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A Lei de Conservação

setembro 1, 2021

Mais uma vez voltando as nossas atenções para as Leis Morais trazidas no livro terceiro de O Livro dos Espíritos, verificamos que Allan Kardec, ao se dirigir aos benfeitores espirituais, faz uma série de questionamentos relacionados ao instinto de conservação e aos meios de a manter. Todas essas perguntas foram condensadas no capítulo 5, intitulado Lei de Conservação, a partir da questão 702.

Iniciando o nosso pequeno estudo, percebemos que, de acordo com a resposta da Espiritualidade às perguntas 702 e 703, o instinto de conservação foi dado a todas as criaturas, independentemente do seu grau de inteligência, sendo maquinal em umas, racional em outras. O objetivo divino com tal instinto foi o do aperfeiçoamento dos seres vivos. Já que a vida é necessária a tal aprimoramento, as criaturas têm instintivamente a necessidade de viver.

E como habitamos a Terra, o nosso aperfeiçoamento deve se dar neste planeta, conforme temos recebido tantos e tantos relatos da Espiritualidade, podendo ser transcrito o de Emmanuel, posto em O Consolador, ao responder (parte final) à pergunta 240, no sentido de que “… importa observar que é no globo terrestre que a criatura edifica as bases da sua ventura real, pelo trabalho e pelo sacrifício, a caminho das mais sublimes aquisições para o mundo divino de sua consciência.”.

Com relação aos meios de conservação, o grupo Espírito de Verdade também traçou considerações relevantes nos questionamentos sob os números 704 a 710, podendo-se extrair resumidamente que Deus forneceu e fornece à humanidade os meios de buscar a sua conservação, a sua subsistência. No entanto, é de nossa responsabilidade encontrar e compreender tais meios – até por estarmos submetidos a outra das leis morais, a Lei do Trabalho –, nunca perdendo de vista que o planeta produz o bastante para nos abastecer com o necessário.

Acontece, porém, e no que se refere a esse necessário para a conservação de cada indivíduo, que nem sempre nos contentamos com o suficiente, com o indispensável. Graças à nossa ganância e ao nosso egoísmo, muitas misérias alcançam as criaturas humanas. Sobre isso, veja-se parte do comentário do codificador na resposta à pergunta 707 de O Livro dos Espíritos: “… há para todos lugar ao Sol, mas com a condição de aí tomar o seu, e não o dos outros.”.

Quanto aos excessos que praticamos muitas vezes, mostra-se interessante a observação do mestre de Lyon na questão 714, quando diz que “O homem que procura, nos excessos de todo gênero, um refinamento dos prazeres, coloca-se abaixo do animal, porque o animal sabe se deter na satisfação das necessidades. Ele abdica da razão que Deus lhe deu por guia e, quanto maiores seus excessos, mais dá à natureza animal império sobre sua natureza espiritual. As doenças, as enfermidades, a própria morte, que são as consequências dos abusos, ao mesmo tempo são punição à transgressão da lei de Deus.”.

Dando continuidade ao exame do egoísmo e da ganância que infelizmente estão presentes em muitos de nós, os benfeitores espirituais ensinam na resposta à questão 717 de O Livro dos Espíritos que aqueles que monopolizam os bens da Terra para se proporcionar o supérfluo, em prejuízo daqueles a quem falta o necessário, desconhecem a lei de Deus, e responderão pelas privações que terão feito suportar. Trata-se da simples aplicação da Lei de Causa e Efeito, cuja máxima pode ser resumida na frase “… dará a cada um segundo as suas obras” (Mateus, 16:27), ou seja, será dado a cada um conforme o seu merecimento, conforme o que fez de bom, de acordo com a caridade praticada e vivenciada.

Por fim, e respeitando as limitações deste estudo, mostra-se imperioso trazer a resposta dos Espíritos à pergunta 727 posta em O Livro dos Espíritos, segundo a qual, “o instinto de conservação foi dado a todos os seres contra os perigos e os sofrimentos. Fustigai vosso espírito e não vosso corpo, mortificai vosso orgulho, sufocais vosso egoísmo semelhante a uma serpente que vos corrói o coração, e fareis mais pelo vosso adiantamento, do que pelos rigores que não são mais deste século.”.

Diante do que se procurou demonstrar, temos que a Lei de Conservação é outorgada por Deus para que as criaturas a tenham na consciência, visando o seu aperfeiçoamento, a sua evolução.

E essa evolução se dá necessariamente no planeta Terra, a nossa mãe generosa, que a todos provê o necessário para a conservação de cada indivíduo.

Contudo, e como se viu, jamais devemos nos privar da responsabilidade de buscar a conservação pelas nossas próprias forças, devendo fazê-lo sem terceirizar responsabilidades pela nossa existência, e sem nos utilizar do egoísmo e/ou da ganância, que são contrários à maior de todas as leis divinas, a Lei do Amor.

Renato Confolonieri

Nota do editor:

Imagem ilustrativa e em destaque disponível em <https://tvmundomaior.com.br/causa-e-efeito-x-acao-e-reacao/>. Acesso em: 01SET21.

Renato Confolonieri
Renato Confolonieri

Atuante no Espiritismo há 20 anos, participou por três anos e meio da entrega de sopa no Grupo Fraterno de Assistência Nossa Casa em São Paulo, articulista no periódico Ação Espírita e Membro de Reuniões Mediúnicas no Grupo Espírita Jesus de Nazaré, ambos de Marília, interior de SP.

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