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A Prece

janeiro 27, 2020

A prece é sempre agradável a Deus, quando ditada pelo coração

 “Até Deus não chegam os cânticos, senão
quando passam pela porta do coração.”
Allan Kardec (1)

O axioma de Sólon divulgado por Sócrates: “conhece-te a ti mesmo” é de muito mais largo espectro do que podemos imaginar. Embora condensadamente enunciado, é incomensurável no conteúdo e desdobramentos… E uma das suas inúmeras aplicações encontra-se no ato de orar, já que os nossos Irmãos Maiores da Espiritualidade dizem que devemos fazer da oração um estudo de nós mesmos.

Há quem ore muito e, não obstante, continua a levar uma vida desregrada, condimentada por excessos de vária ordem, onde vicejam o mau caráter, a inveja, as impertinências, o egoísmo, o orgulho, a vaidade e amplo leque de viciações.

O essencial não é orar muito, mas orar bem.   Nossas palavras ou pensamentos, quando enfeixados em prece, precisam ser veiculados pelo mais puro sentimento gerado no coração, sentimento esse escoimado de todo e qualquer laivo de egoísmo e orgulho.

Se fecharmos os olhos aos próprios defeitos imaginando que o mérito da prece está no excesso de palavras, estaremos fazendo da oração uma ocupação, mero emprego de tempo, nunca, porém, um estudo de nós mesmos. A ineficácia, portanto, do medicamento, prende-se à maneira que o aplicam, e não propriamente ao remédio.

A prece é sempre agradável a Deus, quando ditada pelo coração, pois, para Ele, a intenção é tudo. Assim, preferível Lhe é a prece gerada nos mais íntimos refolhos d`Alma à prece lida ou decorada, por muito bela que seja. A prece deve ser dita com o coração, com fé, fervor e sinceridade; não com os lábios.

Existem dois tipos de preces muito negligenciadas: as para agradecer e as para louvar, vez que, geralmente, só nos dispomos a orar para pedir. As boas ações são as melhores preces, por isso que os atos valem mais que as palavras.

As preces não têm o condão de desviar o curso de nossas provas, uma vez que elas estão vinculadas à vontade de Deus e algumas há que têm de ser carpidas até esgotar-se a última gota do cálice de fel. Entanto, quando oramos, trazemos para junto de nós os bons Espíritos que nos dão forças para atravessar a tormenta das provas e menos rudes, então, se nos parecerão.

Santo Agostinho (2) aconselha-nos a fazer um balanço moral do nosso dia, passando em revista tudo que fizemos, interrogando a consciência se não faltamos a alguns de nossos deveres ou se alguém tem motivo de queixa contra nós. Devemos formular de nós para conosco, questões nítidas e precisas e não temer multiplicá-las. E, pela forma em que as respostas forem chegando, poderemos avaliar a soma do bem conquistado ou o acervo de mal que ainda onera nossa economia espiritual e que necessita ser urgentemente erradicado, ou pelo menos, atenuado.

Nossas preces, portanto, além das características usuais de pedir, louvar e agradecer devem constituir-se também um profundo e isento autoexame.

Atentemos para o lúcido e oportuno ensinamento de Joanna de Ângelis (3): “(…) a prece, irmã gêmea da meditação, ilumina o raciocínio, dulcifica, sustenta, conduz, purifica… Canaliza os valores que dormem no ser para as realizações edificantes; imanta o Espírito às matrizes da sua origem e para cujo lar retornará.

A prece é o combustível para a sustentação da vida!

Jesus, a cada passo, buscava o silêncio da Natureza, durante o Seu ministério, para meditar, logo Se entregando à prece, de cujo concurso retornava à convivência dos homens, a fim de conduzi-los, sofrê-los e amá-los sem desfalecimentos até o fim.”

Rogério Coelho

Referências:
(1) KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 88.ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2006, q. 654;
(2) KARDEC, Allan.  “O Livro dos Espíritos” – 88.ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2006, questão 919.a; e
(3) FRANCO, Divaldo. “Momentos de esperança” – capítulo 2.

Nota do autor:
Para mais amplas luzes em torno deste tema, consulte as questões: 658, 660, 661, 663 e 919-a  de “O Livro dos Espíritos” e os capítulos XXVII e XXVIII do livro “O Evangelho Segundo o Espiritismo”.

Nota do editor:
Imagem ilustrativa e em destaque disponível em <https://ldsblogs.com/40018/jesus-prayed>. Acesso em: 27JAN2020.

Rogério Coelho
Rogério Coelho

Rogério Coelho nasceu na cidade de Manhuaçu, Zona da Mata do Estado de Minas Gerais onde reside atualmente. Filho de Custódio de Souza Coelho e Angelina Coelho. Formado em Jornalismo pela Faculdade de Minas da cidade de Muriaé – MG, é funcionário aposentado do Banco do Brasil. Converteu-se ao Espiritismo em outubro de 1978, marcando, desde então, sua presença em vários periódicos espíritas. Já realizou seminários e conferências em várias cidades brasileiras. Participou do Congresso Espírita Mundial em Portugal com a tese: “III Milênio, Finalmente a Fronteira”, e no II Congresso Espírita Espanhol em Madrid, com o trabalho: “Materialistas e Incrédulos, como Abordá-los?” Participou da fundação de várias casas Espíritas na Zona da Mata Mineira.

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