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Progresso Espiritual: O Caminho está em Nós

dezembro 2, 2018

“11. A uns ele constituiu apóstolos; a outros, profetas; a outros, evangelistas, pastores, doutores, 12. para o aperfeiçoamento dos cristãos, para o desempenho da tarefa que visa à construção do corpo de Cristo, 13. até que todos tenhamos chegado à unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, até atingirmos o estado de homem feito, a estatura da maturidade de Cristo.”

(Epístola aos Efésios, 4, 11:13)

Um dos grandes erros da maioria dos homens é acreditar que na ordem da criação, Deus privilegiou alguns espíritos em detrimento da grande maioria, incluindo nessa categoria especial os espíritos tidos como santos, sábios, cientistas, intelectuais e muitos outros que aqui não é possível enumerar – ficando aqui somente no campo dos patrimônios psíquicos. Isso nos faria crer, erroneamente, que Deus amaria mais alguns de seus filhos.

Como grande observador que foi, na pergunta 115 de O Livro dos Espíritos, o codificador do espiritismo, Allan Kardec, indagou sobre a criação dos espíritos, obtendo como resposta a assertiva que “Deus criou todos os Espíritos simples e ignorantes, isto é, sem saber. A cada um deu determinada missão, com o fim de esclarecê-los e de os fazer chegar, progressivamente, à perfeição, pelo conhecimento da verdade, para aproximá-los de si….”.

Da resposta auferida damos ênfase à palavra todos, de onde podemos concluir que, ao contrário do pensamento comum, não há na criação divina, privilegiados, cabendo ao espírito trabalhar por si mesmo, dentro das suas possibilidades atuais – o que não deixa de ser a sua missão, por mais simples que ela possa parecer, com muito esforço e esmero, para atingir o amadurecimento necessário para galgar uma condição mais distanciada da simplicidade e ignorância que estagiava no instante de sua criação. Como não pode deixar de ser, segundo essa resposta, nesta ordem de criação inclui-se também o maior dos espíritos que se fez carne entre nós, nosso mestre Jesus Cristo. Por força dessa lógica da criação que Jesus, quando habitou entre nós, disse claramente:

– Eu venci o mundo. (1)

Aclarava o Mestre nesta frase que a resposta acima dada pelos espíritos estava correta, em especial quando estes asseveraram que todos os seres espirituais são criados de forma igualitária, sem privilégios ou permissões especiais que não se dão senão por mero esforço pessoal. Este espírito iluminado, em alguma altura de sua criação, também venceu todas as inquietudes de seu âmago para se depurar e atingir a perfeição que ilumina almas e incentiva os seus irmãos a trabalharem no mesmo sentido.

A justificava para que tenhamos que nos esforçar em sentido ao aperfeiçoamento individual foi muito bem delineada pelos espíritos quando indagados por Allan Kardec sobre o porquê Deus não nos criara perfeitos e livres das impurezas que conhecemos, vindo a resposta de forma clara e objetiva: “Se Deus os houvesse criado perfeitos, nenhum mérito teriam para gozar dos benefícios dessa perfeição. Onde estaria o merecimento sem a luta?…” (2)

Para muitos é mais fácil crer que a divindade escolherá este ou aquele para representá-la perante os seus pares, sem que estes tenham que se esforçarem no sentido de seu aperfeiçoamento moral e intelectual.

Referida conclusão não nos mais é permitida. Não há escolhidos sem méritos! Ou melhor dizendo, não há escolhidos! Existem seres que sob a batuta de muita batalha lograram êxito em reformar os seus instintos primitivos, recebendo os seus méritos conforme cada etapa vencida.

Os irmãos que hoje habitam o mundo espiritual têm nos alertado, constantemente, sobre a necessidade de nos exercitarmos nos serviços da caridade e do amor ao próximo, lapidando, desta feita, nossas imperfeições morais tal qual o diamante, que antes era carvão e foi lapidado para extrair dele a sua mais bela forma para irradiar aos olhos de seus espectadores os seus mais perfeitos atributos antes escondidos em seu interior.

Assim como o carvão, Deus cravou em nossas consciências a sua Lei, deixando em nosso íntimo um diamante a ser lapidado para eclodir a nossa exuberância. Ele assim o fez para que qualquer um pudesse ter as mesmas oportunidades para exercitá-la, onde quer que estejamos, dispensando forma ou atributos especiais para a prática do bem. Escolher realizar boas ou más obras é livre escolha, não havendo intervenção direta do Criador em nossas opções. Aproximar-se da estatura de maturidade do Cristo, tal qual elencado por Paulo de Tarso na Epístola aos Efésios (3), depende em muito das escolhas pessoais que fazemos. Sabemos que um dia todos chegaremos à ordem de espíritos puros, porém o tempo a ser desencadeado para que isso ocorra é individual, não havendo intervenção direta da divindade, que respeita o nosso livre-arbítrio e nos aguarda, pacientemente.

A cada um de nós foi dada uma determinada missão, porém todas convergem para o mesmo fim: espalhar exemplos edificantes para que outros possam se espelhar, somando também as suas obras a esse grandioso trabalho e cooperando para a construção do corpo de Cristo na unidade da fé (4) resoluta do progresso da humanidade.

Glaucio Queiroz Oliveira

Referências Bibliográficas:
(1) Evangelho de São João, 16, 33;
(2) O Livro dos Espíritos, pergunta 119;
(3) Epístola aos Efésios, 4, 13;
(4) Epístola aos Efésios, 4, 12:13.

Glaucio Antonio de Queiroz Oliveira
Glaucio Antonio de Queiroz Oliveira

Glaucio Antonio de Queiroz Oliveira, natural de Aparecida do Taboado/MS, iniciou na doutrina espirita aos 16 anos de idade, exercendo diversas atividades na casa espírita. Atualmente participa de grupos de estudos, grupos mediúnicos e possui obras literárias psicografadas.

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