Quem é o chefe do Espiritismo?

Donizete Aparecido Pinheiro da Silveira
09/09/2021
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O Espiritismo não tem chefe e nem representante legal. Por isso, no seu aspecto institucional, diferencia-se essencialmente de todas as outras religiões. É que, na essência, a religião é uma consequência moral das conclusões científicas e filosóficas da Doutrina Espírita, cujo objeto é o estudo dos Espíritos, sua vida e suas manifestações entre nós.

Como fatos naturais que são, os fenômenos espirituais podem ser pesquisados por qualquer pessoa, que tirará por si as suas conclusões. Existe, porventura, o chefe da química, da física, da astronomia ou da biologia? É claro que não!

Existem cientistas, pesquisadores que apresentam à Humanidade o resultado de seus trabalhos, os quais podem ser acolhidos ou não. Uma teoria científica é aceita como verdade quando outros cientistas conseguem confirmá-la por suas próprias experiências, havendo então uma unanimidade quanto aos seus princípios e resultados.

É o que ocorreu com a Doutrina Espírita. Partindo dos fenômenos de efeitos físicos que tomaram conta da América do Norte e da Europa em meados do século dezenove, especialmente aqueles que ficaram conhecidos como “as mesas girantes”, Allan Kardec estabeleceu as bases do Espiritismo, que foram confirmadas por cientistas e filósofos dele contemporâneos, como Lombroso, Gabriel Delanne, Alexandre Aksakof, Gustavo Geley, Ernesto Bozzano e Leon Denis, e que atualmente foram reforçadas por médicos, psicólogos e estudiosos, como Helen Wambarch, Roger J. Woolger, Hermani Guimarães Andrade e Hermínio Miranda.

O avanço da ciência, com a invenção de aparelhos mais sensíveis, certamente fornecerá as provas cabais da realidade espiritual, pondo por terra as críticas dos incrédulos obstinados e negativistas por sistema. Como se costuma dizer: contra fatos não há argumento. É só questão de tempo. De resto, o que não for verdadeiro cairá por si mesmo.

Assim, cada centro espírita é uma célula independente. Seus participantes estudam e praticam a Doutrina Espírita conforme a compreendem. Em sua maioria, os centros espíritas oferecem ensinamentos de acordo com a base kardequiana. Alguns, porém, a deturpam; outros dão prioridade à mediunidade e suas reuniões têm por fim unicamente as manifestações dos Espíritos; e outros, ainda, desprezam o fenômeno mediúnico e dedicam-se somente ao estudo da filosofia. Não raro, encontramos centros denominados espíritas que misturam a prática espírita com rituais religiosos, como, por exemplo, os da Umbanda. Cabe ao povo escolher o que mais lhe convém.

No movimento espírita existem órgãos de unificação, como a Federação Espírita Brasileira, a USE-União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo e as Federações de outros estados, mas todas essas instituições têm por objetivo apenas a colaboração e a orientação aos centros espíritas, sem qualquer tipo de ingerência ou imposição.
Se, de um lado, há mais dificuldade em se estabelecer uma prática uniforme, de outro se respeita a liberdade de consciência, a capacidade de compreensão de cada um, pensamento mais compatível com o espírito democrático da Doutrina Espírita; e evita-se a opressão religiosa e dogmática, situação em que alguns impõem a muitos o que pensam, sem admitir discussão.

A Doutrina Espírita caminha lentamente e com dificuldades, mas cresce fincada na ação de pessoas que a escolheram livremente, que têm sua fé robustecida pelos fatos e pela razão, e que respeitam a crença do próximo, sabendo que a verdadeira religião é a do coração comungado com o Criador.

Donizete Pinheiro

Nota do Autor:
Texto do capítulo 21 de livro do autor.

Nota do editor:
Imagem ilustrativa e em destaque disponível em <https://www.kardecriopreto.com.br/quem-e-o-chefe-do-espiritismo/>. Acesso em: 09SET21.

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