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A Grandeza do Amor – Joanna de Ângelis

setembro 1, 2015

Nunca, antes de Jesus, o amor alcançara a qualidade de que se reveste, nem fora propagado como recurso de valor inestimável para a vida.

Na legislação de todos os povos, desde a origem da sociedade terrestre, sempre houve a preocupação de estabelecer-se códigos de respeito aos deveres aos senhores, aos líderes de quaisquer expressões sem total submissão aos poderosos.

Severa e destituída de misericórdia, impunham punições compatíveis com a gravidade do delito, e, às vezes, maiores, tornando-se cruéis, como ainda hoje infelizmente sucede em muitas nações atrasadas ou consideradas desenvolvidas, tecnologicamente avançadas…

Quando se sentindo agredido o cidadão, normalmente abandona a roupagem exterior da educação social e age com tão perverso grau de insensibilidade emocional, que repugna a razão, tornando-se verdadeiro déspota nos períodos de guerra ou de quaisquer outros conflitos, nos quais os seus interesses egoísticos se encontrem em jogo.

Os servos, os camponeses, o povo em geral, os sofredores e miseráveis sempre ficaram à margem, relegados ao abandono, longe de qualquer compaixão ou misericórdia dos dominadores.

Utilizados para os serviços mais sórdidos ou encaminhados aos crimes mais hediondos, permaneceram desprezados por séculos sucessivos… e quase até hoje.

Desde Moisés a João, o batista, todos os profetas e condutores do povo, dito eleito por Deus, usavam do respeito pelo seu coetâneo e do ódio em relação àqueles que se poderiam transformar em possíveis adversários em ocasiões imprevisíveis…

Ocasionalmente tratavam bem ao estrangeiro, não lhe permitindo porém uma real integração na sua sociedade fechada e rica de privilégios…

O gentio era sempre mal visto pelos filhos de Deus que, nesse conceito, não é Pai das demais criaturas…

Noutros povos do Oriente, de igual maneira, os sentimentos eram equivalentes, variando entre a justiça parcial e acomodada aos deveres imediatos, quase sempre sem os correspondentes direitos de que todos devem desfrutar….

Gregos e romanos, decantando a própria cultura, na filosofia e na ética, na estética e na moral, na arte e na política, nos jogos e nas guerras, não diferiam muitos dos orientais que, em algumas vezes, se lhes apresentavam na condição de modelos a serem seguidos em razão da sua ancianidade.

Mesmo Sócrates, alcançando o elevado patamar da sapiência, exaltou a liberdade de pensamento e de ação, a moral, os deveres para com a sociedade, para com a pátria, em relação à sobrevivência espiritual, sem maior preocupação com o amor na sua profundidade extraordinária…

Platão e Aristóteles, seu discípulo respeitável, filosofaram com sabedoria, reflexionando com nobreza, mas não se afervorando ao amor capaz de dignificar a vida e libertar o ser humano em torno das suas mais grandiosas necessidades…

Os romanos, por sua vez, fizeram-se os deuses das guerras e seus filósofos sempre exaltavam os seus feitos, embora os estóicos se transformassem em lições vivas de respeito ao sofrimento, com exceção de Sêneca, aos 65 anos, após escrever com beleza incomum obras humanas, admiráveis, suicidando-se vergonhosamente…

As culturas e as civilizações sucederam-se como camadas de areia que se acumularam sob a ação dos ventos das experiências evolutivas, sem que fosse estabelecido o primado do amor, como sendo de essencial significado para a iluminação do ser humano, os seus relacionamentos sociais, equacionando as dificuldades que davam lugar às guerras lamentáveis, orientando para o valioso recurso da solidariedade e da fraternidade, que sempre devem viger entre todos.

Israel, naqueles dias, respirava ódio, suspeitas fundadas e não justificadas, traição, aparentemente abandonado por Deus, como ocorrera no passado, durante a servidão no Egito e na Babilônia ou nos períodos em que esteve seviciado por outros povos que lhe atravessaram as fronteiras frágeis…

Nesse clima espiritual de ódio e de opressão, nasceu Jesus, e se iniciou com Ele a era do amor, demonstrando que a sua força muda a direção moral do planeta e dos seus habitantes sem a necessidade da agressividade, do crime, da astúcia e da morte…

Erguendo-se na montanha exaltou, como jamais ocorrera antes nem volveria a acontecer outra vez, os pobres e os oprimidos, os fracos e os miseráveis, os perseguidos e os mansos, desde que se resolvessem por abraçar a justiça, o bem, o amor, nas inolvidáveis estrofes da sinfonia das bem-aventuranças.

Nessa ocasião, o amor de Deus alcançou as multidões que se sentiam desprezadas e esquecidas, e Sua voz salmodiou com esperanças e consolações através de Jesus, em favor de todos aqueles que eram tidos como rebotalhos, sendo que alguns deles sequer constavam nas anotações do Livro dos Vivos…

Não se tratava porém de um amor piegas ou exaltado, mas de um sentimento de ternura infinita e de solidariedade incessante, de forma que desaparecesse a distância que os separava dos demais cidadãos respeitáveis, dos eleitos por Deus…

Não se concentrou apenas nessa diretriz, indo mais além, conclamando ao amor pelos inimigos, malfeitores, perseguidores, dando origem a uma visão psicológica especial jamais dantes percebida.

Nesse amor aos ingratos e perversos, aos insanos pela inveja e insensatos, Jesus demonstrou a excelência do sentimento que felicita aquele que o possui, tornando-o realmente feliz, embora sendo a vítima e por isso mesmo.

O inimigo é um enfermo da alma, é alguém perdido em si mesmo, que não se respeita e, por esta razão, se detesta, incapaz de vencer a mesquinhez em que se refugia e a inferioridade moral de que se dá conta, transferindo essa desdita para outrem, aquele que lhe é melhor, que considera acima do seu patamar, comprazendo-se em malsiná-lo, infelicitá-lo, seguindo-o com fúria animal…

Bem compreendido e amado, o inimigo torna-se um benfeitor daquele que lhe padece a insânia.

Primeiro, porque se faz mecanismo de resgate dos erros transatos cometidos contra a vida, que lhe pesam negativamente na economia moral-espiritual. Em segundo lugar, por saber que o adversário vigia-o, segue-o, destila vibrações deletérias na sua direção, que somente assimila se entrar em sintonia com as mesmas, revidando-as com igual sentimento.

Assim vigiado, ouve a catilinária das acusações que lhe são feitas e averígua a sua legitimidade ou não, retificando-se naquilo que mereça correção e não considerando o que seja destituído de fundamento.

Sem afligir-se com a injustiça, alegra-se por poder compreender o estágio em que o inimigo se encontra e as razões porque o persegue.

O amor aos criminosos é de alta magnitude pelo sentido de compaixão de que se faz acompanhar, refrigerando a alma que o preserva.

Teste valioso de auto descobrimento, coroa os esforços íntimos em favor da paz e da felicidade de todos, começando pelo adversário.

Ninguém antes concedeu ao amor a glória que merece, por ser a alma do Universo no pulsar do pensamento divino, senão Jesus.

Vinculando todos os seres sencientes o amor expande-se na direção de todas as coisas, mesmo as inertes, ensejando alegria de viver e razões para lutar.

Pela sua extraordinária qualidade moral, Jesus viveu-o e fez-se o Amor-não-amado, que nunca cessa de amar.

Tenta, portanto, o amor, em qualquer situação, quando falhem as outras técnicas de comportamento, e nunca mais deixarás que ele esmaeça em tua mente e no teu coração.

Joanna de Ângelis
Página psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco, na reunião mediúnica da noite de 12 de novembro de 2007, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia.

Francisco Rebouças
Francisco Rebouças

Pós-Graduado em Administração de Recursos Humanos, Professor, Escritor, Articulista de diversos veículos de divulgação espírita no Brasil, Expositor Espírita, criador do programa: "O Espiritismo Ensina".

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