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Felizes infelicitados

fevereiro 21, 2019

As aptidões superiores aguardam oportunidade para auxiliar-nos a crescer

“No mundo tereis aflições.”
– Jesus.  (Jo., 16:33.)

Em nosso mundo somos, não raro, iludidos pelas aparências… Ao seu tempo, Maria de Magdala, deslumbrante, desfilava sua beleza e juventude, qual deusa saída das páginas mitológicas, mas carregava na intimidade d`alma o desconserto de soez obsessão.

Judas, apesar de ter sido um dos doze escolhidos por Jesus, trazia a víbora da perfídia agasalhada na intimidade do ser.

Pedro, um dos principais apóstolos, a quem Jesus destinou a missão de ser o pilar da Boa-Nova, ponto de convergência e apoio para todos os demais, deixou-se levar pela negação, vacilando na hora do testemunho, doando – em holocausto – só mais tarde, sem tergiversações, a própria vida.

A criatura que exibe à sua volta seu castelo de opulência, invejada e cercada de mil considerações, acostumada, às bajulações dos áulicos que orbitam ao seu redor, atormenta-se, vezes sem conto, intimamente insatisfeita com a vida, sentindo-se, porém, no dever de manter as falsas aparências.

A dama, adornada de joias caríssimas e trajes exclusivos, requestada em todas as festas mundanas, despertando o despeito de quantos lhe cercam, disfarça, nos sorrisos, pesadas frustrações íntimas que ninguém vê ou conhece.

O artista jovem, bem apessoado, apresentando-se impecável nas telas do cinema ou na TV, conquistando corações e provocando suspiros apaixonados em suas fiéis tietes, brilhando como foco iridescente, amarga-se distante do público, buscando nos tóxicos a fuga para lugar nenhum…

As áreas das patologias da loucura, do vício, das fugas espetaculares, assinalam o crescimento diário do contingente dos felizes-infelicitados em suas assustadoras estatísticas.

A Terra é educandário e não estação de turismo. Incontáveis são os sonhos e ilusões tornados pesadelos. Cumpre, portanto, buscar a alegria imperecível abrindo a mente aos suaves eflúvios propiciados pela sintonia com o Amigo Maior da Eternidade, que é Jesus, o Meigo Pegureiro que, tão somente, aguarda Lhe concedamos o ensejo para que possa atuar a nosso favor.

A essência, o ser em si mesmo é o Espírito imortal, vez que o corpo físico, a forma exterior, é expressão temporária, adquirida em cada existência corporal.  Este é transitório, fugaz, aquele é imperecível, eterno…

O REINO DOS CÉUS ESTÁ DENTRO DE NÓS

No âmago do ser encontra-se a verdadeira vida, pulsando, imorredoura, embora na superfície, o revestimento quase sempre difere da estrutura que o envolve, portanto, o que nos é dado ver em nossos semelhantes, normalmente é tão somente a superfície, o exterior, daí a célebre quão acertada expressão popular: “quem vê cara não vê coração”.  

De maneira geral nossa percepção alcança somente a máscara exterior, (ego) a forma que oculta, na maioria das vezes o que se é, o que se pensa, o que se aspira.  Legítimo apenas o Espirito o é. Tudo o mais são aparências…

O fato de a casca sempre velar o cerne, levou Jesus a proclamar o absurdo que cometemos ao julgar nosso semelhante.  Do “iceberg” vislumbramos apenas a pequena parte aflorada acima da superfície, enquanto que o principal, a parte mais significativa não podemos ver, oculta que se encontra abaixo da linha d`água. (self)

Cabe aqui uma interrogação que devemos fazer a nós mesmos: quem somos hoje, o que pretendemos alcançar e como lográ-lo?! Todas as criaturas somos portadoras de imensos potenciais, vez que o Pai Celestial sempre alocou para todos nós os recursos e condições necessários aos grandes e alcandorados voos do Espírito Imortal. Necessário se faz, então, desatar as aptidões superiores que aguardam oportunidade para auxiliar-nos a crescer para as finalidades elevadas da vida.

Tentemos ser exteriormente, conforme evoluímos por dentro, não economizando amor, gentileza, afabilidade, doçura, abnegação, devotamento e lealdade…  Afinal essas são as qualidades que necessariamente exornam o perfil do verdadeiro cristão. Não admitamos, portanto, nenhuma defasagem entre nosso exterior e nosso interior, envidando todos os esforços possíveis para equalizar nossa realidade íntima com nossa realidade de relação, de forma que possamos fazer refletir os ideais de beleza e amor que nos vitalizam. Assim, ao invés de consumir emoções desequilibradas infelicitando-nos, comecemos a trabalhar no ideal de conseguir a felicidade sem mescla, fruto da conquista pessoal, legítima, sob as bênçãos de nossos Irmãos Maiores da Espiritualidade!…

Estabeleçamos programas de tarefas, começando com trabalhos de pequena monta, porém gratificantes do amor fraterno, passando a doar ao invés de pedir. Assumamos singelos deveres, gerando sempre alegria à nossa volta, produzindo bem-estar, suprindo com boa vontade nossas ainda parcas possibilidades, superando azedumes e as contingências difíceis sem alarde, de olhos postos no infinito espiritual que se descortina à nossa frente. Tentando a renovação, culminaremos conquistando a paz através de realizações edificantes.

Não nos iludamos, pois, com as aparências e os ouropéis da Terra, e tal como Maria, irmã de Lázaro façamos a opção pela “parte boa”, aquela que permanece: os reais Tesouros dos Céus.

Rogério Coelho

Nota do editor:
Imagem ilustrativa e em destaque disponível em <http://blogbonecadeluxo.com.br/o-faz-de-conta-das-redes-sociais/>. Acesso em: 21 de fevereiro de 2019.

Rogério Coelho
Rogério Coelho

Rogério Coelho nasceu na cidade de Manhuaçu, Zona da Mata do Estado de Minas Gerais onde reside atualmente. Filho de Custódio de Souza Coelho e Angelina Coelho. Formado em Jornalismo pela Faculdade de Minas da cidade de Muriaé – MG, é funcionário aposentado do Banco do Brasil. Converteu-se ao Espiritismo em outubro de 1978, marcando, desde então, sua presença em vários periódicos espíritas. Já realizou seminários e conferências em várias cidades brasileiras. Participou do Congresso Espírita Mundial em Portugal com a tese: “III Milênio, Finalmente a Fronteira”, e no II Congresso Espírita Espanhol em Madrid, com o trabalho: “Materialistas e Incrédulos, como Abordá-los?” Participou da fundação de várias casas Espíritas na Zona da Mata Mineira.

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