
Abençoados Aguilhões
É de difícil aceitação pelo ser humano, o fato de que os sofrimentos, as incompreensões, os desafios complexos que nos chegam são abençoados aguilhões do socorro divino a nos impulsionar para diante na jornada redentora, pois foi Jesus o divino mensageiro da Boa Nova, quem nos garantiu esclarecendo-nos sobre a “justiça perfeita contida nas Leis Divinas.” (1).
Encontramos no Evangelho Segundo o Espiritismo os ensinamentos que seguem:
Bem e mal sofrer
“Quando o Cristo disse: “Bem aventurados os aflitos, o reino dos céus lhes pertence”, não se referia de modo geral aos que sofrem, visto que sofrem todos os que se encontram na Terra, quer ocupem tronos, quer jazam sobre a palha. Mas, ah! poucos sofrem bem; poucos compreendem que somente as provas bem suportadas podem conduzi-los ao reino de Deus. O desânimo é uma falta. Deus vos recusa consolações, desde que vos falte coragem. A prece é um apoio para a alma; contudo, não basta: é preciso tenha por base uma fé viva na bondade de Deus. Ele já muitas vezes vos disse que não coloca fardos pesados em ombros fracos. O fardo é proporcionado às forças, como a recompensa o será à resignação e à coragem. Mais opulenta será a recompensa, do que penosa a aflição. Cumpre, porém, merecê-la, e é para isso que a vida se apresenta cheia de tribulações.
O militar que não é mandado para as linhas de fogo fica descontente, porque o repouso no campo nenhuma ascensão de posto lhe faculta. Sede, pois, como o militar e não desejeis um repouso em que o vosso corpo se enervaria e se entorpeceria a vossa alma.
Alegrai-vos, quando Deus vos enviar para a luta. Não consiste está no fogo da batalha, mas nos amargores da vida, onde, às vezes, de mais coragem se há mister do que num combate sangrento, porquanto não é raro que aquele que se mantém firme em presença do inimigo fraqueje nas tenazes de uma pena moral. Nenhuma recompensa obtém o homem por essa espécie de coragem; mas, Deus lhe reserva palmas de vitória e uma situação gloriosa.
Quando vos advenha uma causa de sofrimento ou de contrariedade, sobreponde-vos a ela, e, quando houverdes conseguido dominar os ímpetos da impaciência, da cólera, ou do desespero, dizei, de vós para convosco, cheio de justa satisfação: “Fui o mais forte.”
Bem aventurados os aflitos pode então traduzir-se assim: Bem aventurados os que têm ocasião de provar sua fé, sua firmeza, sua perseverança e sua submissão à vontade de Deus, porque terão centuplicada a alegria que lhes falta na Terra, porque depois do labor virá o repouso. – Lacordaire. (Havre, 1863.)” (2)
A doutrina espírita esclarece-nos que somos seres milenares, e que por essa razão carregamos uma pesada bagagem de equívocos pelos atos incompatíveis com a Soberana Justiça, que realizamos outrora e que hoje nos exige a devida reparação, para harmonia da nossa consciência.
Urge busquemos desvincularmo-nos das ambições escuras, dos sonhos que não serão possíveis realizarmos, dos projetos vazios de objetivos edificantes, das ilusões desprovidas de bom-senso, olhando para dentro de nós mesmos para identificar a necessidade que temos de desenvolver as virtudes de que somos portadores de forma equilibrada e sensata.
Nunca nos faltarão motivos para disputas acirradas, discussões homéricas, discordâncias estéreis, de resultado perturbador e de consequências funestas se não soubermos nos esquivar com humildade e sabedoria, evitando perder a classe para nos deixar envolver no tumulto das gritarias e na confusão dos ânimos exaltados.
Os Espíritos Superiores nos explicam que precisamos construir o bem com o pouco que possuímos, sem esperar enriquecer para fazer algo grandioso, ajudar em silêncio sem alardear nossa ação, esquecermos a mania do reconhecimento pessoal pela ajuda que prestarmos ao infeliz, atentos aos ditamos da Lei de Amor que nos solicita “fazer ao próximo o que gostaríamos que nos fizessem.” (3).
Agindo dessa forma, certamente estaremos colaborando para o crescimento da paz e da felicidade no meio em que a Soberana Sabedoria nos colocou, construindo um mundo melhor à nossa volta e evitando novos débitos perante as Leis que regem nossos destinos.
Rejubilemo-nos dizem os dedicados discípulos do Mestre e Guia da humanidade, tantos quantos estiverem na condição de prestar socorro ao necessitado, e o fizerem, pois segundo Jesus é a “Ele mesmo a quem estaremos fazendo.” (4).
Usemos a inteligência, a serviço das boas resoluções fazendo uso da sabedoria dos que conseguem se elevar acima das mesquinharias da vaidade presunçosa beneficiando-nos com a paz da consciência tranquila que somente a ação correta nos felicitará.
Francisco Rebouças.
Referências:
(1) Kardec Allan, O Evangelho Segundo o Espiritismo. FEB, 112ª edição, cap. V, item18;
(2) Mateus, 5:1-10;
(3) Mateus, 7:12;
(4) Mateus, 25: 31-46; e
(5) Grifos nossos.
Nota do editor:
Imagem ilustrativa e em destaque disponível em <https://jardim.info/coroa-de-cristo>. Acesso em: 29ABR2022.
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