Comemorações, aniversários, dias festivos

Rogério Miguez
22/09/2024
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Há entre todos os homens do mundo moderno um costume digno de elogio, sem a menor dúvida, que, pela força das coisas, logo se verá transformado em norma. Quero vos falar dos aniversários e dos centenários! (1)

Com essas palavras, Allan Kardec, já desencarnado, deu início a uma mensagem intitulada Os aniversários, com base na qual aproveitamos para apresentar algumas notas sobre esse tema tão amplo e fascinante.

O objetivo do Codificador, naquela ocasião, foi destacar a importância de homenagens aos grandes benfeitores da Humanidade, bem como aos feitos significativos alcançados pelo esforço coletivo ou individual. Não há dúvida sobre a propriedade dessa prática e fazemos coro com ele, pois, como lembra André Luiz:

Aprendamos a não criticar a alegria dos outros. (2)

Entretanto, dilatando um pouco o tema, para abarcar outras situações semelhantes, comuns ao espírito humano, podemos refletir um tanto sobre as várias formas dos festejos.

Em princípio, não há nada que supere a celebração de um aniversário de mais um ano de existência: seja de nossa própria vida, de entes queridos, de instituições voltadas à prática do bem, como as ONGs e Casas Espíritas. São muitos os motivos para organizar festejos.

Raros não se emocionam nessas datas. Frequentemente, alguns se candidatam para preparar a comemoração, imaginar surpresas, confeccionar enfeites, comprar presentes, arranjar o local. São diversas as formas tradicionais e inesperadas de comemorar eventos ou datas especiais. Alegria, risos, abraços, tudo acontecendo simultaneamente, em nome do especial momento.

Todavia, quando mais um ano se completa, atestando a continuidade da existência de um ser humano ou de uma obra, é oportuno refletir e avaliar os feitos alcançados ao longo desse período, recém-encerrado.

Quais conquistas e realizações positivas foram concretizadas? Houve alguma lista de promessas ou metas no início do ano? Se afirmativo, quais foram cumpridas? Qual é a finalidade e o objetivo de nossa existência, para que e por qual razão estamos vivos? Já nos debruçamos, cuidadosamente, alguma vez, sobre essas questões?

Existem promessas e compromissos firmados antes de, mais uma vez, voltarmos para cá. Esquecidos desses acordos e, sem atentar ou perceber as intuições que nos são comunicadas pelos anjos da guarda, com o objetivo de reavivar reminiscências desses combinados, raros são aqueles que se detêm a meditar sobre os objetivos da nova existência.

Muitos percorrem, repetidamente, os anos sem sequer avaliarem se as suas jornadas evolutivas estão sendo produtivas para si mesmos e para os que os cercam: um familiar, por exemplo, o próximo mais próximo, algum colega de trabalho, os companheiros de lide espírita, a coletividade como um todo, pois não cultivam esse hábito salutar.

As datas natalícias são muito apropriadas para esse mister. São ocasiões recomendadas para dar uma trégua à mente, sempre tão atribulada com as questões do cotidiano, para pensar sobre qual o real motivo de se festejar a data. Apenas estar vivo, ainda existindo materialmente? Seria apenas isso?

Realmente, para a maioria, estar vivo é suficiente, pois muitos temem o fim da existência, acreditando que tudo se acabará. Nessa óptica, é motivo de muita alegria não ter sido visitado pela mão fria da morte.

Ora, se ainda estamos vivos, podemos e devemos ajuizar, em respeito a todos os que partilharam e ajudaram na nossa reentrada na Terra, indagando:

Se Deus nos convocasse hoje a retornar à pátria verdadeira, o que poderíamos apresentar de concreto? Quais benefícios proporcionamos? Em quais áreas do conhecimento melhoramos, desenvolvemos virtudes? Como seremos lembrados? Quem ajudamos? Será que cuidamos de nós mesmos?

Devemos festejar os avanços promovidos em nós e junto àqueles com quem mantemos vínculos. Particularmente, em família, podemos questionar:

Demos bons exemplos aos nossos filhos? Estamos sendo um bom pai ou uma boa mãe? Aproveitamos as oportunidades de estudo e crescimento, oferecidas pelos nossos pais? Temos sido bons esposos?

No que tange ao ambiente de trabalho:

Estamos cumprindo as nossas obrigações, atendendo às tarefas e aos compromissos exigidos, com fidelidade? Temos honrado o salário que recebemos do nosso empregador?

As verdadeiras comemorações deveriam estar lastreadas por bons atos, boas obras. Não sendo assim, apenas existimos por mais um ano, de forma irracional, semelhante aos integrantes dos reinos vegetal e animal.

Somos mais evoluídos do que os integrantes dos reinos inferiores. Alcançamos o reino hominal pelos nossos continuados esforços e, talvez, uma das reflexões mais importantes: se nos dizemos cristãos, devemos lembrar que Jesus espera algo a mais dos Seus discípulos. Então, por qual razão seguimos o Mestre de Nazaré? Apenas para nos dizermos cristãos nos formulários de pesquisas, aumentando as estatísticas dos religiosos?

Se estamos nas fileiras espíritas, a reflexão deve ser profunda, pois Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar suas inclinações más. (3)

Sendo assim, em nossas comemorações, seria de se esperar a pergunta: Que esforços temos feito buscando a nossa melhoria moral?

Ressalte-se que essas poucas reflexões deveriam seguir a mesma tônica, quando consideramos as Instituições Espíritas às quais nos vinculamos como colaboradores. Nesse campo, poder-se-ia ponderar:

O Centro tem atendido aos seus objetivos, tem cumprido a sua missão, registrada em seu Estatuto? Houve crescimento no número de frequentadores? Por outro lado, seria essa a razão da existência de uma Instituição Espírita? Os diversos trabalhadores vêm se comportando dentro das diretrizes doutrinárias? Estamos fazendo política partidária e buscando posições de comando dentro da Casa, de modo semelhante ao que se faz no ambiente do trabalho material? As atividades e o ambiente interno da Casa vêm se mantendo éticas e  moralizadas, ou pelos corredores ainda se sussurram intrigas ou maledicência, sobre esse ou aquele companheiro de lide espírita?

Entidades organizadas em nome do Espiritismo, voltadas a promover a união das Instituições Espíritas, também precisariam se avaliar em suas datas natalícias por parâmetros semelhantes:

O número de entidades espíritas filiadas vem aumentando? Existe algum acompanhamento se esses filiados seguem, de fato, os princípios formulados por Allan Kardec, no Pentateuco Espírita, ou estão sendo aceitas apenas para aumentar a estatística? Há verdadeira preocupação e ações em divulgar a Doutrina por meio de cursos, exposições, aulas e trabalhos em conjunto com os filiados? Se, porventura, promovem feiras e mantêm bancas de livros espíritas, estão sendo fiéis à literatura espírita, ou estão divulgando e vendendo livros não espíritas, de autoajuda, autoiluminação, entre outros, apenas visando fins econômicos?

Um novo ano de existência merece recolhimento para autoavaliação e debate íntimo, sobre os feitos dessa existência, tão desejada. Sabemos ser em torno de três ou quatro vezes maior o número de Espíritos desencarnados do que os hoje encarnados na Terra. É imensa a demanda por reencarnações, não havendo condições de atender a todas, de imediato, considerando a enorme fila.

Infelizmente, em muitas comemorações, percebe-se um vazio espiritual. Reúnem-se em grupos, há muito riso, música, nem sempre espiritualizada. O dia passa e não existe sequer uma prece de agradecimento a Jesus, que sempre vela por todos nós. Ou a qualquer Espírito benfeitor, ao dirigente espiritual da Casa, em se tratando de Instituição Espírita, com a agravante de que alguns Centros Espíritas desconhecem quem os dirige espiritualmente. Seguem a política de que ali as decisões e os comandos competem somente aos encarnados.

O esperado seria uma meditação profunda para avaliar se houve ou não progresso evolutivo em mais um ano findo. Aquilatar em quais aspectos podemos melhorar, fortalecer aqueles que se encontram bem encaminhados, propondo novos desafios, para bem aproveitar o tempo que nos resta.

Recordar que nosso dia chegará, quando seremos obrigados a dizer um Até breve, aos que permanecerão encarnados.

Lembremos mais uma vez: se Deus houvesse por bem nos convocar hoje, agora, neste momento, para retornar à vida espiritual, estaríamos prontos, com a consciência tranquila, para reencontrar face a face nosso anjo guardião e com ele avaliarmos as realizações da existência finalizada, os sucessos e os insucessos de mais uma pequena etapa de aprendizado?

Todos os motivos para festas dignas são respeitáveis, entretanto, a caridade é a mais elevada de todas as razões para qualquer festa digna. (2)

Festejemos! Afinal, esta é uma das muitas formas de Espíritos, no patamar evolutivo em que nos encontramos, expressarem o contentamento e o júbilo pelo passar do tempo. Contudo, lembremos de reservar uma especial acomodação, durante os festejos, para o nosso Guia e Modelo, Jesus.

Rogério Miguez

Referências:
(1) KARDEC, Allan. Revista Espírita: Jornal de Estudos Psicológicos. Ano 1869, v. 6. São Paulo: EDICEL, 1999. Comunicações de Allan Kardec. Os aniversários.
(2) XAVIER, Francisco Cândido. Sinal verde. Pelo Espírito André Luiz. Uberaba: CEC, 1995. cap. 42.
(3) KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. Brasília: FEB, 2008. cap. XVII, item 4.

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