vida depois da morte

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Morte e a Vida Depois da Morte

setembro 3, 2024

Morte, onde está a tua vitória? Morte, onde está o teu aguilhão?
Paulo de Tarso (Coríntios, 15:55)

Léon Denis (1846-1927), o grande filósofo espírita do passado, nascido e desencarnado em Tours-França, afirmou que a morte é “[…] uma simples mudança de estado, a destruição de uma forma frágil que já não proporciona à vida as condições ao seu funcionamento e à sua evolução […].” (1) Morre-se, portanto, o corpo físico mas a vida continua plena e pujante no além-túmulo. Contudo, conforme o entendimento a respeito do assunto ou as circunstâncias da morte — acidentes, homicídios ou suicídios, por exemplo — nem sempre há efetiva harmonia espiritual no momento final da existência física, como esclarece Allan Kardec: “No momento da morte, tudo se apresenta confuso; a alma precisa de algum tempo para se reconhecer; fica como que aturdida, no estado de um homem que sai de profundo sono e que procura tomar pé da situação. […].” (2) Nessas condições, a desencarnação, terminologia espírita para o nome morte, não é o fim da vida, pois somos seres imortais, pré-existentes, existentes e sobreviventes à destruição do envoltório físico.

No período de transição entre os dois planos da vida ocorre, pois, um certo grau de perturbação espiritual, de duração variável de indivíduo para indivíduo: “[…] pode ser de algumas horas somente, como muitos dias, meses ou, mesmo, de muitos anos. É menos longa para aqueles que, enquanto vivos [encarnados], se identificavam com o seu estado futuro, porque esses compreendem imediatamente a sua situação, porém, é tanto mais longa quanto mais materialmente o indivíduo viveu.” (3) Se os laços do apego à vida que ora se extinguiu forem muitos tenazes, a perturbação revela-se mais penosa, ao contrário do que acontece ao homem de bem, aquele que traz a consciência tranquila: nele a transição é calma e o seu despertar é tranquilo. Sente-se livre, como que liberto de um fardo pesado.(3) Em suma: é o estado de moralidade e de entendimento a respeito da imortalidade são recursos favorecedores da harmonia espiritual durante o desprendimento da alma, o retorno à  dimensão espiritual e  a consequente adaptação à nova existência.

A desencarnação, propriamente dita, só ocorre quando o períspirito se desliga totalmente do veículo físico, visto que, antes, encontrava-se enraizado, molécula a molécula, ao corpo físico. Esse processo de “desenraizamento” é gradual, exceto nos casos de morte abrupta, que, ao ser concluído, produz falência geral dos órgãos do corpo somático e estado de inconsciência, breve ou prolongado conforme a situação. Com a desencarnação (desligamento perispiritual), iniciam-se fases da perturbação e adaptação à nova moradia. Com a morte do corpo físico, a alma “volta a ser Espírito, isto é, retorna ao mundo dos Espíritos, que havia deixado momentaneamente” (4), conserva, porém, a sua individualidade (5) e manifesta-se no plano espiritual por meio do seu períspirito (6), ensinam os Espíritos orientadores. A integração no mundo espiritual está subordinada ao grau de evolução intelecto-moral do desencarnado e à natural associação que ele estabelece com os Espíritos afins, fato que lhe determina estado de felicidade ou de infelicidade.

O plano espiritual comporta várias regiões ou esferas vibratórias, nas quais os Espíritos se agrupam em comunidades ou cidades de pequeno, médio e grande porte, usualmente conhecidas como colônias espirituais. Tais planos de vida, segundo informações prestadas pelo Espírito André Luiz, podem ser genericamente classificados em quatro tipos:

  1. Regiões de sofrimento e de dor – habitadas por Espíritos que sofrem, muitos dos quais não se dão conta da situação em que se encontram. Revelam significativa imperfeição moral, expressa nos pensamentos emitidos, nas conversas e nos atos. São Espíritos portadores de viciações, algumas muito graves. Estão localizados em regiões denominadas abismais ou de sombras, em geral localizadas abaixo da crosta terrestre.
  2. Umbral – trata-se de uma vasta zona que se inicia na crosta terrestre, espécie de região purgatorial, caracterizada por grandes perturbações, decorrentes da presença de compactas legiões de almas irresolutas, ignorantes e desesperadas, em graus variados.7
  3. Comunidades devotadas ao bem – são constituídas de grupos de Espíritos ligados entre si por simpatias mútuas ou interesses comuns, cujos habitantes não só apresentam maior gradação de conhecimento e de moralidade, como são movidos pelo sincero desejo de fazer o bem, de auxiliar o próximo. Tais benfeitores são usualmente encontrados nas regiões abismais e no umbral auxiliando os necessitados de toda sorte, onde constroem instituições e organizações conhecidas como postos de auxílio.

As comunidades devotadas ao bem, organizadas em cidade/colônias, estão situadas acima do umbral, em regiões conhecidas como de transição, visto estarem localizadas entre as esferas inferiores e as superiores. Nosso Lar é um exemplo de colônia de transição.

  1. Regiões superiores estão localizadas acima das colônias de transição e representam moradias de Espíritos depurados, cujas ações estão diretamente relacionadas à melhoria da humanidade terrestre, como um todo. Continuamente inspiram encarnados e desencarnados ao progresso moral e intelectual. Quando reencarnam, assumem missões de melhoria geral da Humanidade, em todas as áreas do saber.

Marta Antunes

Referências:
(1) DENIS, Léon. O problema do ser, do destino e da dor. Rio de aneiro: FEB, 2008.1a parte, cap. X, p. 175;
(2) KARDEC, Allan.  O que é o espiritismo. Trad. Evandro Noleto Bezerra..2. ed. 2 imp. Brasília: FEB, 2014. Cap. III, q. 145, p. 128-129;
(3) ______. p. 129;
(4) _______. O livro dos espíritos. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 4. ed. 9 imp. Brasília: FEB, 2020. Q. 149, p. 111;
(5) ________. Q. 150, p. 111;
(6) ________. Q. 150-a, p. 111; e
(7) XAVIER, Francisco Cândido. Nosso lar.. Pelo Espírito André Luiz.  28. ed. 12. imp. Brasília: FEB, 2020. Cap. 12.

Marta Antunes de Moura
Marta Antunes de Moura

Coordenadora Nacional da Área de Unificação da Federação Espírita Brasileira (FEB) e Vice-presidente da FEB.

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