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A homoafetividade segundo Cairbar

setembro 9, 2018

O Bandeirante de Matão, Cairbar de Souza Schutel, abordou incontáveis matérias e assuntos registrados em seus bem conhecidos livros, um de seus maiores legados. Análises evangélicas, debates doutrinários com os opositores do Espiritismo de então, esclarecimentos sobre uma temática variada, questões a lhe chamar a atenção na época e local de sua última existência. Tudo muito bem estruturado com a peculiar lógica de seus escritos. De lá para cá, tanta coisa aconteceu, o mundo girou intensamente, e, mais recentemente, uma questão vem atraindo a atenção da humanidade: a homoafetividade.

Poucos sabem ter Cairbar abordado este tópico, todavia, como Espírito desencarnado.

 

O Centro Espírita Léon Denis-CELD do Rio de Janeiro, uma referência para todas as Casas do movimento espírita brasileiro, nos derradeiros anos do século passado e início deste, criou um site pioneiro chamado à época de IRC-Espiritismo, agora atende pelo nome de Espiritismo.net. A proposta foi de realizar palestras e estudos ao vivo, com participação de ouvintes questionando os expositores em pontos correlatos ao tema abordado.

Para fortalecer o grupo e dar orientação sobre assuntos mais em voga, realizaram várias reuniões com o inesquecível médium Altivo C. Pamphiro, fundador d

 

o CELD, hoje desencarnado, e por sua mediunidade, exploraram inúmeros tópicos. Quem forneceu as orientações solicitadas foi nada mais, nada menos, do que Cairbar Schutel.

Os frutos destas reuniões, colhidos quando Cairbar compareceu e respondeu diversas questões, foram consolidados em um livro, ainda pouco conhecido intitulado Cairbar Responde (1).

Nesta obra, o Apóstolo de Matão, foi

 

 de uma clareza ímpar, não deixou qualquer margem de dúvida, sobre a posição doutrinária pós Kardec. Ressalte-se, não só defendida por Cairbar, pois, também é esposada por outros autores espíritas encarnados e Espíritos desencarnados. Em síntese assim se expressou: a humanidade deve aceitar o direito do ser humano reencarnado escolher a homoafetividade como opção de vida.

Dissemos pós Kardec, pois não há opinião detalhada sobre o tópico nas obras fundamentais de Allan Kardec, tampouco nas subsidiárias, excet

 

o ligeira menção do Mestre de Lion em Revista Espírita de janeiro de 1866, isto do que já nos foi possível conhecer sobre o assunto, contemplado na obra do Codificador. Naquela ocasião se referiu como anomalias aparentes, expressão feliz e muito bem colocada por Kardec, pois, então, percebeu serem de fato aparentes. A matéria foi considerada prematura para ser abordada em meados do século XIX, vindo daí a ausência de maiores elucidações de Kardec sobre a temática.

O Pai dos pobres de Matão, em Cairbar Responde, ainda se fez entender utilizando o termo homossexualidade, porquanto, estas orientações por ele fornecidas datam do fim do século passado e início deste, atualmente, já se ajuizou ser o termo inapropriado, sendo de melhor alcance a expressão homoafetividade, pois, esta última abrange também a possibilidade da existência apenas da afetividade entre o casal, sem necessariamente haver intercurso sexual, conduta claramente sugerid

 

a pelo primeiro. Observou-se ser a afeição pura e simples o sentimento maior regendo a relação.

Neste livro, por diversas vezes o sábio de Matão confirmou o seu entendimento de que não há qualquer base doutrinária para condenar esta escolha.

Rogério Miguez

 

Referência:
(1) PAMPHIRO, Altivo C. Cairbar Responde. Pelo Espírito Cairbar Schutel. Organizado por Mário Coelho. 1. ed. Rio de Janeiro: CELD, 2017. caps. VII e IX.

Rogério Miguez
Rogério Miguez

Trabalhador da Doutrina Espírita desde a Mocidade, tendo atuado no estado de Rio de Janeiro em algumas Casas e, atualmente, em São José dos Campos/SP nos Centros Amor e Caridade, Jacob e Divino Mestre. Colabora em Cursos, Exposições, Atendimento Fraterno e Passes, sendo articulista dos periódicos Reformador e Revista Internacional de Espiritismo.

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