
A Lei da Adoração
Desde as eras mais remotas os seres humanos sempre temeram ou adoraram forças que lhes eram superiores, representando Deus nessas forças.
Na infância da humanidade intelectual o medo e a adoração se ligavam a coisas ou eventos físicos, como: a montanha, o vendaval, os raios e trovões. As coisas boas da vida também eram nomeadas como seres divinos a proteger-lhes a saúde, a caça, o bom tempo, a colheita.
Assim, esse medo ou temor passam a ser reverenciados de forma individual e coletiva, surgindo os rituais de adoração. Junto com eles emergem pessoas que se colocavam como intermediários entre os seres poderosos, os deuses e as pessoas, dando início às classes sacerdotais e aos rituais de adoração por elas estabelecidas e dirigidas.
Desta forma a interpretação da ligação da criatura com o Criador deu origem aos rituais e aos templos de pedras, bem como, às classes sacerdotais, através do tempo.
Jesus inaugura nova era, sua ligação com o Supremo Criador era do filho para com o Pai, isto é, adorava-O em espírito e verdade. Ele afirma: “Não se turbe o vosso coração. Crede em Deus, crede também em mim.” (João, 14-1).
Estabelece de forma objetiva e direta a possibilidade de a pessoa entrar em contato direto com Deus e com Ele. Seus ensinamentos não eram transmitidos em templos de pedras, nem através de rituais ou cerimônias, e sim no meio do povo. O Mestre Jesus ensinava para a igreja: assembleia pública, ou seja, para a ekklesia, no idioma grego ou ecclesia na língua latina. Portanto, a igreja como templo de pedras foi criação dos homens.
Com o Espiritismo surge uma nova era, a Filosofia Espírita trazida pelos Mentores Espirituais relembra a forma de adoração a Deus por Jesus e, com os novos tempos, esclarece e detalha essa forma de adoração. Na questão número 654, indagou Allan Kardec: “Tem Deus preferência pelos que o adoram desta ou daquela maneira?” E os espíritos responderam: “Deus prefere os que o adoram do fundo do coração, com sinceridade, fazendo o bem e evitando o mal, aos que julga honrá-lo com cerimônias que os não tornam melhores para com os seus semelhantes.” (1)
A adoração a Deus, conforme o Espiritismo tem uma ação na sociedade ou, de forma mais ampla, no planeta em que se vive, ou seja fazer o bem e evitar o mal. Esse conceito de adoração a Deus propõe não só a reforma íntima, chamada autoeducação, como a reforma da sociedade em seus padrões de egoísmo e orgulho, pelos quais se geram as desigualdades e as injustiças. O Espiritismo ajuda na compreensão das limitações humanas e na proteção divina, nunca impondo a submissão castradora, de inibição às potencialidades humanas. Pelo contrário, demonstra que a oração, ao aproximar a criatura do Criador, constitui-se numa possibilidade de estudo de si mesma. As boas ações são as melhores preces, por isso valem os atos mais do que as palavras.
Aylton Paiva
Referência:
(1) O livro dos espíritos, Allan Kardec, Ed. FEB, tradução Guillon Ribeiro, 3ª Parte – Das leis morais – I Da lei de adoração.
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