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Saber interpretar 

março 12, 2021

Conheço uma professora de inglês que passou dar aulas de interpretação de texto também para os estudantes interessados em passar no vestibular, pois notava que seus problemas estavam além da língua inglesa em si. De fato, tudo parece girar em torno de saber interpretar. 

Interpretação requer treino e lógica; é uma verdadeira ciência que não deve dar lugar à subjetividade, ou não estará correta. Naturalmente que pessoas com cultura, em geral, interpretam bem textos, o problema é se essa mesma pessoa não tem um proporcional adiantamento moral e mascara a verdade do texto. 

Não poderíamos deixar de falar em Allan Kardec quando o assunto é lógica, ciência e correta interpretação. 

Lembro que meu primeiro contato com a Codificação foi O Livro dos Médiuns que, casualmente, encontrei em um balaio de ofertas numa livraria. Achei interessante e resolvi comprá-lo. Só que ficou parado na prateleira por muito tempo, porque achei difícil de entender. Mas o assunto “Espiritismo” não saia da minha mente e resolvi aprofundar, bem lentamente. Exigiu-me esforço e dedicação. 

É interessante notar-se que, no estudo da Doutrina Espírita, as pessoas que não estão acostumadas com as obras básicas de Kardec encontram uma enorme dificuldade na sua interpretação. Mas a disciplina e persistência incentivadas pelo bem estar que a própria Casa Espírita causa devido às emanações dos Espíritos Superioresjuntamente com a própria ajuda que o grupo de estudo proporciona, acabam por facilitar o processo todo. E toda a pessoa que , nota que acaba se “acostumando” com o vocabulário do autor e passa a entendê-lo cada vez melhor. 

Cada leitura que fazemos de qualquer obra é diferente, pois cada vez compreendemos melhor e alcançamos níveis de entendimentos que antes eram inacessíveis. 

Por isso, é tão importante incentivarmos as crianças a lerem, fazendo-as descobrir desde tenra idade o mundo mágico da leitura, o que irá facilitar a vida delas, em todos os aspectos. Ainda bem que a internet propicia a qualquer pessoa hoje acessar livros. Então não temos mais desculpas para não desenvolvermos o hábito da leitura. 

Para ilustrar, o mundo sofre mais ainda pela má interpretação que fazem do próprio efeito das vacinas contra o COVID-19. Vejamos o caso vacina da CoronaVac.  Está no site https://butantan.gov.br/noticias/coronavac-tudo-que-voce-sempre-quis-saber-e-nao-tinha-para-quem-perguntar do Instituto Butantan, acessível a quem quiser, a seguinte explicação:  

Os resultados do estudo da fase 3 mostraram que nos casos graves e moderados a eficácia é de 100%. Para os casos leves, 78% e, nos muito leves, 50,38%. Isso significa que temos 50,38% menos chances de contrair a doença. Se contrairmos, há 78% de chance de não precisarmos de qualquer atendimento médico e 100% de certeza de que a enfermidade não vai se agravar.”  

A conclusão de uma pessoa que acredita na ciência e na lógica é que é melhor com a vacina do que sem ela. 

Temos uma conhecida que reclamava que sua mãe recebeu a vacina e teve uma reação de feridas no corpo e boca, e isso parece ter reforçado sua ideia de não se vacinar. Só que nossa amiga não leu direito que sua mãe não terá maior gravidade, não irá para uma UTI e nem precisará de ventilação. E assim as ideias errôneas se propagam, fruto também de superstições totalmente desprovidas da razão e da lógica da ciência, além do desequilíbrio emocional das pessoas. 

 Todos os grandes palestrantes, cientistas, filósofos que tivemos e ainda temos são pessoas que estudaram muito e souberam colocar para humanidade o fruto do que eles descobriram interpretando e propagando os seus frutos. Aliás, Kardec interpretou as respostas dos espíritos, divinamente, com absoluta imparcialidade, lógica e ciência, e o Espiritismo vive até hoje. As grandes verdades chegam até nós assim. As ideias que não são verdades, fruto de má ou mal intencionada interpretação acabam sumindo, pois suas bases são falsas. 

Infelizmente, a má interpretação acontece no campo do que é dito por nossos irmãos, fruto da falta de amor com que lidamos uns com os outrosQualquer deslize que as pessoas apresentam ao falar é cruelmente atacado, ou mal interpretado. Somos apressados em julgar, mas muito lentos ainda em perdoar, em ser indulgentes.   Nosso nível moral afeta totalmente nosso modo de interpretar tudo o que nos cerca. 

“Segundo Jung o ser humano se dirige para a realidade através de funções que se transformam em atitudes psíquicas. Quando associadas aos comportamentos e de acordo com a direção da energia psíquica elas se transformam em tipos psicológicos. São quatro as funções psíquicas: pensamento, sentimento, sensação e intuição. Elas são responsáveis pelos modos de apreensão da realidade. A função pensamento nos faz entender as coisas e os eventos de forma utilitária e causal. A função sentimento nos auxilia a atribuir juízos de valor. A função sensação nos possibilita apreender a realidade como ela é, com forte ligação sensorial. A função intuição nos permite estabelecer conexões espaciais e temporais aos eventos que se passam conosco. Independente dessa classificação, que por si só já nos bastaria, podemos captar a realidade de modos tão distintos quantas sejam as configurações da psique humana. A nossa visão de mundo, isto é, as expectativas e configurações que atribuímos à realidade, são o principal direcionador da forma como e do que captamos dela. A realidade torna-se como a água que adota a forma do vaso que a contém.” (1) 

Quanto maior o equilíbrio da nossa psique, melhor a nossa apreensão da realidade. Então, o que interpretamos do mundo mostra quem somos; é o nosso retrato. Logo, a nossa saída continua sendo procurarmos seguir os passos do Mestre Jesusinvestindo na reforma íntima e na caridade, pois assim teremos um entendimento da vida mais harmônico e justo. Sempre acabaremos nessa solução, não é à toa que Ele dizia ser o Caminho, a Verdade e a Vida. 

Maria Lúcia Garbini Gonçalves 

Referência: 

  1. NOVAES, Adenáuer. Psicologia do EspíritoCapítulo Inteligência. 
Maria Lúcia Garbini Gonçalves
Maria Lúcia Garbini Gonçalves

Tradutora, mora em Porto Alegre/RS, estudante da Doutrina Espírita, trabalha no Grupo Espírita Francisco Xavier como médium.

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