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O cartaz do Centro (títulos e cargos à luz da Doutrina Espírita)

março 25, 2016

marcio_costa_300x300Ambrósio e Carlinhos conversavam no corredor do Centro sobre o cartaz que queriam confeccionar para divulgar a vinda de um conhecido palestrante Espírita. Enquanto Ambrósio, como Presidente da Casa, sugeria apenas que fossem inseridas imagens relacionadas ao tema e as informações necessárias do evento, Carlinhos, membro da Diretoria, por outro lado, mostrava-se irredutível:

– Ambrósio, não é um expositor qualquer. Temos que fazer um cartaz à altura do ilustre convidado!

– Então, Carlinhos, o que você sugere? – perguntou Ambrósio com muita tranquilidade.

– O cartaz não deve se limitar às informações básicas. Vamos inserir o currículo completo. Irá chamar bem mais a atenção. O nosso amigo é portador de diversos títulos e encargos de tamanha relevância para a sociedade. Como doutor escreveu livros e diversos trabalhos. Além disso, é sempre convidado a participar de vários eventos Espíritas. Uma verdadeira sumidade! – respondeu Carlinhos gesticulando impaciente com as mãos.

Percebendo a insistência e o nervosismo do confrade, o qual já se fazia perceber pelos demais colaboradores que transitavam nas proximidades, Ambrósio resolveu não escalar a tensão da conversa e finalizou:

– Nobre amigo. Entendo a sua insistência, mas penso que devemos buscar soluções mais simples para a nossa divulgação. Faça da melhor forma, conforme julgado oportuno à causa pela sua consciência. Em outra ocasião conversaremos mais a respeito.

Satisfeito com a resposta, Carlinhos correu para fazer o cartaz do jeito que ele queria.

* * *

Não é difícil encontrar cartazes no movimento Espírita elaborados por tantos outros Carlinhos, além deste personagem criado para ilustrar um fato real. Na ânsia de fazermos o melhor em prol das atividades, por vezes não percebemos deslizes sutis que podem chamar mais a atenção do que a própria Doutrina.

Há também outros exemplos que envolvem situações similares. Na abertura de palestras e congressos ouvimos, às vezes, o dirigente dos trabalhos apresentar os convidados pelos títulos adquiridos em escolas ou pelos cargos que ocupam. Nas telas mentais de muitos ouvintes, tais adjetivos assumem o papel de um rótulo para a qualidade do trabalho a ser apresentado. Se o palestrante é alguém influente, famoso, um “doutor”, o pré-conceito já leva a crer que o evento será ótimo e a Casa fica lotada. Por outro lado, conduzido por um anônimo, alguns dispersam ou mesmo nem prestigiam o esforço realizado pelo trabalhador em levar o melhor conteúdo possível para a tribuna.

Nossos títulos e cargos não representam a envergadura moral que trazemos na bagagem. São conquistas adquiridas no mérito da vida terrena e se encerrarão após o último suspiro. No além-túmulo, a nossa conduta moral, aliada aos progressos intelectuais realizados, é que ditará a condição na qual seremos qualificados.

Logo, influente ou sem prestígio, famoso ou anônimo, doutor ou aprendiz, não são medidas para quem sobe em uma tribuna ou assume um determinado papel no movimento Espírita. O que importa é que o conteúdo oferecido pelo trabalhador esteja alinhado com as leis morais e possua conhecimentos dignos pautados no estudo aprofundado em fontes respeitáveis, procurando se afastar da vaidade, do orgulho e do egoísmo.

Desde os envolvimentos mais simples às tarefas de maior vulto conduzidas no movimento Espírita devemos sempre procurar selecionar “com ponderação e bom senso” os meios utilizados. O emprego inadequado de certos recursos ou procedimentos inapropriados podem induzir nas projeções mentais de terceiros conceitos diferentes dos propostos nas bases do Consolador Prometido (VIEIRA; LUIZ, 2012).

O melhor título ou cargo atribuído a um trabalhador nos movimentos cristãos será aquele que o envolver naturalmente na luz, na paz e no amor do Divino Pai.

Márcio Martins da Silva Costa

 

Referência:
VIEIRA, W.; LUIZ, A. Conduta Espírita. 32a. ed. Brasília (DF): Federação Espírita Brasileira, 2012.

Nota do editor:
Imagem ilustrativa e em destaque adaptada da disponível em
<http://astronomiareal.blogspot.com.br/2016/01/por-que-vemos-o-ceu-azul_22.html>.
Acesso em: 25MAR2016.

Márcio Costa
Márcio Costa

Membro do Conselho Editorial da Agenda Espírita Brasil, atua na divulgação da Doutrina Espírita escrevendo textos e realizando palestras.

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