
Política
O Espiritismo respeita todas as instituições governamentais, porque considera que originariamente foram criadas com o fim de proporcionar bem-estar ao povo. Se essa finalidade maior em algum momento foi deturpada, ou ainda está sendo, pelos que ocupam os cargos públicos, nem por isso a instituição em si mesma deve ser descartada, porquanto o modelo democrático é o que mais corresponde aos ideais cristãos.
Não cabe à Doutrina Espírita qualquer intromissão direta nos destinos políticos do Brasil e nem nos conflitos populares, porque essas questões, às vezes tão intricadas e de difícil solução, são de responsabilidade das autoridades constituídas.
Preocupa-se o Espiritismo em oferecer ao homem um estilo de vida baseado nos ensinamentos de Jesus, que em síntese são fundamentados no amor ao próximo, na fraternidade universal e na solidariedade. E nesse objetivo não há lugar para opção por ricos ou pobres, por criminosos ou vítimas, por governantes ou governados, porque perante Deus todos somos iguais. Aflitos, desesperados e sofredores espalham-se por todas as classes sociais, variando as circunstancias e a natureza, mas na essência a dor é a mesma.
Não se pode fazer distinção entre aqueles que buscam o consolo na religião, assim como o médico não pode se negar a salvar a vida do criminoso ferido que lhe chega às mãos. Há males do corpo e males da alma, estes muito piores do que aqueles. E se a medicina cura o corpo, a religião deve se preocupar primordialmente em curar a alma.
Aliás, a doutrina revive o Cristo quando disse que não veio para os sãos, mas sim para os doentes.
Obviamente que não se pode pactuar com o erro, mas o criminoso merece sempre o nosso socorro e orientação, para que não venha a incorrer novamente no crime. Segundo o Evangelho, há mais alegria no céu por um pecador arrependido do que por noventa e nove justos que não precisam de arrependimento (Lucas, 15:7).
O Espiritismo, assim, não tem quaisquer pretensões ao poder temporal e falível dos homens, e sua mensagem consoladora é dirigida essencialmente ao coração e à mente da criatura.
Lemos certa vez a história sobre determinado jornalista que pretendia escrever uma crônica, mas não conseguia porque o pequeno filho andava de bicicleta ao seu redor. Para conseguir silêncio, deu ao filho um quebra-cabeça do mapa-múndi, imaginando que com isso ele ficaria entretido por um bom tempo, face à dificuldade de se identificar os países. Foi grande a sua surpresa quando logo o filho terminou de montar. Mais surpreso ainda ficou com a resposta do pequeno: foi fácil, atrás do mapa havia o corpo de um homem; montei o homem e o mapa apareceu.
Então o jornalista escreveu o seu melhor artigo, falando sobre como o mundo pode ser mudado se o homem se modifica.
Não obstante, o espírita não é impedido de iniciar-se na vida pública, se para isso tiver inclinação. Poderá ocupar cargos e funções de relevo na sociedade. Imperioso, porém, que seja forte o bastante na sua convicção cristã, tornando-se um servidor do povo e não se deixando corromper pelas vaidades e facilidades do poder, pois do contrário estará assumindo imensas responsabilidades perante a Justiça Divina.
Donizete Pinheiro
Nota do editor:
Imagem ilustrativa e em destaque disponível em <https://cafecomkardec.com.br/home/espiritismo-e-politica/>. Acesso em: 23MAI2021.
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