
A Lei de Adoração e a Prece
As leis morais listadas no livro terceiro de O Livro dos Espíritos, especificamente a partir da questão 614, são oriundas da lei natural ou divina – a lei de Deus, única verdadeira para a nossa felicidade, escrita na nossa consciência, eterna e imutável como o próprio Senhor da Vida –, e nada mais são do que os direcionamentos à humanidade de como melhor proceder.
Notadamente quanto à adoração, esta faz parte da lei natural e resulta de um sentimento inato ao ser humano, consistindo na elevação do pensamento a Deus através da prece, ocasião em que nos aproximamos Dele, em que nos colocamos em comunicação com Ele, de acordo com as manifestações da plêiade do Espírito de Verdade às perguntas 649, 652 e 659, todas de O Livro dos Espíritos.
A resposta dos benfeitores espirituais à questão 653 do livro examinado é bastante elucidativa, no sentido de que “em todas as vossas ações, imaginai sempre que um senhor vos observa”, aconselhamento que corrobora o que dito anteriormente, acerca da correção e do melhor proceder nas nossas atitudes e ações.
Pois bem. No capítulo 26 do opúsculo Pensamento e Vida, cujo título é Oração, Emmanuel nos diz que “a oração é divino movimento do espelho de nossa alma no rumo da Esfera Superior, para refletir-lhe a grandeza”. Mais à frente, o orientador espiritual diz que “orar é identificar-se com a maior fonte de poder de todo o Universo, absorvendo-lhe as reservas e retratando as leis da renovação permanente que governam os pensamentos da vida. A prece impulsiona as recônditas energias do coração, libertando-as com as imagens de nosso desejo, por intermédio da força viva e plasticizante do pensamento, imagens essas que, ascendendo às Esferas Superiores, tocam as inteligências visíveis ou invisíveis que nos rodeiam, pelas quais comumente recebemos as respostas do Plano Divino, porquanto o Pai Todo-Bondoso se manifesta igualmente pelos filhos que se fazem bons”.
Como se vê no final da instrução de Emmanuel, recebemos as respostas divinas às nossas preces através das criaturas, encarnadas ou desencarnadas, ou seja, Deus ajuda os seus filhos sempre por meio dos seus filhos. Isso já vinha confirmado nos ensinamentos do grupo Espírito de Verdade postos no item 11 do capítulo XXVII de O Evangelho Segundo o Espiritismo, de acordo com o qual, “através da prece, o homem atrai o concurso dos bons Espíritos, que vêm apoiá-lo em suas boas resoluções, e inspirar-lhe bons pensamentos. Adquire, assim, a força moral necessária para vencer as dificuldades e reentrar no caminho reto, se dele se afastou; e também assim pode desviar de si os males que atrairia por sua própria falta”.
Arrematando o já referido capítulo 26 do livro Pensamento e Vida, Emmanuel enfatiza o ensinamento, dizendo que “pelo divino circuito da prece, a criatura pede o amparo do Criador e o Criador responde à criatura pelo princípio inelutável da reflexão espiritual, estendendo-lhe os Braços Eternos, a fim de que ela se erga dos vales da vida fragmentária para os cimos da Vida Vitoriosa”.
E aqui há que mais uma vez se citar as orientações do orientador de Francisco Cândido Xavier, agora proferidas no item 1.3-A Prece, do livro intitulado Emmanuel: “… a prece deve ser cultivada, não para que sejam revogadas as disposições da Lei divina, mas a fim de que a coragem e a paciência inundem o coração de fortaleza nas lutas ásperas, porém necessárias”, abonando o que os espíritos superiores trouxeram na segunda parte do item 7 do capítulo XXVII de O Evangelho Segundo o Espiritismo, no sentido de que “o que Deus lhe concederá, se se dirigir a Ele com confiança, é a coragem, a paciência e a resignação”.
Ao término dessas modestas palavras, e diante de todo o apresentado, pode-se perceber que a adoração à Divindade faz parte da lei natural ou divina, resultando de um sentimento inato ao ser humano, enquanto criatura.
A mais exata expressão da adoração consiste na elevação do pensamento a Deus através da prece, ocasião em que mais nos aproximamos Dele, quer seja para fazer uma glorificação, um agradecimento ou um pedido.
Como o poder da prece está no pensamento, não dependendo das palavras, do lugar ou do momento em que é feita, mas da franqueza de coração e de sentimento de quem a professa, há que se ficar com o que é pronunciado pelos benfeitores espirituais no final do item 12 do capítulo XXVII de O Evangelho Segundo o Espiritismo: “A prece é recomendada para todos os espíritos. Renunciar à prece é ignorar a bondade de Deus; é rejeitar sua assistência para si mesmo, e, para os outros, o bem que se lhes pode fazer”.
Renato Confolonieri
Nota do editor:
Imagem ilustrativa e em destaque disponível em <https://www.iquilibrio.com/blog/espiritualidade/oracoes-salmos/oracao-para-ter-coragem/>. Acesso em: 09JUL2021.
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