2432 visualizações

… Mais frágeis do que perversos!

março 23, 2019

Na encantadora obra Boa Nova do espírito de Humberto de Campos, pela psicografia de Francisco Cândido Xavier, no capítulo 26, é narrado o momento em que o Apóstolo Simão Pedro estava experimentando um amargo remorso por ter negado Cristo três vezes antes de Sua crucificação.

Ele (referindo-se a Pedro), que fora sempre homem ríspido e resoluto, que condenara invariavelmente os transviados da Verdade e do bem, que nunca conseguira perdoar às mulheres mais infelizes, ali se encontrava, abatido como uma criança, em face de sua própria falta. Começava a entender a razão de certas experiências dolorosas de seus irmãos em humanidade. Em seu espírito como que desabrochava uma fonte de novas considerações pelos infortunados da vida. Desejava, ansiosamente, ajoelhar-se ante o Messias e suplicar-lhe perdão para a sua queda dolorosa.

Após esse episódio, o Mestre lhe apareceu em espírito e Pedro ajoelhou-se e pediu perdão. Nesta ocasião então, lembrou-se do que Jesus lhe advertia: Pedro, o homem do mundo é mais frágil do que perverso!

Quantas vezes nos sentimos assim, frágeis, quando caímos e nos deparamos com as nossas fraquezas, dando-nos conta da nossa imperfeição! Isso é um sinal de que estamos despertando a nossa consciência.

No capítulo 24 da referida obra, intitulado A ilusão do discípulo, Judas, iludido por falsas promessas de uma nomeação oficial para um cargo de poder, entregou o Mestre aos poderosos, sem confiar na visão de Jesus. Não enxergou que o Mestre era o Caminho.  Judas amava o Mestre, mas sua fragilidade era a crença no falso poder de posições sociais e do dinheiro. Mais uma prova da fragilidade humana que Jesus mostrava.

No capítulo 21, intitulado A Lição da Vigilância, João, Pedro e Tiago impressionaram-se com a solenidade com que Jesus os pede para orar e vigiar com Ele, pois era a derradeira hora antes Dele ser preso e levado ao Calvário. Apesar de estarem resolvidos a orar e vigiar pelo Mestre, adormeceram no decurso da oração. O Mestre os despertou lembrando-os de vigiar, mas mesmo assim, ao que Ele se afasta, os apóstolos entregam-se ao sono novamente. João, envergonhado, refletia o porquê de tão incontrolável sono.   Mais uma lição do Mestre sereno e amoroso mostrando o valor de orar e vigiar, pois são armas que temos para defendermo-nos de nossas próprias fraquezas.

No capítulo 20, A pecadora Maria de Magdala vai ao Mestre e encanta-se com a sua palavra e magnetismo e resolve pregar o Evangelho, apesar de rejeitada pelos outros apóstolos. Ela era carente de amor, frágil, mas com a sua fé no Mestre e no seu trabalho junto aos leprosos, rejeitados como ela mesma, conquistou a sua cura. Ela compreendeu a fragilidade daqueles pobres rejeitados pela sociedade, pois sofria da mesma dor.

Pecamos porque somos carentes, imperfeitos, cheios de medos e vivências mal resolvidas, gerando inseguranças armazenadas por muitas encarnações em nosso inconsciente e necessitados de amor, muito amor.  Aqueles mais difíceis de amarmos são os mais necessitados e mais frágeis. E o Mestre alertava sobre isso.

Aqueles que nos parecem perversos, maldosos, são também amados por Deus, que sempre os envia entes que também os ama e ajudam em suas regenerações, acudindo-os na hora certa em que são propensos a arrependerem-se  e começarem a caminhada da transformação. São inúmeros os casos narrados na literatura Espírita sobre Espíritos muito maldosos que pela ajuda amorosa de suas mães ou amparadores, acabam por enxergar o caminho do amor e perdão.

Em momentos de provas difíceis, os amparadores espirituais estão conosco, porque somos frágeis; um suicida poderá suicidar-se novamente, um alcoólatra poderá entregar-se à bebida novamente, um viciado poderá ser tentado a usar drogas novamente, e assim por diante. Cabe a cada um o esforço de resistir a tentação e conectar-se com as forças do bem.

Estamos numa era de mudanças profundas na Terra e somos convidados a nos defrontarmos conosco mesmos, com nossas próprias fragilidades, a medida que elas apresentam-se em nossas vidas, pois assim como para os apóstolos de Jesus, elas vêm para a nossa cura e na hora em que estamos prontos para aprender.

O bom é que podemos ser melhores, podemos nos reinventar a cada minuto do nosso presente, e mesmo desencarnando, teremos a chance de renascer e aprender sempre até atingirmos a luz. O Mestre nos mostra que, apesar de todas as nossas fragilidades, ou imperfeições, estamos a caminho da luz. No Livro dos Espíritos, na questão 117, os Espíritos nos informam que todos nós nos tornaremos perfeitos no futuro. Poderíamos ter uma notícia melhor?

Maria Lúcia Garbini Gonçalves

Nota do editor:
Imagem ilustrativa e em destaque disponível em <https://wallpaper4god.com/en/background_rose-in-the-sun/>. Acesso em: 23MAR19.

Maria Lúcia Garbini Gonçalves
Maria Lúcia Garbini Gonçalves

Tradutora, mora em Porto Alegre/RS, estudante da Doutrina Espírita, trabalha no Grupo Espírita Francisco Xavier como médium.

Deixe aqui seu comentário:

Divulgue o cartaz do seu evento espírita.

Clique aqui
WP2Social Auto Publish Powered By : XYZScripts.com
Abrir bate-papo
Precisa de ajuda?
Olá! Como podemos ajudá-lo(a)?