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Como deve ser entendido o livre-arbítrio?

novembro 9, 2021

A liberdade é um anseio do indivíduo. As constituições democráticas a protegem e os povos dominados a buscam incessantemente. A liberdade, contudo, nunca será plena, já que a convivência com o próximo determina um limite, ou seja, o nosso direito de liberdade vai até onde começa o direito do nosso semelhante. Por exemplo: o direito de ir e vir nos autoriza a livre locomoção pelo país, no entanto, não podemos invadir a casa alheia, porque então violaremos o direito do proprietário.

O indivíduo ignorante, por isso ainda egoísta, orgulhoso e violento, não respeita as leis e nem o próximo, imaginando que pode livremente agir consoante a sua vontade, na busca de saciar os seus desejos e paixões. Lançando mão de vários recursos, furta-se muitas vezes à ação da justiça humana, esquecendo-se, porém, de que acima desta vige a Justiça Divina, da qual não escapará.

A legislação penal não é proibitiva, mas sancionadora. Explicando melhor: a lei não diz que é proibido matar, mas estabelece pena de prisão para aquele que tira a vida de alguém. Toda norma social é acompanhada da respectiva reprimenda que freie a ação considerada prejudicial à paz da coletividade, uma vez que o indivíduo não está suficientemente maduro para cumpri-la espontaneamente.

A lei de Deus para os seres humanos funciona da mesma maneira. Melhor diríamos que, na verdade, foi a sociedade que estabeleceu para si, embora ainda imperfeitamente, a mesma lei do Criador. Existe uma lei natural conhecida como causa e efeito, pela qual o homem sempre colherá os frutos do que plantou, sejam eles saborosos ou amargos. Todos os dias estamos sujeitos aos efeitos dessa regra fundamental da Justiça Divina. Quando ingerimos muita bebida alcoólica, reage o corpo com mal-estar, dor de cabeça, como se diz, com a ressaca. Quando somos cordiais, prestativos e alegres, conquistamos muita simpatia e a amizade das pessoas; mas se somos grosseiros, carrancudos e ofensivos só temos desafetos e vivemos isolados.

Essa lei tem por finalidade indicar a nós, Espíritos em evolução, o caminho certo da felicidade. Por outras palavras, toda vez que a nossa atitude provocar uma reação de dor e sofrimento, sabemos que ela foi errada e que não devemos incorrer no mesmo erro.

Quanto mais erramos, mais presos estamos às consequências dos nossos atos, e só nesse aspecto é que se pode falar em determinismo. Somos livres para semear, mas a colheita é sempre obrigatória. Você não é obrigado a contrair uma dívida, mas se a contraiu é seu dever pagá-la. E ainda aqui você é livre para decidir se o fará com alegria ou revoltado.

Por isso, a exata compreensão da Lei e uma vida conforme suas regras nos tornam livres e felizes. À medida que nos comportamos de acordo com a lei, libertamo-nos dos reflexos da infração e ampliam-se as nossas possibilidades de construirmos um futuro melhor. Essa é a verdadeira liberdade; a liberdade com responsabilidade, com consciência.

Assim, o livre-arbítrio existe para que tenhamos o mérito do nosso esforço; para que saibamos que não somos meros brinquedos nas mãos de um Criador a se divertir, mas sim filhos do seu Amor e predestinados à felicidade.

Donizete Pinheiro


Nota do Autor:
Capítulo 28 – LIVRE-ARBÍTRIO de livro do autor.

Nota do Editor:
Imagem ilustrativa e em destaque disponível em <https://www.portalveganismo.com.br/artigos/livre-arbitrio-de-quem/>. Acesso em: 09NOV2021.

Donizete Aparecido Pinheiro da Silveira
Donizete Aparecido Pinheiro da Silveira

Escritor, editor do periódico Ação Espírita, diretor de doutrina do Grupo Espírita Jesus de Nazaré, em Marília, SP.

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