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O Espiritismo segundo os espíritas 

janeiro 12, 2021

O Espiritismo detalha a moral de Jesus, colocando-a ao alcance de todas as criaturas. 

 

“O homem está sempre disposto a negar aquilo que não compreende”.
– Pascal 

 

As pessoas mal informadas a respeito do Espiritismo e cuja capacidade de análise é muito superficial exclamam vez por outra: “Espiritismo é coisa do diabo!… A Bíblia condena o Espiritismo!… Só o diabo é que se comunica pelos médiuns para enganar os crédulos e ingênuos!…” 

Partindo da argumentação de que só o diabo pode se manifestar do outro lado da tumba, é curioso observar que ele trabalha contra ele mesmo, pois graças ao intercâmbio mediúnico um número incontável de incrédulos passou a acreditar que a morte não é o fim de tudo; que o túmulo não é o epílogo senão o recomeço de uma nova vida! Graças às comunicações dos Espíritos é que muitas criaturas se esclareceram quanto ao real significado da vida, quanto à sua origem e destino e muitas outras se consolaram e encontraram a paz ante o episódio da “morte” de um ser querido. 

Já prevendo a futura comunicação entre os mundos espiritual e corporal, aconselhou João, o Evangelista (2)(…) experimentai se os Espíritos são de Deus.”  Ora, essa recomendação é muito importante, sem dúvida alguma.  Devemos passar pelo filtro da razão mais severa todas as comunicações recebidas, inclusive as do próprio mentor de nossa Sociedade Espírita.  O mundo espiritual, como o corporal, está repleto de Espíritos levianos, brincalhões, pseudossábios, cínicos medíocres, traiçoeiros… 

Junto ao cuidado proposto pelo Evangelista, devemos também alinhar a recomendação de Paulo que escreveu aos Tessalonicenses (2)examinai tudo, retende o bom.” Assim, devemos sempre examinar com muita atenção as comunicações dos Espíritos e só aproveitarmos aquelas que não ferem a razão e tampouco a lógica e que são portadoras de lições oportunas, rejeitando, em contrapartida, todas as que não primam pela verdade e não têm finalidade útil. 

O Espiritismo em seu tríplice aspecto: científico, filosófico e religioso, não se encontra atrelado a dogmas que engessam o discernimentoA Doutrina Espírita não é (como creem vulgarmente), uma receita para fazer as danças das mesas ou para executar passes de escamoteação e tampouco é uma oficina do maravilhoso ou sobrenatural... O Espiritismo simplesmente ensina e detalha a moral de Jesus, colocando-a ao alcance de todas as criaturas que se esforçam por vencerem-se a si mesmas e buscar o aperfeiçoamento, ou seja, a iluminação interior. 

Em seu aspecto religioso, o Espiritismo nada possui que possa ao menos superficialmente lembrar ou admitir dogmas, fórmulas, bulas, prática de culto exterior, paramentos próprios, casta sacerdotal ou hierarquias… Sua Filosofia, erguida em base científica, é estabelecida sobre a prova certa e insofismável da Imortalidade da Alma. 

É para fornecer esta prova que os Espíritas evocam os Espíritos de além-túmulo, enquanto que de muitas outras vezes eles se manifestam espontaneamente. 

Os médiuns são dotados de uma faculdade natural que os tornam aptos a servir de intermediários aos Espíritos e a produzir com eles os fenômenos que passam por milagres ou por prestidigitação, aos olhos de quem quer que ignore a sua explicação.  

A faculdade mediúnica não é privilégio exclusivo de certos indivíduos.  Ela é inerente à espécie humana posto cada um a possui em graus diversos ou sob formas diferentes. 

Assim, para quem conheça o Espiritismo, todas as maravilhas de que acusam esta Doutrina não passam de fenômenos de ordem física, isto é, de efeitos cuja causa reside nas Leis da Natureza. 

O Espiritismo nos ensina a suportar a desgraça sem a desprezar, a gozar a felicidade sem a ela nos apegarmos; coloca-nos acima dos interesses materiais, sem por isso marcá-los com o aviltamento, porque nos ensina, ao contrário, que todas as vantagens com que somos favorecidos são outras tantas forças que nos são confiadas e por cujo emprego somos responsáveis para conosco e para com os outros. 

Vem, então, a necessidade de especificar esta responsabilidade, as penas ligadas à infração do dever e as recompensas de que desfrutam os que a obedeceram; mas aí, então, as asserções não são tiradas senão dos fatos e podem verificar-se até à perfeita convicção. 

Tal é esta Filosofia, onde tudo é grande, simples; onde nada é obscuro, porque tudo é provado; onde tudo é simpático, porque cada questão aí interessa a cada um de nós. 

Tal é esta Ciência que, projetando uma viva luz sobre as trevas da razão, de repente desvenda os mistérios que julgávamos impenetráveis, e recua até o infinito, o horizonte da inteligência; tal é a Doutrina Espírita, que pretende tornar felizes e melhores todos os que concordam em segui-la e que, enfim, abre à humanidade, uma via segura para o progresso moral; tal é, finalmente, a loucura de que são atingidos os Espíritas e a feitiçaria que praticam!              

Rogério Coelho 

 

Referências : 

  1. Jo., 4:1;  
  2. I Tess., 5:21. 

Nota do autor: 

Este texto está baseado num artigo de A. Briquel, publicado no jornal “La Discussion” de Bruxelas, no dia 31.12.1865 e transcrito para a “Revue Spirite” de Fevereiro de 1866.

Rogério Coelho
Rogério Coelho

Rogério Coelho nasceu na cidade de Manhuaçu, Zona da Mata do Estado de Minas Gerais onde reside atualmente. Filho de Custódio de Souza Coelho e Angelina Coelho. Formado em Jornalismo pela Faculdade de Minas da cidade de Muriaé – MG, é funcionário aposentado do Banco do Brasil. Converteu-se ao Espiritismo em outubro de 1978, marcando, desde então, sua presença em vários periódicos espíritas. Já realizou seminários e conferências em várias cidades brasileiras. Participou do Congresso Espírita Mundial em Portugal com a tese: “III Milênio, Finalmente a Fronteira”, e no II Congresso Espírita Espanhol em Madrid, com o trabalho: “Materialistas e Incrédulos, como Abordá-los?” Participou da fundação de várias casas Espíritas na Zona da Mata Mineira.

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