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“Amarás teu próximo como a ti mesmo”

agosto 28, 2021

Muitas vezes temos o remédio para as dores alheias, mas não temos o lenitivo para as nossas próprias tristezas.

Há momentos em que temos uma palavra amiga para aqueles que se nos apresentam com dificuldades. Porém, não encontramos o consolo para as nossas próprias angústias.

Várias vezes damos um bom conselho para os desesperados, sem saber o que fazer com os nossos martírios mais íntimos.

Como proceder quando o desespero bate à nossa porta, quando as aflições nos visitam, quando a angústia faz parte do nosso quotidiano?

Dependendo do estado emocional em que nos encontramos, a resposta a essas perguntas pode, pois, parecer impossível de ser encontrada…

A Doutrina Espírita nos fala de como melhor proceder através da máxima “fora da caridade não há salvação”. De fato, o capítulo XV de O Evangelho Segundo o Espiritismo inicia com a parábola do bom samaritano, contada por Jesus, levando-nos a crer que a caridade – com as suas características de estar ao alcance de todos, sendo independente de qualquer crença popular – somente é possível de ser praticada para com o próximo.

Essa não é uma interpretação equivocada, já que está totalmente em consonância com os ensinos espíritas.

Realmente, e conforme dito anteriormente, levar uma palavra positiva, de incentivo, de consolo a quem sofre, a quem sabemos estar precisando, é cumprir à risca o que nos foi ensinado por Jesus (sendo posteriormente confirmado pelos espíritos), é praticar a caridade em toda a sua plenitude.

No entanto, essa interpretação do ensinamento não está completa.

Há outro preceito deixado pelo Mestre irresistível que nunca deve ser posto de lado na nossa caminhada enquanto criaturas, que jamais deve ser esquecido, que sempre deve ser posto como objetivo da nossa existência, devendo ser interpretado em conjunto com a caridade para com o próximo.

Jesus, ao ser indagado sobre o maior mandamento da lei, respondeu: “Amarás o Senhor teu Deus de todo teu coração, de toda tua alma e de todo teu espírito; este é o maior e o primeiro mandamento. E eis o segundo, que é semelhante ao primeiro: Amarás teu próximo como a ti mesmo. Toda a lei e os profetas estão contidos nesses dois mandamentos” (Mateus, cap. XXII, v. 34 a 40 – O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo XI).

Dessa forma, e por óbvio, o maior mandamento é amar a Deus em primeiro lugar, sobre todas as demais criaturas, sobre todas as coisas. O segundo é amar ao próximo como a nós mesmos, ou seja, praticar a caridade para com o próximo, da mesma forma como a praticamos conosco.

Dessa última parte, tiramos que para ser possível amar ao próximo – e, portanto, praticar a caridade para com ele, seja em todas as suas vertentes – temos que nos amar antes, uma vez que a regra é amá-lo como a nós mesmos. Essa é uma condição indispensável.

E aqui não estamos advogando favoravelmente ao orgulho ou ao egoísmo, que são práticas contrárias às virtudes caridade e humildade. Estamos querendo dizer que, antes de praticarmos a Lei de Amor para com o próximo, é preciso que a coloquemos em vigência para conosco, é preciso que a vivamos plenamente, derramando-a sobre nós mesmos. Caso contrário, não teremos condições de praticá-la para com o outro – afinal, somente damos aquilo que temos.

Na apresentação do livro Conflitos Existenciais, psicografado por Divaldo Pereira Franco, é dito que “nesta obra, a Benfeitora Joanna de Angelis reforça a finalidade da existência humana, a qual se apresenta muitas vezes sob injunções dolorosas resultantes da ignorância ou do malbarato dos recursos preciosos oferecidos pela Divindade”. E continua, dizendo que “A Veneranda destaca a felicidade que aguarda a criatura humana, convidada a desenvolver os valores sublimes nela latentes, seguindo a marcha do progresso inexorável”.

Já no livro O Consolador, psicografado por Francisco Cândido Xavier, ao responder à pergunta “Como entender o ‘amor a nós mesmos’, segundo a fórmula do Evangelho?” (questão 351), Emmanuel diz que “quem se ilumina, cumpre a missão da luz sobre a Terra. E a luz não necessita de outros processos para revelar a verdade, senão o de radiar espontaneamente o tesouro de si mesma. Necessitamos encarar essa nova fórmula de amor a nós mesmos, conscientes de que todo bem conseguido por nós, em proveito do próximo, não é senão o bem de nossa própria alma, em virtude da realidade de uma só lei, que é a do amor, e um só dispensador dos bens, que é Deus”.

Portanto, e diante de tudo o que foi tentado demonstrar, para que possamos atender aos desígnios e mandamentos de Deus, é preciso praticar a caridade para com o próximo, mas praticá-la tendo por parâmetro o anterior amor a nós mesmos. É preciso encontrar as respostas e consolo para as aflições e angústias do próximo, ajudando-o a superá-las, mas é necessário que, primeiro façamos isso com as nossas próprias, que primeiro cuidemos de nós para, só assim, cuidarmos do próximo.

Não nos esqueçamos de que, como explicado na apresentação do livro da benfeitora Joanna de Angelis, temos valores sublimes latentes em nós. E precisamos desenvolvê-los iniciando por nós mesmos, pois, só assim, conseguiremos doá-los ao próximo, através da caridade.

Por fim, interpretando o que Emmanuel elucidou ao dizer que “quem se ilumina, cumpre a missão da luz sobre a Terra. E a luz não necessita de outros processos para revelar a verdade, senão o de radiar espontaneamente o tesouro de si mesma”, se nos iluminarmos, os primeiros beneficiados seremos nós mesmos, depois expandiremos a luz ao próximo, através da caridade para com ele.

Dessa forma, pratiquemos a caridade para com o outro, mas jamais nos esqueçamos de que devemos amá-lo como amamos a nós mesmos, ou seja, primeiro devemos nos amar para depois termos condições de amar ao próximo. Como dito alhures, essa é uma premissa indispensável.

Renato Confolonieiri

Nota do editor:

Imagem ilustrativa e em destaque disponível em <https://tvmundomaior.com.br/caridade-fazer-o-bem-nos-faz-bem/>. Acesso em: 27AGO21.

Renato Confolonieri
Renato Confolonieri

Atuante no Espiritismo há 20 anos, participou por três anos e meio da entrega de sopa no Grupo Fraterno de Assistência Nossa Casa em São Paulo, articulista no periódico Ação Espírita e Membro de Reuniões Mediúnicas no Grupo Espírita Jesus de Nazaré, ambos de Marília, interior de SP.

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