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Controle universal do ensinamento dos Espíritos

dezembro 23, 2021

Vimos em toda a codificação espírita que a revelação da Lei Divina é dividida em três momentos, partes ou episódios.

A primeira revelação foi personificada em Moisés, nos dez mandamentos recebidos no Sinai. Já a segunda foi apresentada por tudo o que ensinado, exemplificado e vivenciado por Jesus, que não veio destruir a lei e os profetas, mas dar-lhes cumprimento. Por sua vez, a terceira revelação – o Espiritismo – não está personificada em nenhum indivíduo, porque é o produto do ensinamento dado pelos Espíritos, “que são as vozes do céu, em todos os pontos da Terra”, de acordo com o item 6 do capítulo I de O Evangelho segundo o Espiritismo, sendo disseminado por uma incontável multidão de intermediários, os médiuns.

Emmanuel, o iluminado orientador de Francisco Cândido Xavier, instrui em O Consolador (resposta à pergunta 352), que “o Espiritismo evangélico é o consolador prometido por Jesus, que, pela voz dos seres redimidos, espalha as luzes divinas por toda a Terra, restabelecendo a verdade e levantando o véu que cobre os ensinamentos na sua feição de Cristianismo redivivo, a fim de que os homens despertem para a era grandiosa da compreensão espiritual com o Cristo.”.

Mas qual a razão de o Espiritismo não ter sido trazido através de uma única pessoa, como as duas revelações anteriores?

Eis o que é explicado na Introdução de O Evangelho segundo o Espiritismo: “Deus quis que a nova revelação chegasse aos homens por uma via mais rápida e mais autêntica; por isso encarregou os Espíritos de irem levá-la de um polo a outro, manifestando-se em toda parte, sem dar a ninguém o privilégio exclusivo de ouvir sua palavra. Um homem pode ser enganado, ou pode enganar-se a si mesmo; não poderia sê-lo quando milhões veem e ouvem a mesma coisa: é uma garantia para cada um e para todos. Além disso, pode-se fazer desaparecer um homem, mas não se faz desaparecer as massas; podem-se queimar os livros, mas não se podem queimar os Espíritos.”.

Mais à frente no tópico em estudo, Allan Kardec, certamente instruído e inspirado pela Espiritualidade superior, elucida que “não é pela opinião de um homem que se produzirá a união, mas pela voz unânime dos Espíritos. Não é um homem, e muito menos nós que qualquer outro, que fundará a ortodoxia espírita. E menos ainda um Espírito que venha impor-se a quem quer que seja: é a universalidade dos Espíritos comunicando-se sobre toda a Terra por ordem de Deus. Aí está o caráter essencial da doutrina espírita; aí está sua força, aí está sua autoridade. Deus quis que sua lei fosse assentada sobre uma base inabalável, e por isso Ele não a fez pousar sobre a cabeça frágil de um só.”.

Desse modo, como o Espiritismo não tem nacionalidade, não é regido por um culto particular, e não é imposto a nenhuma ou por nenhuma classe da sociedade – igualmente não sendo considerado “privilégio” de ninguém –, tal característica o faz conclamar a humanidade à fraternidade, apaziguando os desentendimentos, desavenças e dissidências.

Exatamente por ter sido levado a toda parte do planeta, a todas as criaturas, é que se refere à universalidade do ensinamento dos Espíritos, característica que denota a força dessa doutrina libertadora, consoladora, e descortinadora de dúvidas.

No entanto, justamente por ter sido divulgado pelo globo, e por haver diversas categorias e ordens de Espíritos (O Livro dos Espíritos, questões 100 e seguintes), os quais podem transmitir comunicações grosseiras, frívolas, sérias e/ou instrutivas (O Livro dos Médiuns, capítulo X – Da Natureza das Comunicações), é que foi implantado o controle universal do ensinamento dos Espíritos.

Aclarando mais o assunto, e novamente na Introdução de O Evangelho segundo o Espiritismo, o codificador ensina didaticamente que um bom controle é incontestavelmente o da razão, “ao qual é preciso submeter, sem exceção, tudo o que vem dos Espíritos. Toda teoria em contradição manifesta com o bom-senso, com uma lógica rigorosa e com os dados positivos que se possui, mesmo que seja assinada por qualquer nome respeitável, deve ser rejeitada.”. Contudo, alerta para o fato de que esse controle é incompleto, “devido à insuficiência de conhecimentos de certas pessoas e à tendência de muitos a tomar seu próprio julgamento como único árbitro da verdade.”.

Melhor critério ou controle, então, seria o da concordância no ensinamento dos Espíritos, ocasião em que Allan Kardec nos diz que “a única garantia séria do ensinamento dos Espíritos está na concordância entre as revelações feitas espontaneamente através de um grande número de médiuns, estranhos uns aos outros, e de regiões diversas. Entende-se que não se trata aqui das comunicações relativas a interesses secundários, mas das que se relacionam aos próprios princípios da doutrina. A experiência prova que, quando um princípio novo deve ser revelado, ele é ensinado espontaneamente em diferentes pontos aos mesmo tempo, e de maneira idêntica, senão pela forma, ao menos pelo fundo.”.

Alhures, e continuando na Introdução de O Evangelho segundo o Espiritismo, o professor Rivail acrescenta que “o princípio da concordância é ainda uma garantia contra as alterações que o Espiritismo poderia sofrer de seitas que quisessem apoderar-se dele para proveito próprio, acomodando-o à vontade. Qualquer um que tentasse desviá-lo de seu objetivo providencial fracassaria, pela razão bem simples de que os Espíritos, através da universalidade de seus ensinamentos, deitarão por terra toda modificação que se afaste da verdade”, sendo necessário agir com o máximo de prudência na publicação de qualquer princípio como verdade absoluta, somente havendo a sua divulgação após a devida confirmação em outras mensagens, recebidas de outros Espíritos, por outros médiuns.

Também no capítulo introdutório do terceiro livro da codificação espírita, o mestre de Lyon esclarece que “os Espíritos superiores procedem, em suas revelações, com extrema sabedoria. Só abordam as grandes questões da doutrina gradualmente, na medida que a inteligência esteja apta a compreender verdades de uma ordem mais elevada, e que as circunstâncias estejam propícias à emissão de uma ideia nova. É por isso que eles não disseram tudo desde o começo, e ainda não o disseram até hoje, nunca cedendo à impaciência de pessoas muito apressadas, que querem colher os frutos antes de amadurecerem. Portanto, seria inútil querer avançar o tempo designado a cada coisa pela Providência, porque os Espíritos verdadeiramente sérios certamente recusariam sua ajuda. Mas os Espíritos levianos, fazendo pouco caso da verdade, respondem a tudo, e é por essa razão que, em todas as questões prematuras, há sempre respostas contraditórias.”.

Diante de todo o que foi apresentado, só nos resta humildemente concluir que não é pela opinião pessoal de uns que se produzirá a união, mas pela voz unânime dos Espíritos que trouxeram e trazem até hoje a terceira revelação da lei divina.

Ainda nas palavras de Allan Kardec postas na parte introdutória do volume em estudo, “os espíritas que tiverem quaisquer temores devem, portanto, ficar tranquilos. Todas as pretensões isoladas cairão, pela força das coisas, diante do grande e poderoso critério do controle universal.”.

Renato Confolonieri

Nota do Editor:
Imagem ilustrativa e em destaque disponível em <https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2019/05/09/senado-promove-sessao-especial-em-homenagem-a-allan-kardec>. Acesso em: 23DEZ2021.

Renato Confolonieri
Renato Confolonieri

Atuante no Espiritismo há 20 anos, participou por três anos e meio da entrega de sopa no Grupo Fraterno de Assistência Nossa Casa em São Paulo, articulista no periódico Ação Espírita e Membro de Reuniões Mediúnicas no Grupo Espírita Jesus de Nazaré, ambos de Marília, interior de SP.

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