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A morte não é nada

outubro 29, 2020

“A morte não é nada: eu somente passei para o outro lado do Caminho”. Essa é a primeira frase da mensagem de Santo Agostinho, encontrada em sua obra “Confissões” (1). Apesar de ser muito divulgada no Catolicismo, fala de comunicabilidade com os espíritos, quando ele diz “falem comigo como vocês sempre fizeram”.

Se o leitor me permite, colocarei aqui um caso pessoal. Minha mãe biológica era católica e em seu funeral o padre que fez as orações solicitou-nos que lêssemos essa referida mensagem de Santo Agostinho. No dia 23 de outubro completaram-se sete anos de seu desencarne. Não tínhamos ainda lembrado da data, quando nossa irmã biológica, que se encontrava chateada por problemas de saúde naquele mesmo dia, sentiu uma vontade de olhar as fotos antigas. Então encontrou um antigo bilhetinho que nossa mãe, ainda encarnada, havia lhe colocado por debaixo da porta do quarto num dia em que ela encontrava-se meio triste, só encerrada no quarto, que dizia: “Olha a vida frente a frente, como quem quer adivinhar…Deixa depois o coração falar”, não sabemos a fonte. Nossa mãe amava poesias e sempre tinha uma frase maravilhosa que se encaixava no contexto em que ela as citava e, em geral, era de uma profundidade tocante. Logo após, minha irmã achou vários bilhetinhos de nosso pai também. Ficamos muito emocionadas ao darmo-nos conta de que era o dia do desencarne dela.

Isso acontece com todos nós o tempo todo. Como diz a mensagem de Santo Agostinho: “o fio não foi cortado. Por que eu estaria fora de seus pensamentos, agora que estou apenas fora de suas vistas?”. Se colhêssemos depoimentos das pessoas, precisaríamos de um computador muito potente para armazenar todas as informações que nos dariam, semelhantes à nossa experiência.

A Doutrina Espírita esclarece, facilmente, todo esse processo de comunicabilidade dos espíritos, que é constante e basta ter olhos de ver e ouvidos de escutar que nosso coração e razão constatarão a veracidade.

Quando entendermos que “A morte não é nada”, que os vínculos afetivos não se encerram com a morte física de nossos afetos e, melhor ainda, quando começarmos a estudar as obras de Kardec e compreendê-las, o dia de Finados não será mais necessário, pois os entes queridos serão, constantemente, lembrados por nós em nossas orações.

Aliás, a melhor homenagem que poderíamos prestá-los é enviar-lhes vibrações de amor e, quanto mais aprimorarmo-nos como seres humanos, tanto melhor a qualidade dessas vibrações pois, quanticamente, falando, quando alguém “dá um salto quântico”, todos os que lhes têm vínculos afetivos acabam recebendo os benefícios de tal evolução.

Logo, a nossa melhora espiritual é uma caridade aos que nos ligamos, espiritualmente, encarnados ou desencarnados.

Então, leitor, cada vez que lembrares de teu ente querido que desencarnou, pensa que ele/ela nunca te abandonou e quer vê-lo feliz, imagina ele/a te falando como na mensagem de São Agostinho:

“Deem-me o nome que vocês sempre me deram, falem comigo como vocês sempre fizeram… Não utilizem um tom solene ou triste, continuem a rir daquilo que nos fazia rir juntos. Rezem, sorriam, pensem em mim. Rezem por mim”. (1)

Mas não fique apegado demais ao ente desencarnado, lamentando a ilusória “perda”, o que não faz bem a ninguém. Segue em frente tua jornada, sendo útil e cultivando o amor e a alegria de viver.

Maria Lúcia Garbini Gonçalves

Referências Bibliográficas:
(1) SANTO AGOSTINHO. Confissões.

 

Maria Lúcia Garbini Gonçalves
Maria Lúcia Garbini Gonçalves

Tradutora, mora em Porto Alegre/RS, estudante da Doutrina Espírita, trabalha no Grupo Espírita Francisco Xavier como médium.

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