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Personalismo

agosto 17, 2023

A pergunta 917 de “O Livro dos Espíritos”, é forte: “Qual o meio de se destruir o egoísmo?”, e a afirmação inicial da resposta nos alerta da dificuldade de se combater essa imperfeição que, como já visto em outros textos é, juntamente com o orgulho, a raiz de tantos males.

No entanto, em continuidade ao texto, temos nas palavras de Fenelon que “Quando, bem compreendido, se houver identificado com os costumes e as crenças, o Espiritismo transformará os hábitos, os usos, as relações sociais. O egoísmo assenta na importância da personalidade. Ora, o Espiritismo, bem compreendido, repito, mostra as coisas de tão alto que o sentimento da personalidade desaparece, de certo modo, diante da imensidade. Destruindo essa importância, ou, pelo menos, reduzindo-a às suas legítimas proporções, ele necessariamente combate o egoísmo”.

Uma das principais características do personalismo é algo bem fácil de identificar nos outros e em nós mesmos, é que as nossas opiniões e pontos de vistas estão certos e devem, naturalmente, prevalecer sobre as demais.

Nos supervalorizamos ante aos que nos cercam, nos julgando indispensáveis ao cumprimento de determinada tarefa, visto que a nossa maneira de desenvolvê-la é a mais correta. Naturalmente, em decorrência dessa característica, temos enorme dificuldade de nos desenvolvermos em trabalhos em grupo porque buscamos sempre uma forma de nos destacarmos dos demais. E ao menor sinal de contrariedade do meio ante as nossas ideias ou sugestões, nos tornamos melindrosos, birrentos, intragáveis.

Aplicadas aos líderes políticos, as características típicas do personalista, teremos autoritarismo, violência, ódio e guerra, porque o líder personalista divide os seus liderados entre os que concordam com ele e os que não e, por fim, na falta de apoio geral tentará pela força e pelo poder impor-se. Julga-se melhor que os demais.

O personalismo nos impede no adequado desenvolvimento dos trabalhos coletivos, solidários e fraternos e só por esta razão já deveria ser fortemente combatido em nosso interior. Nos relacionamentos pessoais nos torna pessoas indesejáveis, ninguém nos quer por perto, tampouco nós queremos nos relacionar com alguém que acreditamos pior do que nós, ou que não nos entenda. O personalista se julga um eterno incompreendido.

O terreno fértil do egoísmo é o culto à individualidade, à personalidade e o combate a isso é trabalho interno de cada um de nós. Somos seres que precisamos uns dos outros para nos desenvolvermos bem e o personalismo nos isola, contribuindo fortemente para o nosso atraso no desenvolvimento espiritual.

André Tarifa