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Vamos falar de posvenção? 

outubro 27, 2020

É chamado de posvenção os cuidados e atenções dedicados aos familiares e amigos de alguém que interrompeu a existência ao cometer o suicídio. 

 O suicídio é um evento traumático e que atinge um bom número de pessoas que estão no entorno de quem cometeu o ato. É algo que marca familiares e amigos pela vida toda. Na questão que envolve a morte, o que a torna mais ou menos dolorosa é o seu contexto. Uma coisa é a partida de um ente querido por doença de longo curso. Outra coisa é a morte por suicídio. 

 Portanto, quando se fala em posvenção, está, também, tratando do tema prevenção, pois cuidar dos enlutados, dedicar-lhes atenção, é prevenir outros suicídios e diminuir a dor da família e amigos abalados pelo contexto da morte do familiar. 

 Por isso, diante do preâmbulo e de como a posvenção é uma prática significativaescrevo aos amigos espíritas para compartilhar ideias que surgiram após a pesquisa de campo que venho realizando há alguns anos sobre a referida temática. 

 Quero aqui falar sobre os cuidados ao abordar os familiares e amigos enlutados e que, por questões naturais, haja vista que o Espiritismo aborda muito bem os temas referentes à vida e à morte, procuram o centro espírita para receber o tão esperado consolo e paz ao coração 

 Compreendo a boa vontade de alguns amigos espíritas que, ao se depararem com familiares enlutados pelo suicídio de algum afeto, indicam a literatura espírita como bálsamo à alma. De fato, por ser consolador, o Espiritismo tem em sua literatura bons livros para serem indicados no trabalho de posvenção. 

 Contudo, alguns livros espíritas podem causar mais mal do que bem ao familiar enlutado, e é neste ponto que o espírita deve prestar bem atenção. Livros que trazem alta carga de dramaticidade, com relatos dolorosos dos Espíritos que cometeram o ato do suicídio devem ser evitados, assim como deve ser evitada aquela visão muito próxima do inferno católico, vale dos suicidas e tantas outras coisas que podem causar dor ao familiar enlutado. 

 Antes de sugerir alguma leitura ou de proferir frases de efeito, recorde-se que você está atendendo alguém que passa por uma dor muito grande que é a do luto pelo suicídio. Lembre-se, portanto, que o objetivo é acalmar o familiar ou amigo e não assustar. 

 No trabalho de posvenção é importante destacar o Espiritismo que valoriza a vida e a esperança, a mostrar que não há penas eternas e nenhum Espírito está perdido, sem o amor de Deus. 

 Este perfil de consolo e esperança necessita ser trabalhado para que as famílias enlutadas vejam que apenas o corpo morreu, mas o Espírito é imortal, o que, certamente, ao menos diminuirá a dor pela forma da partida e a natural saudade advinda da separação, além de, é claro, colaborar para que outros suicídios não venham a ocorrer no seio da família enlutada. 

 

Wellington Balbo 

 

Wellington Balbo
Wellington Balbo

Professor universitário, Bacharel em Administração de Empresas e licenciado em Matemática, Escritor e Palestrante Espírita com seis livros publicados: Lições da História Humana; Reflexões sobre o mundo contemporâneo; Espiritismo atual e educador; Memórias do Holocausto (participação especial); Arena de Conflitos (em parceria com Orson Peter Carrara); Quem semeia ventos... (em parceria com Arlindo Rodrigues).

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