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Se o frio enregela a alma, a mão deixa de aquecer

julho 10, 2019

Felizmente não é a regra. Não obstante, é verdade que muitos só despertam para os atos de amor que transparecem na prática da caridade se forem tocados pela necessidade de forma absolutamente pessoal, só assim passam a enxergar a necessidade do próximo, antes invisível aos seus olhos. Não basta que alguém diga, que alguma pessoa peça, quando é visto de mais longe, o sofrimento não toca a todas as almas.

Não é incomum que só a aflição pessoal motive suficientemente o ser humano, alterando sua conduta perante o angústia do outro; não é raro que o tormento pessoal ou de alguém bem próximo sejam as únicas forças com energia para aquecer corações antes enregelados pela indiferença; que o martírio sentido na própria pele seja o maior incentivador daquele olhar que realmente enxerga, dirigido para os seres abandonados da sorte. Para muitos, somente quando isso acontece é que o sentimento de misericórdia nasce, então é que ocorre a percepção de que todos os gestos devem ser aquecidos pelo amor.

Aliás, no meio espírita é corriqueiro escutar a expressão “quem não vai pelo amor, vai pela dor”. Significa dizer que temos o direito de realizar o que quisermos, pois o livre arbítrio nos permite escolher. Todavia, quando escolhemos caminhos tortuosos ao invés dos caminhos da benevolência, decidimos aprender com as consequências muitas vezes dolorosas que nos visitarão no futuro, pois é da semente que se escolhe plantar que nascerá o fruto a ser colhido no amanhã.

Em outras palavras, seria melhor se despertássemos para a bondade já, se a visão da necessidade alheia tocasse as fibras de nossas almas e com ela nos tornássemos “pelo amor”, colaboradores de Deus.

Seria muito bom se nós, que já sentimos o frio na pele prenunciando o inverno que chegará em breve, pudéssemos lembrar como é bom estar aquecidos, e desse modo decidíssemos pela generosidade de doar desde a vestimenta que não nos serve mais até o cobertor comprado com objetivo de proteger um irmão. Seria… seria não, será! Será muito bom quando lembrarmos do sofrimento e não esperarmos que ele nos chegue para fazer recordar dos que já sofrem todos os tipos de necessidade.

Que o amor seja a nossa escolha, que nossa alma se aqueça no embalo da caridade e que nesse sentimento, saibamos estender as mãos.

Vania Mugnato de Vasconcelos

Nota do editor:
Imagem ilustrativa e em destaque disponível em <https://pxhere.com/pt/photo/975804>. Acesso em: 10JUL2019.

Vania Mugnato de Vasconcelos
Vania Mugnato de Vasconcelos

Advogada, Bacharel em Serviço Social, pós-graduada em Recursos Humanos. Casada, mãe, espírita desde os 12 anos de idade, palestrante em vários centros no interior de São Paulo. Trabalhadora do CE João Batista de Jundiaí – SP, atua na casa como palestrante e Coordenadora do Grupo de Pais. Discípula de Jesus pela Aliança Espírita Evangélica do ABC, é oradora em casas espíritas vinculadas à USE Regional Jundiaí. Também é oradora em seminários realizados pelo Instituto Chico Xavier de Itu, em parceria com outros trabalhadores da seara espírita. Articulista espírita em redes sociais, jornais e blogs, seus textos e poemas estão disponíveis ao público na internet, bem como possui canal de vídeos no Youtube contendo palestras e estudos espíritas.

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