
A Revelação do Livro dos Espíritos
Quando Allan Kardec organizou a Codificação orientado pelo Espírito da Verdade, lança em 18 de abril de 1857, O Livro dos Espíritos. Esse livro nos ofereceu um conhecimento que rompeu com antigos paradigmas. Entre eles, o argumento do fim do princípio inteligente, que somos nós, após a morte do corpo físico.
A antiga ideia de que a morte representava o fim, começou a ser desmistificada por várias evidências comprovadas quase que a nível científico. O conhecimento espírita se opõe totalmente ao materialismo quando procura mostrar que a morte representa apenas uma mudança de padrão vibratório, em um dizer romanceado, uma mudança de endereço cósmico. Na medida que o espírito se liberta do corpo físico, passa a se comunicar mais livremente no plano espiritual com outros espíritos.
A grande questão que até hoje vem sendo discutida entre os materialistas e os espíritas, não chega a ser necessariamente a sobrevivência do espírito à morte do corpo físico, mas a pluralidade de vidas, defendida pelo Espiritismo. Em outras palavras, enquanto muitos acreditam apenas em uma única existência, o Espiritismo procura demonstrar a pluralidade de vidas, que desde a antiguidade já era conhecida e defendida por filósofos como Platão na Antiga Grécia, quando em um dos seus diálogos explicou:
“É certo que os vivos nascem dos mortos e os mortos tornam a nascer”.
“A alma, após se “desligar” do corpo, não morre como aquele, mas vive e volta a viver em outro corpo. Da mesma forma que do feio vem o belo, da justiça a injustiça e assim com tudo o mais, da morte vem a vida e da vida a morte. Um eterno ciclo, no qual um dá origem ao seu oposto”. (1)
Pelas reflexões de Platão, a ideia de vida após a morte era uma realidade, porém não entendiam o mecanismo que hoje conhecemos como reencarnação.
A unicidade de existência não oferece a oportunidade ao indivíduo que cometeu muitos erros, de se corrigir e reparar. Já com a pluralidade de existências físicas, todos tem a chance em uma nova encarnação corrigir as faltas cometidas.
No Livro dos Espíritos encontramos a explicação de Kardec quanto à possibilidade de ocorrer uma nova existência e como funciona a Justiça da Encarnação, segundo o Espírito da Verdade. Essa explicação espiritual nos oferece a chance de reparar falhas que se passaram há muito tempo em nossas existências.
Em que se funda o dogma da reencarnação?
A doutrina da reencarnação, isto é, a que consiste em admitir para o Espírito muitas existências sucessivas, é a única que corresponde à ideia que formamos da justiça de Deus para com os homens que se acham em condição moral inferior; a única que pode explicar o futuro e firmar as nossas esperanças, pois que nos oferece os meios de resgatarmos os nossos erros por novas provações. A razão no-la indica e os Espíritos a ensinam. (2)
Podemos observar que a grande questão é de fundo moral, pois quando não se segue um padrão de valores culturais, entramos em choque com crenças pré-estabelecidas e passamos a viver um modelo de vida diferente do convencional, nos tornando párias em redenção.
Com a possibilidade da pluralidade de vidas, o indivíduo tem esperança em remediar um mal cometido em uma vida futura, ficando em paz com sua consciência. Superando o sentimento de desconforto que é portador.
As leis que regem o processo de reencarnação vão nos oferecer oportunidades relativamente proporcionais ao mérito conquistado ao longo das últimas encarnações. O livro escrito por José Náufel faz uma análise paralela do Livro dos Espíritos procurando realizar uma releitura e afirma:
“A pluralidade das existências corpóreas constitui um dos mais importantes princípios básicos da Doutrina Espírita, o dogma da reencarnação. Dogma para o espírita é uma verdade primordial, aceita pela razão como um princípio básico, do qual decorrem outros princípios, ou corolários”. (3)
Romper com a crença do nada, após a morte do corpo físico ou de que apenas os eleitos herdarão o Reino dos Céus, modifica completamente o curso das nossas vidas. Permite termos uma releitura da nossa existência, sendo possível reprogramar nossa caminhada evolutiva de forma diferente da cultura que recebemos da nossa sociedade.
Nos afirma ainda José Náufel, que seria muita presunção afirmar que o Espírito poderia atingir a perfeição numa única encarnação. Aqueles que já conhecem o livro O Céu e o Inferno podem confirmar essas teorias sobre as dificuldades em superar as más inclinações para o espírito que precisa reencarnar, podemos perceber isso nos depoimentos dos exemplos das psicografias. (4)
As Leis Morais da Vida regem nosso processo de reparação e consequentemente de encarnação, dando a cada um, de acordo com suas verdadeiras possibilidades e necessidades, retornar ao plano físico, procurando em uma nova existência corpórea, corrigir os desvios e faltas cometidas. A grande revelação reside no rompimento do paradigma de que possuímos uma única chance, uma única vida, caso não sejam bem aproveitadas não teríamos como reparar, corrigir ou remediar.
Éder Andrade
Referências:
(1) Platão; Fédon; 3 – A Imortalidade da Alma: as provas no Fédon (Cap. 2º ao 7º); ‘Livro de domínio público’.
(2) Kardec, Allan; O Livro dos Espíritos; 2ª Parte – Cap. IV – Da Pluralidade das Existências; FEB.
(3) Náufel, José; Do ABC ao Infinito; 2ª parte – Cap. IV- Da Pluralidade das Existências – itens 1 ao 6; FEB.
(4) Kardec, Allan; O Céu e o Inferno; 2ª Parte – Exemplos; Capítulo IV – Espíritos sofredores – O castigo; FEB.
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