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Emancipação da alma

setembro 27, 2023

Após a noite tumular surge esplêndido horizonte
“Repugna ao Espírito estar ligado ao  corpo,  porque  a  sua vida 
normal é a de liberdade e a vida corporal é a do servo preso à gleba”.
Allan Kardec (1)

A morte tem sido através dos séculos a grande megera devoradora da vida. Insaciável, alcança o rico, o pobre, o velho, o moço, a criança, a todos enfim, sem exceção, deixando sempre uma esteira de acerbas dores e sofrimentos sem conto…

Religiosos e filósofos, até hoje, ficam perplexos ante este fato biológico natural. Quando tentam explicar, deixam escapar tantas reticências que, na verdade, mais complicam que esclarecem. Daí o desespero com o qual muitas criaturas acompanham os funerais…

Surge, porém, a Doutrina Espírita, o Consolador prometido por Jesus trazendo a sua mensagem de esclarecimento: a morte não existe! Aliás, a comprovação da inexistência da morte tivemos com o próprio Cristo que voltou da sepultura, dando-nos a alvissareira notícia da imortalidade da Alma, do túmulo vazio…

São as vozes dos que atravessaram o “Estige” que nos vêm informar (2): “nós existimos, logo o nada não existe; eis o que somos e o que sereis; o futuro vos pertence, como a nós. Caminhais nas trevas, vimos clarear-vos o caminho e traçar-vos o roteiro; andais ao acaso, vimos apontar-vos a meta. A vida terrena era, para vós, tudo, porque nada víeis além dela; vimos dizer-vos, mostrando a vida espiritual: a vida terrestre nada é. A vossa visão se detinha no túmulo, nós vos desvendamos, para lá deste, um esplêndido horizonte. Não sabíeis por que sofreis na Terra; agora, no sofrimento, vedes a justiça de Deus. O bem nenhum fruto aparente produzia para o futuro. Doravante, ele terá uma finalidade e constituirá uma necessidade; a fraternidade, que não passava de bela teoria, assenta agora numa lei da Natureza. Sob o domínio da crença de que tudo acaba com a vida, a imensidade é o vazio, o egoísmo reina soberano entre vós e a vossa palavra de ordem é:  “cada um por si”.   

Com a certeza do porvir, os espaços se povoam ao infinito; em parte alguma há o vazio e a solidão; a solidariedade liga todos os seres, aquém e além da tumba. É o reino da caridade, sob a divisa: “um por todos e todos por um”. Enfim, ao termo da vida, dizíeis eterno adeus aos que vos são caros; agora, dir-lhes-eis: até breve!”

O Espiritismo dá nova e consoladora dimensão ao fato, desmitificando-o e desvestindo-o do aspecto lúgubre.  

Toda criatura esclarecida pelas luzes da Doutrina Espírita não teme a morte, porque confia no futuro, no porvir, na Vida Espiritual estuante, na Vida Abundante da referência evangélica.

Mostra-nos o Espiritismo, por conseguinte, que o Espírito sente-se feliz em deixar o corpo, como o pássaro em se encontrar fora da gaiola.   Tanto é assim que ele aproveita todas as ocasiões que se lhe oferecem para escapar do corpo, de todos os instantes em que sua presença não é necessária à vida de relação. A isto se dá o nome de emancipação da Alma, fenômeno que se produz durante o sono físico.

Conforme ensino dos Espíritos Superiores (3), todas as vezes que o corpo repousa, que os sentidos ficam amodorrados, o Espírito se desprende. Nesses momentos ele vive da Vida Espiritual, enquanto o corpo vive apenas da vida vegetativa; acha-se, em parte, no estado em que se achará após a morte. Percorre o Espaço, confabula com os amigos e outros Espíritos livres ou encarnados também.

Quando se diz que a noite é boa conselheira, o que se quer dizer, na verdade, é que, no mínimo, ao acordarmos no corpo, trazemos a intuição que nos sugerem ideias e pensamentos novos hauridos em nosso périplo pelo Espaço. Outras vezes, conservamos da nossa peregrinação uma lembrança, uma imagem mais ou menos precisa. Graças à emancipação da Alma é que muitos Espíritos Superiores consentem, sem pejo, em reencarnar em nosso Planeta a fim de nos ajudar e nos instruir.      

Rogério Coelho

Referências:
(1) KARDEC, Allan. A Gênese. 43.ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2003, cap. XIV, item 23; 
(2) KARDEC, Allan. A Gênese. 43.ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2003, cap. I, item 62; e
(3) KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. 71.ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2003,2ª parte, cap. VIII.

Rogério Coelho
Rogério Coelho

Rogério Coelho nasceu na cidade de Manhuaçu, Zona da Mata do Estado de Minas Gerais onde reside atualmente. Filho de Custódio de Souza Coelho e Angelina Coelho. Formado em Jornalismo pela Faculdade de Minas da cidade de Muriaé – MG, é funcionário aposentado do Banco do Brasil. Converteu-se ao Espiritismo em outubro de 1978, marcando, desde então, sua presença em vários periódicos espíritas. Já realizou seminários e conferências em várias cidades brasileiras. Participou do Congresso Espírita Mundial em Portugal com a tese: “III Milênio, Finalmente a Fronteira”, e no II Congresso Espírita Espanhol em Madrid, com o trabalho: “Materialistas e Incrédulos, como Abordá-los?” Participou da fundação de várias casas Espíritas na Zona da Mata Mineira.

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