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Primavera da Alma

fevereiro 18, 2022

“Quando entrar setembro e a boa nova andar nos campos, quero ver brotar o perdão onde a gente plantou…”

Esse é o início da linda canção e poema do compositor Beto Guedes e este ano, pareceu-me mais que nos anteriores, que muito se compartilhou esse início a fim de que nos lembremos de novos tempos e novas primaveras como a fazer reflorescer algo em nós, ainda mais se considerarmos o período que, espero, esteja acabando.

Veja outro trecho da mesma canção, “Já choramos muito, muitos se perderam no caminho, mesmo assim não custa inventar uma nova canção, que venha nos trazer Sol de primavera”, um verdadeiro hino de renascimento diante da soturnidade do inverno e de uma pandemia.

Aqui em São Paulo, temos os incríveis ipês florescendo e colorindo uma cidade cinza chumbo. Eu, particularmente, adoro os amarelos, são como milhares de pequenos sóis se espalhando por toda parte com reflexo, inclusive nas calçadas com as flores que se lançam ao chão.

Mas sabe o que faz esse presente de Deus florescer tão maravilhosamente? O tempo anterior, frio e seco e quanto mais melhor. Este ano experimentamos mais das duas coisas, as árvores, antes da florada, parecem esculturas mortas e secas. As árvores precisam flertar com a morte para que ressurjam ainda mais belas. Ao entender que o fim se aproxima, ela produz ainda mais sementes para que se perpetue através de seus descendentes.

Dá para afirmar, por fim, que ela precisa desse super estresse para renascer mais linda e forte do que nunca. Não parece mensagem Divina? Não é um tremendo ensinamento da natureza a todos nós humanos?

Os períodos sombrios, duros, secos, frios que todos nós passamos, que se reverberam nos refolhos de nossa alma, são, nada mais do que o estágio necessário para que nos façamos ainda mais fortes, para que ressurjamos, na primavera de nossas almas, ainda mais belos.

E reparem que a beleza do Ipê amarelo só é, ainda mais, notada, justamente, porque vem depois do inverno cinza. Não seria o caso de sermos mais gratos ao inverno? E ao outono que, ainda antes, desfolhou seus galhos para que ela poupasse a energia para brilhar no momento certo?

Estendo a nós. Não seria o caso de agradecermos aos duros aprendizados que a vida nos impõe? Agradecer as perdas dos nossos outonos interiores? Gratos pela frieza seca dos períodos tristes e depressivos? Não seriam eles o adubo necessário para nossos renascimentos mais lindos e mais fortes, aumentando nosso brilho que pode, inclusive, fazer iluminar o rosto de quem nos vê, assim como sorriem nossos olhos diante do ipê florido?

Poeticamente falando, fomos todos moldados do mesmo barro, os ipês e os humanos e pelas mesmas mãos, aquelas dos cocriadores de Deus que, cá entre nós, sabemos bem quem são, representados pelo Mestre maior. Acho que tem uma lição aí.

Voltando ao poeta do início, noutro trecho temos uma sábia lembrança, “A lição sabemos de cor, só nos resta aprender…”

André Tarifa


Nota do Editor:
Imagem ilustrativa e em destaque disponível em <https://wallpaperboat.com/springtime-wallpapers>. Acesso em: 18FEV2022. 

André Luis R. Tarifa
André Luis R. Tarifa

Trabalhador espírita desde os 12 anos de idade, eterno aprendiz, tenho um canal no Youtube onde compartilho meu aprendizado e as belezas da poesia. Atualmente desenvolvo os meus trabalhos no Centro Espírita Mansão da Esperança em São Paulo, SP.

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