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Discernimento e Julgamento

julho 15, 2023

Para mim, discernir é uma das questões mais relevantes para a compreensão de tudo aquilo que envolve o nosso viver, principalmente, sobre conceitos que tomaram conta da cultura popular.

Discernimento, segundo o dicionário, dentre outras coisas, é a capacidade de compreender situações, de separar o certo do errado. Vou dar um exemplo para fazer a ideia ser bem compreendida: muitos consideram humildade como sinônimo de pobreza, de atitudes discretas e inúmeras coisas parecidas em ser alguém apagado, que não se destaca, que se mantém no anonimato, que não expressa e nem possui qualidades.

Porém, equivocadas são essas ideias…

A humildade, na verdade, é ter consciência do que se é. Nem mais, nem menos.

Jesus, certa feita, foi chamado de bom.  Ele retrucou dizendo que Bom era só o Pai e que Ele poderia ser chamado de Mestre, porque isso Ele era e assumia com louvor.

Assim, nossa visão sobre as coisas pode enganar-nos, estar disforme sob determinados pontos de vista, pois em verdade ela se forjou entre nossas convicções mais profundas, sobre aquilo que convencionamos chamar de certo e errado, isto é, verdadeiro ou falso.

Julgar, por outro lado, seria emitir parecer, opinião sobre algo ou alguém, seria o hábito de interpretar as atitudes alheias conferindo-lhes juízos éticos de apreciação pessoal. Assim, já podemos depreender dessa afirmativa, que esses juízos são formulados sob a influência dos valores e imperfeições que definem nossa personalidade, muitas vezes, acrescidos dos interesses pessoais e das expectativas que criam conveniência no ato de julgar.

Relevante ressaltar que quando ativamos o mecanismo de julgar, gravamos no psiquismo um modo de agir que aplicamos, igualmente, a nós próprios. Quando Jesus estabeleceu o “não julgamento”, Ele, naturalmente, queria nos poupar desse cárcere que detonamos contra nós mesmos.

Dessa forma, ao invés do julgar, recomenda-se a análise dos fatos e comportamentos tão somente para tirarmos proveito e evitá-los em nós, como bem registraram os Bons Espíritos diante da inquirição de Kardec quanto aos julgamentos.

Discernir e julgar.

O primeiro, ampliado, concede-nos um cabedal maior para a compreensão de tudo aquilo que tem relevância, que se aproxima da verdade, que liberta o nosso espírito. O segundo, o julgamento, seria melhor procedermos à análise, pois assim podemos encontrar a compreensão do subjetivismo do outro, a relativização e não a certeza.

Analisar os outros é uma iniciativa necessária de proteção, limite e decisão para uma melhor convivência e para que isso possa ser realizado, também se faz necessário expandir o discernimento.

Com base em uma análise sensata e imparcial, nós podemos ajudar as pessoas e estabelecer sobre o tipo de relacionamento que queiramos manter com elas.

O discernimento, podemos dizer, é uma abertura para sentimentos fraternos, mais suaves e maleáveis, plenos de doçura, bondade e acolhimento, que vai buscar na vida a leveza e a luz que podemos aplicar no relacionamento com os outros, porque já o aplicamos a nós mesmos.

Assim, como em todas as coisas, vivemos um eterno processo de aprendizado, no qual desenvolveremos o nosso discernimento, nos libertando de tudo o que possa envolver falsos julgamentos, ideias errôneas, equívocos que tanto prejudicam a convivência humana.

Iniciemos, agora, o autoconhecimento, buscando a Verdade que nos desnuda de todas as máscaras.

Martha Capelotto

Martha Capelotto
Martha Capelotto

Atuante no Espiritismo, desde 1989. Estudante e trabalhadora do Grupo Socorrista Maria de Magdalla em Jaú, interior de São Paulo, onde atuou nos cursos da Doutrina Espírita e no trabalho do Passe. Atuou também no Centro Espírita Tereza de Jesus, também em Jaú, como monitora de cursos, palestrante, distribuição de cestas e bazares. Atuou em programas nas Rádios Piratininga e Jauense. Atualmente, reside em São Paulo, capital, e atua como Colunista em vários veículos de comunicação espírita, dentre eles, a Revista “O Consolador”, assim como Palestrante espírita.

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