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Conhecer-se a si mesmo: O autoconhecimento é a chave do progresso individual

agosto 13, 2020

“Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho, e então cuidarás de tirar o argueiro do olho do teu irmão.”
– Jesus. (Mt., 7:5.)

Com toda razão afirma Santo Agostinho (1) que o autoconhecimento é a chave do progresso individual, e indica-nos alguns procedimentos para lográ-lo, como, por exemplo, fazer um balanço do nosso dia moral para avaliação dos lucros e perdas em nossa economia espiritual. Mostra-nos a conveniência de formularmos para nós mesmos nítidas, precisas e múltiplas questões a respeito de nosso “modus-vivendi” cotidiano…

Allan Kardec complementa essas ponderações em uma nota subsequente, afirmando que “(…) a forma interrogativa tem alguma coisa de mais preciso do que qualquer máxima, que muitas vezes deixamos de aplicar a nós mesmos. Aquela exige respostas categóricas, por um sim ou um não, que não abrem lugar para qualquer alternativa e que são outros tantos argumentos pessoais e, pela soma que derem as respostas, poderemos computar a soma de bem ou de mal que existe em nós.”

Afirma ainda o Mestre Lionês (2): “uma das insensatezes da humanidade consiste em vermos o mal de outrem, antes de vermos o mal que está em nós. Para julgar-se a si mesmo, fora preciso que o homem pudesse ver seu interior num espelho; pudesse, de certo modo, transportar-se para fora de si próprio, considerar-se como outra pessoa e perguntar: que pensaria eu, se visse alguém fazer o que faço?! Incontestavelmente, é o orgulho que induz o homem a dissimular, para si mesmo, os seus defeitos, tanto morais, quanto físicos. Semelhante insensatez é essencialmente contrária à caridade, porquanto a verdadeira caridade é modesta, simples e indulgente… Caridade orgulhosa é um contrassenso, visto que esses dois sentimentos se neutralizam um ao outro. Com efeito, como poderá um homem, bastante presunçoso para acreditar na importância da sua personalidade e na supremacia das suas qualidades, possuir ao mesmo tempo abnegação bastante para fazer ressaltar em outrem o bem que o eclipsaria, em vez do mal que o exalçaria? Por isso mesmo, porque é o pai de muitos vícios, o orgulho é também a negação de muitas virtudes. Ele se encontra na base e como móvel de quase todas as ações humanas. Essa a razão por que Jesus se empenhou tanto em combatê-lo, como principal obstáculo ao progresso.”

Atentemos neste importante ensinamento do célebre La Fontaine (3), cuja essência está em completa identificação com os de Kardec e Santo Agostinho: “(…) o que impede, por vezes, que vos corrijais de um defeito, de um vício, é certamente que não apercebeis que o tendes. Enquanto vedes os menores defeitos do próximo, do irmão, nem mesmo suspeitais que tendes as mesmas falhas, talvez maiores que as deles. Isto é uma consequência do orgulho que vos leva, como a todos os seres imperfeitos, a não achar nada de bom, senão em vós mesmos.

Deveríeis vos analisar como se não fôsseis vós mesmos. Imaginai, por exemplo, que aquilo que fizestes ao vosso irmão, vos tivesse sido feito por ele. Colocai-vos em seu lugar: que faríeis? Respondei sem ideia preconcebida, pois supondo que quereis a verdade. Isto fazendo, estou certo de que muitas vezes descobrireis defeitos vossos, que antes não havíeis notado. Sede francos convosco mesmos; travai conhecimento com o vosso caráter, mas não o aduleis, porque as crianças aduladas às vezes se tornam más e os aduladores são os primeiros a experimentar os efeitos. Voltai um pouco à sacola onde estão os vossos e os alheios defeitos. Ponde os vossos à frente e os dos outros para trás e cuidai que não tenhais de baixar a cabeça quando tiverdes a vossa carga à frente.”

Com esses cuidados, naturalmente não faremos por onde merecer o epíteto de hipócritas dado por Jesus àqueles que, tendo em seu olho uma trave, soleniza e realça o argueiro do olho do seu irmão.

Rogério Coelho

Referências:
(1) KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 88.ed. Rio: FEB, 2006, q. 919-a;
(2) KARDEC, Allan. O Evangelho Seg. o Espiritismo. 129.ed. Rio: FEB, 2009, cap. X, item 10; e
(3) KARDEC, Allan. Revue Spirite. Junho de 1863. Araras: IDE, 2000.

Nota do editor:
Imagem ilustrativa e em destaque disponível em <https://lulacerda.ig.com.br/alta-ajuda-por-anna-sharp-o-grande-espelho/>. Acesso em: .

Rogério Coelho
Rogério Coelho

Rogério Coelho nasceu na cidade de Manhuaçu, Zona da Mata do Estado de Minas Gerais onde reside atualmente. Filho de Custódio de Souza Coelho e Angelina Coelho. Formado em Jornalismo pela Faculdade de Minas da cidade de Muriaé – MG, é funcionário aposentado do Banco do Brasil. Converteu-se ao Espiritismo em outubro de 1978, marcando, desde então, sua presença em vários periódicos espíritas. Já realizou seminários e conferências em várias cidades brasileiras. Participou do Congresso Espírita Mundial em Portugal com a tese: “III Milênio, Finalmente a Fronteira”, e no II Congresso Espírita Espanhol em Madrid, com o trabalho: “Materialistas e Incrédulos, como Abordá-los?” Participou da fundação de várias casas Espíritas na Zona da Mata Mineira.

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