
O Dia dos Mortos
Uma vez mais a convenção humana nos traz o dia de Finados, o chamado Dia dos Mortos.
Sobre a morte, transcrevemos abaixo o belíssimo texto do poeta Gibran Kahlil Gibran intitulado “A Morte”:
“Depois Almitra pediu:
Queríamos que falasses agora da Morte.
E ele respondeu: Vós conheceis o segredo da morte.
Mas como o encontrareis a menos que o procureis no âmago do coração?
O mocho cujos olhos noturnos são cegos para a claridade, não pode desvendar o mistério da luz.
Se quereis verdadeiramente conhecer o espírito da morte, abri o vosso coração até ao corpo da vida.
Pois vida e morte são uma só, tal como o são o rio e o mar.
Na profundeza dos vossos desejos e esperanças está a consciência silenciosa do além; e tal como as sementes que sonham sob a neve, também o vosso coração sonha com o desabrochar.
Confiai nos sonhos, pois neles está a porta para a eternidade.
O vosso medo da morte não é mais do que o temor do pastor quando se vê perante o rei que ergue a sua mão para o honrar.
E sob a sua tremura, não está feliz o pastor, por trazer em si a insígnia do rei?
E, no entanto, não está mais consciente do seu tremor?
Pois o que é morrer senão ficar nu ao vento e fundir-se com o sol?
E o que é deixar de respirar senão libertar a respiração das suas inquietações a fim de ela poder elevar-se e expandir-se até Deus?
Só quando beberdes do rio do silêncio sereis capazes de cantar.
E quando chegardes ao cimo da montanha, podereis então começar a subir.
E quando a terra reclamar o vosso corpo, então sereis verdadeiramente capazes de dançar.” (1)
Exala do poema a naturalidade com que deveríamos vivenciar nossa relação com a morte, e a vida transbordante no além.
A Doutrina Espírita nos ensina que a qualidade da vida no além sempre é consequência das nossas ações e valores, sentimentos e intenções, que distribuímos ao longo da vida física.
Independente da qualidade de vida no além, uma coisa é certa, esta separação é momentânea e está relacionada ao sentimento e emoção provocados pela separação física que a morte impõe.
Mais tempo, menos tempo, há de se encontrar com os que já se foram, ou ainda, com os que ficaram. É um ciclo natural com o qual precisamos nos acostumar, e mais fácil o será quanto mais estudarmos as lições da Doutrina Espírita, porque enquanto estivermos sujeitos aos ciclos da reencarnação sempre será uma questão de tempo, tanto para a vida, quanto para a morte, como nos afirma o livro do Eclesiastes:
“Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu.
Há tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de plantar, e tempo de arrancar o que se plantou;
Tempo de chorar, e tempo de rir; tempo de prantear, e tempo de dançar;
Todos vão para um lugar; todos foram feitos do pó, e todos voltarão ao pó.” (2)
Pensemos nisso.
Antônio Carlos Navarro
Referências:
(1) O Profeta, Gibran Kahlil Gibran; e
(2) Bíblia Sagrada, Velho Testamento, Eclesiastes 3:1-20
Nota do editor:
Publicado nesta Revista em 01-11-2016.
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