois os pais, se não fazem uso destas drogas legais, questionam o filho por qual razão está a usá-las. Nesta hora, o filho entende que agir de forma diversa daquela habitualmente comum dentro do ambiente familiar representa a sua carta de alforria.

O apelo da propaganda e do próprio grupo a que se mantém ligado também são fortes motivadores para criar as condições de uma aceitação, ou mesmo uma concessão por parte do jovem em relação aos apelos da turma e da mídia. Não tendo ainda condições de impor-se como é ou gostaria de ser, acaba cedendo às pressões externas.

É um verdadeiro dilema: Como conciliar os chamamentos do grupo, de modo a sentir-se “enturmado” e, simultaneamente, manter-se fiel à educação recebida dos pais e também ao cumprimento das leis sociais?

Há uma visão equivocada ao acreditarem que independência significa fazer o que se quer, na hora que se quer, do modo que se quer. Ainda não compreendem ser possível permanecerem soberanos vivendo dentro dos padrões familiares e da sociedade, sem nenhum prejuízo à sua personalidade.

Iniciado o processo do uso de uma droga visando à autoafirmação, o caminho está aberto para uma jornada muitas vezes sem volta ao mundo “vibrante” das drogas. É bem sabido por todos que este mundo paralelo tem as suas próprias regras, um modus operandi bem peculiar, exigindo dos seus integrantes fidelidade e compromisso. Não é fácil deixar o ambiente das drogas, em razão dos dependentes se fortalecerem mutuamente uns com os outros; quando um deseja livrar-se da dependência todos se colocam contra. É natural, é o instinto de defesa atuando.

Por outro lado, estudiosos já concluíram que uma droga “chama” outra. Se o início ocorre pelo fumo ou pelo álcool, seguem-se a esses os convites para o uso de drogas ilegais. Assim, de droga em droga, crê-se alcançar a tão desejada “independência”, a tão sonhada liberdade é conquistada, a um custo muito alto, sabe-se, porquanto o adicto agora se julga “independente”, contudo, não percebe estar dependente, escravo dos estimulantes.

Os pais devem incutir na mente dos filhos que a autonomia verdadeira se faz pela prática das boas leituras, adquirindo conhecimentos nobres que os ajudarão a entender melhor a vida e posicionar-se adequadamente perante a sociedade; pelo estudo continuado e sério, visando uma formação profissional para possível aproveitamento no mercado de trabalho; que a verdadeira emancipação surge da consciência tranquila nas boas ações realizadas.

O elemento religioso tem o seu peso, pois o jovem ligado com Deus tem condições de refletir e ajuizar outros aspectos da vida, visto acreditar que o Criador nos fez para evoluir sempre mais. Entretanto, no ambiente das drogas, não se vai para frente, caminha-se para trás, porquanto: o dependente tem muita dificuldade em manter-se no emprego; de modo geral não consegue permanecer com parceiros (as) fixos; a agressão continuada ao corpo pelo uso das drogas comumente evolui para doenças de toda ordem, muita vez de difícil trato; o rendimento escolar cai drasticamente, entre tantos outros reconhecidos prejuízos. A droga, como bem o nome já diz, enfraquece várias regiões do corpo simultaneamente, provocando uma quebra da harmonia em diversos órgãos ao mesmo tempo.

Em contrapartida, ensina o Espiritismo ser o corpo um santuário sagrado, devendo ser preservado e bem cuidado. É a ferramenta do espírito reencarnado para promover a sua evolução.

Há outra questão grave alertada pela Doutrina sobre a existência de adictos desencarnados. São espíritos já “mortos” enxameando a atmosfera mais densa próxima à superfície terrestre buscando avidamente encarnados adeptos dos estimulantes. Conseguem reviver, parcialmente, as antigas sensações provocadas pelas drogas ao se saciarem aspirando e sugando os fluidos e energias contaminadas pelos entorpecentes, exaladas pelos corpos materiais dos adictos. Estes “amigos” do outro mundo, quando sentem necessidade, incentivam-nos ao uso das drogas, como se ainda estivessem vivos.

Em resumo, o adicto para ver-se livre do ambiente e da dependência às drogas, deverá travar uma luta gigantesca: contra as próprias inclinações viciosas que pode ter trazido de outras vidas ou foram construídas nesta mesma existência; contra os apelos dos “amigos” da turma a que pertence; não menos importante, contra os outros “amigos” adictos do lado de lá, e são muitos; e, finalmente, contra interesses econômicos dos setores produtores das drogas lícitas.

Diante de tal quadro, indaga-se: por qual razão buscar a independência pela dependência nas drogas?

Rogério Miguez

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