
A porta estreita
A crer na unicidade da existência a humanidade estaria relegada a triste destino
“(…) os que forem últimos serão os primeiros
e os que forem primeiros serão os últimos.”
– Jesus. (Lc., 13:30)
Somente conseguiremos entender o real significado dos versículos acima, exarados nas parábolas da “Porta Estreita” e dos “Trabalhadores da Última Hora” se os conectarmos com as Parábolas do “Festim das Bodas” e do “Filho Pródigo”. Os “primeiros” (localizados na parábola do Festim das Bodas – Mt., 22:1 a 14) são os hebreus, que foram chamados por Deus ao conhecimento da Sua Lei. Infelizmente, esses fizeram ouvidos moucos aos mensageiros divinos, vez que seus interesses rasteiros, horizontais, impediam a visão superior e preferiram continuar rentes às suas casas, campos e negócios que lhes falavam mais de perto…
Os “últimos” (localizados na parábola da Porta Estreita – Lc., 13:23 a 30) são as pessoas que virão do Norte, Sul, Leste e Oeste, e que não fizeram ouvidos moucos aos mensageiros do Mais Alto. São as criaturas que abriram mão do imediato, do palpável, dos interesses subalternos e voltaram-se para a conquista dos inalienáveis e verdadeiros tesouros: os dos Céus!
Atentemos para o significativo detalhe exarado em Mateus (22:9): “ide, pois, às encruzilhadas e chamai para as bodas todos quantos encontrardes”.
Refere-se a “encruzilhada”, isto é, a caminhos dispostos em forma de cruz. E encontramos em Lucas (13:29): “e virão do Oriente e do Ocidente, do setentrião e do Meio-dia”. Ora, Oriente = Leste, Ocidente = Oeste, Setentrião (setentrional) = Norte, Meio-Dia (meridional, austral) = Sul; aí está a “encruzilhada” referida em Mt., (22:9).
Os “últimos” virão, portanto, de todos os pontos geográficos.
OS PRIMEIROS SERÃO OS ÚLTIMOS
A “parábola do Filho Pródigo” mostra-nos com peregrina clareza que a “Porta” estará sempre aberta àqueles que desejam atravessá-la. Muitos, porém, só se dispõem a isso após o “batismo” do sofrimento. Os que inicialmente fizeram ouvidos moucos ao chamado divino voltarão, por último, mas voltarão… E, confiante nesse regresso Jesus afirmou (Mt.,18:14): “não é da vontade de vosso Pai, que está nos Céus, que um desses pequeninos se perca”.
A unicidade das existências é incompatível com tais realidades. Somente a pluralidade das existências poderá ensejar a travessia pela porta estreita (ainda que em último lugar). A crer na unicidade da existência estaríamos relegando grande parte da Humanidade a triste sorte, condenada a eternos “prantos e ranger de dentes“…
Aprendemos com o ínclito Mestre Lionês (1): “(…) por que essa porta tão estreita que só a muito poucos é dada transpor, se a sorte da Alma é determinada para sempre, logo após a morte?!
Com a anterioridade da Alma e a pluralidade dos mundos, o horizonte se alarga; faz-se luz sobre os pontos mais obscuros da fé; o presente e o futuro tornam-se solidários com o passado, e só então se pode compreender toda a profundeza, toda a verdade e toda a sabedoria das sentenças do Cristo”.
Rogério Coelho
Referência:
(1) KARDEC, Allan. O Evangelho Seg. o Espiritismo. 129.ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2009, cap. XVIII.
Nota do Editor:
Imagem ilustrativa e em destaque disponível em <http://www.catequesedobrasil.org.br/noticia/a-porta-que-da-acesso-a-vida-24082019-134931>. Acesso em: 12MAR2020.
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