Oração: uma autoanálise

Rogério Coelho
25/07/2021
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Louvar, pedir e agradecer: tais são os desdobramentos da prece

                                               “Toda prece  tornar-se-á   medicação  ineficaz  desde  que  se
traduza em litania mecânica, sonolenta, hipnótica, repetitiva,
 monótona e superficial, trazendo amodorrado  o sentimento e
constituindo simples ocupação  ou inútil  emprego de tempo.”
                                              – Schaunard Petain Dubois

Jesus, vezes sem conto, dirigia-Se, em prece, ao Pai Celestial, num colóquio pleno de unção, carinho, respeito e elevado senso de oportunidade…

Sendo a prece um ato de adoração, conforme exposto na questão nº. 659 de “O Livro  dos  Espíritos”, quando oramos,  aproximamo-nos de Deus, estabelecendo, então, o  contato com as sublimes e imperecíveis fontes da Espiritualidade Maior.

A prece, consoante informação dos Amigos Espirituais que colaboraram com a Codificação, leva-nos  a três situações  distintas, desdobrando-se em:  louvor,  pedido  e agradecimento.

Aprendemos o seguinte em “O  Evangelho   Segundo   o Espiritismo”, capítulo vinte e sete, item quatro: “as  qualidades  da  prece  estão  claramente definidas  por  Jesus. Quando  orardes –  diz  Ele  –  não  vos coloqueis  em evidência, mas orai secretamente. Não  afeteis  de muito  orar,  porque não é pela multiplicidade das  palavras  que sereis atendidos, mas pela sinceridade da prece.  Antes de  orar, se tendes alguma coisa contra alguém, perdoai-lhe, porque a prece não será agradável a Deus, se não parte de um coração  purificado de  todo  sentimento  contrário à  caridade.   Orai,  enfim,  com humildade,  como  o  publicano, (Lc., 18:9 a 14)  e  não  como  o fariseu; examinai os vossos defeitos e não as vossas qualidades e se vos comparardes aos outros, procurai o que há de mal em vós”.

Portanto, vemos que somente é agradável a Deus a prece veiculada pelo sentimento, pelo coração. Sem, os ingredientes do fervor, da sinceridade e da vera  humildade,  a prece  não  conduz  as  vibrações  encarregadas  de  acionar   os dispositivos de auxílio, resultando, por fim, inútil.

Aquele cuja prece está impregnada de fervor e confiança fortalece-se contra as tentações do mal e  Deus  lhe envia  bons  Espíritos  para assisti-lo.  Esse socorro nunca  é recusado, quando solicitado com sinceridade e fé.

Concluímos, então, com os Benfeitores Espirituais (1): o mérito da oração não está na beleza das palavras  nem na  extensão das mesmas, mas, no fato de a transformarmos  num estudo de nós mesmos.

Além disso, há que se estar atento  para  as respostas  do Mais Alto, porque, não raro, Deus nos  assiste  por meios tão naturais que parecem até obra do “acaso” e muitas vezes recebemos  pelos canais da intuição a ideia que nos fará sair  da dificuldade pelo nosso próprio esforço.

Somente dentro do espírito desses critérios é que  podemos compreender  a  essência  da  afirmativa Messiânica, registrada no Evangelho escrito por Marcos (11:24): “o que quer que seja que pedirdes na  prece, crede que o obtereis, e vos será concedido”.                

Rogério Coelho

Referência:
(1) KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 88.ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2006, q. 660a. 

Nota do editor:
Imagem ilustrativa em destaque disponível em <https://www.guideposts.org/faith-and-prayer/daily-devotions/the-power-of-humility>. Acesso em: 25JUL2021.

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